Em sua mais recente edição, a Rolling Stone americana reuniu músicos de duas gerações diferentes para uma conversa. Entre os encontros, Lana Del Rey falou com Elton John, Billie Joe Armstrong do Green Day conheceu Billie Eilish e Dave Grohl dos Foo Fighters, e ex-baterista do Nirvana, teve a chance de bater um papo com o ex-Beatle Ringo Starr.

Os dois têm muito em comum: começaram tocando bateria e depois foram para a frente do palco, estiveram em bandas que mudaram a história do rock e também enfrentaram a morte trágica de um colega de banda. Grohl precisou lidar com o suicídio de Kurt Cobain em 1994, quando o Nirvana ainda estava na ativa e com apenas três discos de estúdio lançado. Ainda que os Beatles já estivessem separados há dez anos quando John Lennon foi assassinado em dezembro de 1980, a amizade entre o guitarrista e Ringo sempre permaneceu forte.

Em um momento da entrevista, Starr falou sobre como recebeu a notícia da morte de Lennon. "Quando John partiu, eu estava nas Bahamas. E recebi primeiro um telefonema dos meus filhos de Los Angeles dizendo: "Algo aconteceu com John". E então eles ligaram novamente e disseram: "John está morto". E eu não sabia o que fazer. E ainda hoje eu vou às lágrimas porque um bastardo atirou nele. Mas eu apenas disse: "Temos que pegar um avião". Nós pegamos um avião para Nova York e você não tem ideia sobre o que pode fazer. Nós fomos para o apartamento de John e Yoko. "Há algo que podemos fazer?” E Yoko apenas disse: “Bem, apenas brinque com o Sean (Lennon, o filho do casal). Mantenha Sean ocupado. E foi isso que fizemos. É isso que você pensa: 'O que fazer agora?''"

Grohl também falou sobre a morte de Cobain e lembrou que logo depois do fato ele se afastou por completo da música. "Eu sequer ligava o rádio", conta. "Mas, com o tempo, eu percebi que a música era a única coisa que realmente fazia com que me sentisse melhor. e que ela iria me ajudar a passar por isso. Então comecei a escrever canções e gravá-las sozinho."

Dave conta que também existe a dificuldade de lidar com o fato de que aquela pessoa que era sua amiga e próxima na vida real se tornou mais que um mero ser humano na visão dos outros. "Então você vai dar uma entrevista e te perguntam essas questões super emocionais, que você jamais perguntaria a outro desconhecido. 'Como você se sentiu quando seu irmão morreu?' Não é algo que você diria para alguém que acabou de encontrar. Então foi difícil por um tempo, mas percebi que era importante para mim seguir com a minha vida e o que salvou a minha vida foi a música."