Músicos famosos se encontram bastante e, não raramente, tocam juntos. Quase sempre de maneira improvisada em um show, ou para algum programa televisivo. Mas, em alguns casos, essas parcerias acabam rendendo algo mais: um concerto, ou turnê, ou um disco. Neste #TBT relembramos alguns desses casos, alguns muito conhecidos e outros nem tanto:
Lou Reed e Metallica - 2011
Comecemos com a mais polêmica das uniões: Lou Reed (morto em 2013 aos 71 anos) com o Metallica. Difícil pensar em parceria mais inusitada, mas se teve uma coisa que Reed sempre fez em sua carreira foi desafiar público e jornalistas. Daí a sua ideia de chamar o quarteto de metal para acompanhá-lo no denso, e ainda incompreendido, "Lulu", de 2011.
Para a banda, conhecida por passar anos gravando um disco, foi uma chance de entrar em um novo esquema de trabalho. Reed, ao contrário, sempre preferiu fazer registros rápidos, sem se preocupar em atingir uma suposta perfeição, preferindo a espontaneidade dos primeiros takes. Obviamente que houve muita bateção de cabeça (sem trocadilhos) no estúdio, mas o disco ficou pronto.
Infelizmente, nem os fãs do cantor, e muito menos da banda, gostaram do resultado final, e o trabalho - o derradeiro de sua brilhante carreira - foi ferozmente criticado. Hoje, "Lulu" já começa a ser reavaliado, ainda que devagar. David Bowie dizia que no futuro ele seria compreendido como a obra-prima que era. Esse dia ainda pode não ter chegado, mas já se sente uma vontade maior para essa junção de riffs pesados, letras declamadas e clima extremamente sombrio.
Paul McCartney no Cavern Club - 1999
Ser um ex-Beatle certamente abre portas para colaborações e parcerias com, praticamente, qualquer músico do planeta, seja de qual estatura. E todos eles fizeram uso desse "poder" em algum momento de suas carreiras pós banda.
John Lennon tinha Eric Clapton ao seu lado em seu primeiro concerto solo. O guitarrista também auxilaria George Harrison décadas depois, ao simplesmente emprestar a sua banda para que ele fizesse alguns shows no Japão.
Ringo Starr tem a sua famosa "All Starr Band", com membros flutuantes, mas todos famosos e com direito a tomar o centro do palco durante os shows para cantarem dois de seus hits.
Paul McCartney, no geral, sempre gostou mais de trabalhar com músicos desconhecidos - o conceito de "supergrupo" nunca o animou muito. Mas, ao menos uma vez, ele quebrou essa regra. Foi em 1999, quando ele se despediu do século 20 em sua faceta mais descompromissada e rock and roll.
O álbum "Run Devil Run", composto por covers de rock dos anos 50 e algumas músicas originais feitas nesse espírito, foi a forma que ele encontrou para lidar com o luto por sua esposa Linda McCartney. A banda acompanhante tinha ninguém menos que David Gilmour, do Pink Floyd, na guitarra e o baterista Ian Paice, do Deep Purple.
Macca achou que aquela era a ocasião perfeita para, finalmente, voltar ao Cavern Club em Liverpool. E assim foi feito, em dezembro de 1999, ao lado de seus parceiros, ele tocou naquele lugar minúsculo onde, nos anos 60, ele deu início a sua incrível trajetória.
Ellen Foley e seu álbum com o The Clash - 1981
Certamente o item mais obscuro desta seleção, o álbum "Spirit Of St. Louis" foi daqueles que sumiram do radar tão logo quanto saiu. Algo difícil de pensar que tenha ocorrido com um disco onde a banda que acompanha a cantora é simplesmente o The Clash. O motivo para isso? Foley namorava o guitarrista Mick Jones e estava sempre junto do quarteto.
"St. Louis" saiu em 1981 e foi gravado logo depois das sessões do álbum triplo "Sandinista", lançado pela banda no ano anterior. Metade de suas faixas são composições de Joe Strummer com Jones, mais um motivo para qualquer fã do Clash correr para conhecê-lo.
Foley andou sumida, ela também passou a trabalhar como atriz, mas está voltando agora em 2021, com um novo álbum. As duas mais importantes revistas musicais do Reino Unido: Mojo e Uncut, publicaram matérias com ela em suas edições mais recentes.
A Noite em Preto e Branco de Roy Orbison - 1987
Grande herói dos primeiros anos do rock, Orbison explodiu com suas baladas dramáticas e também com "". Nos anos 80, ele estava meio esquecido e tinha vivido uma série de tragédias pessoais. Ele seria "resgatado" em 1987, quando teve início o seu período de renascimento artístico e cultural.
O show abaixo é um grande exemplo de como ele era querido. Feito para a televisão, ele traz o cantor contando com uma banda de apoio formada por Elvis Costello, Bruce Springsteen, Jackson Browne, Tom Waits e outros nomes do primeiro time da música.
Orbsion ainda seria convidado para se juntar aos Travelling Willburys (o supergrupo que tinha George Harrison, Bob Dylan, Jeff Lynne e Tom Petty na formação) e gravou um bem cuidado álbum solo. Quando o mundo parecia lhe sorrir novamente, o destino interviu de novo, na forma de um ataque cardíaco que nos privou precocemente de seu talento. Orbison morreu, aos 52 anos, em dezembro de 1988. Seu último disco de estúdio, "Mystery Girl", também com muitos astros lhe acompanhando, saiu um mês depois.
A união de Neil Young e o Pearl Jam
No início dos anos 90, Young voltou a lançar uma série de grandes álbuns que o apresentaram a um novo público e fizeram dele um dos artistas de maior credibilidade daquele período. Melhor ainda para ele, foi ressurgir exatamente quando muitas bandas empunhando guitarras altas e vestindo camisas de flanela tomaram de assalto o mercado do rock global.
Young logo passou a ser chamado de "padrinho do grunge" e forjou amizades com alguns de seus principais protagonistas, incluindo Kurt Cobain, do Nirvana.
Foi com o Pearl Jam que essa amizade se tornou mais frutífera. O canadense convidou a banda para gravar com ele seu próximo disco e eles toparam. Nascia assim o álbum "Mirrorball", que, por questões contratuais, saiu sem menção ao PJ em sua capa, não que fosse necessário, já que, àquela altura, todo mundo já sabia do que se tratava aquele CD com capa parecida com uma caixa de papelão e o desenho de um globo espelhado.
Ainda que esteja um pouco esquecido, "Mirrorball" é um disco divertido e relaxado. É também, até hoje, um de seus trabalhos que melhor se deram na parada da Billboard, perdendo apenas para o blockbuster "Harvest", seu único número 1 (1972), e para o pouco lembrado "Americana"(n° 4 em 2012).
Lou Reed e Metallica - 2011
Comecemos com a mais polêmica das uniões: Lou Reed (morto em 2013 aos 71 anos) com o Metallica. Difícil pensar em parceria mais inusitada, mas se teve uma coisa que Reed sempre fez em sua carreira foi desafiar público e jornalistas. Daí a sua ideia de chamar o quarteto de metal para acompanhá-lo no denso, e ainda incompreendido, "Lulu", de 2011.
Para a banda, conhecida por passar anos gravando um disco, foi uma chance de entrar em um novo esquema de trabalho. Reed, ao contrário, sempre preferiu fazer registros rápidos, sem se preocupar em atingir uma suposta perfeição, preferindo a espontaneidade dos primeiros takes. Obviamente que houve muita bateção de cabeça (sem trocadilhos) no estúdio, mas o disco ficou pronto.
Infelizmente, nem os fãs do cantor, e muito menos da banda, gostaram do resultado final, e o trabalho - o derradeiro de sua brilhante carreira - foi ferozmente criticado. Hoje, "Lulu" já começa a ser reavaliado, ainda que devagar. David Bowie dizia que no futuro ele seria compreendido como a obra-prima que era. Esse dia ainda pode não ter chegado, mas já se sente uma vontade maior para essa junção de riffs pesados, letras declamadas e clima extremamente sombrio.
Paul McCartney no Cavern Club - 1999
Ser um ex-Beatle certamente abre portas para colaborações e parcerias com, praticamente, qualquer músico do planeta, seja de qual estatura. E todos eles fizeram uso desse "poder" em algum momento de suas carreiras pós banda.
John Lennon tinha Eric Clapton ao seu lado em seu primeiro concerto solo. O guitarrista também auxilaria George Harrison décadas depois, ao simplesmente emprestar a sua banda para que ele fizesse alguns shows no Japão.
Ringo Starr tem a sua famosa "All Starr Band", com membros flutuantes, mas todos famosos e com direito a tomar o centro do palco durante os shows para cantarem dois de seus hits.
Paul McCartney, no geral, sempre gostou mais de trabalhar com músicos desconhecidos - o conceito de "supergrupo" nunca o animou muito. Mas, ao menos uma vez, ele quebrou essa regra. Foi em 1999, quando ele se despediu do século 20 em sua faceta mais descompromissada e rock and roll.
O álbum "Run Devil Run", composto por covers de rock dos anos 50 e algumas músicas originais feitas nesse espírito, foi a forma que ele encontrou para lidar com o luto por sua esposa Linda McCartney. A banda acompanhante tinha ninguém menos que David Gilmour, do Pink Floyd, na guitarra e o baterista Ian Paice, do Deep Purple.
Macca achou que aquela era a ocasião perfeita para, finalmente, voltar ao Cavern Club em Liverpool. E assim foi feito, em dezembro de 1999, ao lado de seus parceiros, ele tocou naquele lugar minúsculo onde, nos anos 60, ele deu início a sua incrível trajetória.
Ellen Foley e seu álbum com o The Clash - 1981
Certamente o item mais obscuro desta seleção, o álbum "Spirit Of St. Louis" foi daqueles que sumiram do radar tão logo quanto saiu. Algo difícil de pensar que tenha ocorrido com um disco onde a banda que acompanha a cantora é simplesmente o The Clash. O motivo para isso? Foley namorava o guitarrista Mick Jones e estava sempre junto do quarteto.
"St. Louis" saiu em 1981 e foi gravado logo depois das sessões do álbum triplo "Sandinista", lançado pela banda no ano anterior. Metade de suas faixas são composições de Joe Strummer com Jones, mais um motivo para qualquer fã do Clash correr para conhecê-lo.
Foley andou sumida, ela também passou a trabalhar como atriz, mas está voltando agora em 2021, com um novo álbum. As duas mais importantes revistas musicais do Reino Unido: Mojo e Uncut, publicaram matérias com ela em suas edições mais recentes.
A Noite em Preto e Branco de Roy Orbison - 1987
Grande herói dos primeiros anos do rock, Orbison explodiu com suas baladas dramáticas e também com "". Nos anos 80, ele estava meio esquecido e tinha vivido uma série de tragédias pessoais. Ele seria "resgatado" em 1987, quando teve início o seu período de renascimento artístico e cultural.
O show abaixo é um grande exemplo de como ele era querido. Feito para a televisão, ele traz o cantor contando com uma banda de apoio formada por Elvis Costello, Bruce Springsteen, Jackson Browne, Tom Waits e outros nomes do primeiro time da música.
Orbsion ainda seria convidado para se juntar aos Travelling Willburys (o supergrupo que tinha George Harrison, Bob Dylan, Jeff Lynne e Tom Petty na formação) e gravou um bem cuidado álbum solo. Quando o mundo parecia lhe sorrir novamente, o destino interviu de novo, na forma de um ataque cardíaco que nos privou precocemente de seu talento. Orbison morreu, aos 52 anos, em dezembro de 1988. Seu último disco de estúdio, "Mystery Girl", também com muitos astros lhe acompanhando, saiu um mês depois.
A união de Neil Young e o Pearl Jam
No início dos anos 90, Young voltou a lançar uma série de grandes álbuns que o apresentaram a um novo público e fizeram dele um dos artistas de maior credibilidade daquele período. Melhor ainda para ele, foi ressurgir exatamente quando muitas bandas empunhando guitarras altas e vestindo camisas de flanela tomaram de assalto o mercado do rock global.
Young logo passou a ser chamado de "padrinho do grunge" e forjou amizades com alguns de seus principais protagonistas, incluindo Kurt Cobain, do Nirvana.
Foi com o Pearl Jam que essa amizade se tornou mais frutífera. O canadense convidou a banda para gravar com ele seu próximo disco e eles toparam. Nascia assim o álbum "Mirrorball", que, por questões contratuais, saiu sem menção ao PJ em sua capa, não que fosse necessário, já que, àquela altura, todo mundo já sabia do que se tratava aquele CD com capa parecida com uma caixa de papelão e o desenho de um globo espelhado.
Ainda que esteja um pouco esquecido, "Mirrorball" é um disco divertido e relaxado. É também, até hoje, um de seus trabalhos que melhor se deram na parada da Billboard, perdendo apenas para o blockbuster "Harvest", seu único número 1 (1972), e para o pouco lembrado "Americana"(n° 4 em 2012).