O Vagalume traz, hoje, o seu tradicional ranking que compila o que seria um consenso da crítica internacional sobre quais foram os grande discos lançados no ano. O resultado abaixo foi conseguido após a análise de 15 listas publicadas por veículos americanos e ingleses. A grande maioria deles costuma fazer um ranking com 50 discos, mas há variações neste número para mais (o All Music Guide escolhe 100) ou menos (a Spin, com 30). No final, há apenas uma certeza: "Fetch The Bolt Cutters", o quinto álbum de Fiona Apple, foi o álbum mais bem avaliado pelos críticos, com larga vantagem.
Ao lado de "Punisher", de Phoebe Bridgers (acima), ele foi o único que apareceu em todos os rankings. A diferença é que o trabalho de Apple ficou em primeiro lugar em, nada menos, que sete listas, e em outras quatro, ele apareceu na segunda posição. O de Bridgers ficou em primeiro no ranking da Popmatters.
"Fetch...", desde o seu lançamento, chamou muita a atenção, chegando a atingir por algum tempo uma rara média 10 no Metacritic. Isso, mesmo ele se mostrando um trabalho mais experimental e nada imeditato - aquele clássico caso de disco que vai se desvendando mais e mais a cada audição, já que a sua sonoridade, com a percussão e piano em primeiro plano, é totalmente fora dos padrões.
Voltando ao nosso ranking, ele é composto por 21 trabalhos que entraram em pelo menos oito listas, independentemente da posição, ou que ficaram em primeiro lugar em alguma delas, mais uma "menção honrosa". Esta, foi um dos álbuns feitos pelo misterioso coletivo inglês SAULT. O grupo lançou dois discos nos últimos meses. "Untitled (Black Is)" encabeçou o top 50 da NPR e surgiu em seis outras listas. "Untitled (Rise)" também foi lembrado em cinco listagens. Como se tratam de discos "irmãos", e muito recomendados para fãs de música negra em todas as suas variantes, incluímos os dois na relação.
O resultado final mostra um ano bem variado com música para todos os gostos. Além de Apple e Bridgers, HAIM, Waxahatchee e Soccer Mommy mostraram que o indie vive uma ótima fase, e aberto para diveras influências e enfoques.
Entre os nomes mais populares, "folklore", de Taylor Swift (11 listas, sendo dois primeiros lugares), e "Future Nostalgia", de Dua Lipa (13 listas), foram os grandes nomes que conseguiram a rara unanimidade de público e crítica.
Completam a lista os discos de Fleet Foxes e Jason Isbell, mostrando que ainda há espaço para ser explorado com os formatos tradicionais da música americana, o rock musculoso e contundente do Fontaines D.C., o pop dançante de Jessie Ware, um aceno à tomada do mainstream norte-americano pela música latina na figura do porto-riquenho Bad Bunny e dois novo nomes que merecem muita atenção: Rina Sawayama com sua inusitada mistura de pop, electro e riffs de rock pesado, e Bartees Strange, um artista negro que está trazendo elementos novos para o mundo tradicionalmente branco da música alternativa, com resultados muito animadores.
Os veículos que entraram na pesquisa foram os seguintes: da Inglaterra, as revistas Mojo e Uncut, o ex-semanário NME (que sobrevive online) e o diário The Guardian (que colocou Apple no topo de sua lista). Dos EUA foram considerados Billboard, Rolling Stone (que colocaram Swift em primeiro), AllMusic (que não coloca os disco em ordem de preferência), NPR e PopMatters, mais Spin, Pitchfork, Paste, Slant, Consequence Of Sound e Stereogum (esses seis também colocaram "Fetch The Bolt Cutters" no número 1).