Peter Green, morto no sábado (25), aos 73 anos, foi um dos maiores guitarristas da história do rock. Green viveu uma vida complexa, assombrado por problemas mentais que levaram a uma carreira acidentada a partir de 1970, quando deixou o Fleetwood Mac, a banda que ajudou a fundar, já com claros sinais de que não estava nada bem - foi quando o músico, entre outras coisas, começou a doar todo o seu dinheiro, por achar que não deveria ganhar por sua arte.

Green surgiu para o grande público em 1967 quando entrou para os Bluesbreakers de John Mayall, substituindo ninguém menos que Eric Clapton. Sua estada na banda foi curta. assim como Clapton ele gravou apenas um álbum com eles, "A Hard Road", e logo ele deixaria a banda, levando também o baixista John Mc Vie para formar o FM , que inicialmente se chamava "Peter Green's Fleetwood Mac".
Peter Green

A banda se torna uma das mais bem sucedidas do blues rock inglês, e Green passa a ser saudado por seu lirismo e talento único no instrumento. BB King, em certa ocasião, disse que Green era o único músico daquela geração de ingleses que tocava blues que lhe causava arrepios.

Sob a sua liderança, o Mac gravou três álbuns, os dois primeiros calcados totalmente no blues, e o terceiro, "And Then Play On", já mostrando a banda se abrindo em outras direções, graças a entrada de mais um guitarrista na formação: Danny Kirwan.
Peter Green

Sem Green, o Fleetwood Mac viveria anos de incerteza, com constantes mudanças em sua sonoridade e formação, até se tornarem uma das mais populares bandas da história. Foi quando os americanos Lyndsey Buckingham e Stevie Nicks se juntaram ao grupo que passou a fazer um som mais radiofônico, e igualmente de grande qualidade.

Green, viveria anos de reclusão, com eventuais voltas aos estúdios, até um retorno mais consistente nos anos 90. Ele tem uma série de discos solo ou gravados com o Peter Green Splinter Group , o mais recente deles lançado em 2003.

O músico foi devidamente celebrado em vida. Em 1995, a revista britânica Mojo o elegeu o terceiro melhor guitarrista da história, enquanto a Rolling Stone também o destacou em um ranking semelhante. A última grande homenagem aconteceu em fevereiro deste ano quando seu antigo colega, o baterista Mick Fleetwood, organizou um grande concerto em sua homenagem com as presenças de, entre outros, David Gilmour, John Mayall, Steven Tyler, do Aerosmith, e Kirk Hammet, do Metallica, prestando tributo ao artista. Hammet é o atual proprietário da Gibson Les Paul 1959 que foi de Green, e posteriormente de outro grande nome do blues inglês: Gary Moore. Segundo a nota oficial, Peter Green morreu calmamente durante o seu sono.
Peter Green

Ouça alguns de seus grandes momentos como parte do Fleetwood Mac:

"Dust My Broom" - 1968

Essa cover de Elmore James era um dos destaques do primeiros shows da banda e, mais ainda nos shows. Essa versão ao vivo mostra o grupo em grande entrosamento, especialmente entre Green e o outro guitarrista, o também excelente Jeremy Spencer.



Black Magic Woman" - 1968

Se nos álbuns o FM se mostrava fiel ao blues tradicional, nos singles eles se abriam para outros caminhos sonoros, vide esse compacto de 1968, o primeiro deles a entrar na parada britânica e que viraria um enorme sucesso na versão feita em 1970 por Santana:



"Albatross" - 1968

Esse instrumental climático e de grande beleza se tornou, talvez inesperadamente, o primeiro single deles a chegar ao topo da parada:



"Oh Well" - 1969

Grande clássico do hard rock, essa chegou ao segundo lugar nos EUA e também entrou no top 100 dos EUA:



"Man Of The World" - 1969

A grande obra-prima de Green foi essa balada com uma letra desoladora e que já mostra que o músico está passando por uma série crise pessoal (especialmente quando ele diz que preferia não ter nascido). A música chegou ao segundo lugar no Reino Unido:



"The Green Manalishi (With The Two Prong Crown)" - 1970

A última gravação de Green na banda (descontando duas participações especiais não creditadas em álbuns posteriores) foi esse grande momento que apontava um futuro promissor para ele e o grupo. Uma canção pesada, mas igualmente lírica e experimental. O Judas Priest a regravou em 1979 e fez dela uma de suas músicas mais emblemáticas.