O Brasil mudou bastante entre o primeiro e o segundo Rock in Rio, acontecido em janeiro de 1991, seis anos depois da primeira edição. Se antes era raro recebermos shows internacionais por aqui, depois eles se tornaram mais comuns, ainda que longe daquele clichê do " e então finalmente o Brasil entrou na rota das grandes turnês" - basta lembrar que ainda levaria um tempo para vermos U2, Madonna ou Michael Jackson (ao menos em sua versão adulta pós "Thriller") por aqui.

Por outro lado, o festival ajudou, e muito, na explosão do rock brasileiro que se veria a partir de 1985 e teria o seu auge no ano seguinte, com Titãs, RPM, Legião Urbana e os Paralamas do Sucesso (estes últimos os únicos que tocaram no primeiro Rock in Rio) elevando, e muito, o nível artístico e comercial da nossa música jovem.

Ainda assim, só tivemos outro grande festival em 1988, ano do Hollywood Rock, que trouxe ao país, entre outros, Pretenders, Simple Minds e Duran Duran e consagrou os Titãs como grande banda ao vivo, com um show que foi tido como o melhor de todo o evento.

O segundo Rock in Rio de cara pareceu um pouco menos charmoso que o primeiro por ter sido feito no estádio do Maracanã e não na Cidade do Rock. A escalação também se mostrava mais aberta e prenunciava a mistura de estilos que veríamos dali para a frente. Tivemos muito rock é claro, mas também uma boy band (O New Kids On The Block, na época um dos maiores nomes da música pop), o rap do Run DMC, a dance music do Deee Lite e Information Society, o indie dos Happy Mondays (que acabaram tocando depois da atração principal do dia, o A-Ha) e o reggae de Jimmy Cliff.

O Maracanã recebeu ainda duas grandes instituições do heavy-metal - o Judas Priest e o Megadeth - dois veteranos de Woodstock, com Joe Cocker e Santana e, claro, aquela que era uma das maiores bandas do planeta em um ponto fundamental de sua carreira. O Guns N' Roses chegou ao país meses antes de lançar os aguardados dois volumes de "Use Your Illusion", e usaram o festival para tocar pela primeira vez algumas músicas que se tornariam clássicas da banda no futuro, como "You Could Be Mine".

Teve mais? Sim, Billy Idol, INXS, George Michael e Prince representaram, cada um ao seu modo, diferentes facetas da música dos anos 80, e vimos também aquela banda que ninguém conhecia muito bem e saiu de lá consagrada, dando início a um caso de amor com o Brasil que dura até hoje: o Faith No More.

Do lado brasileiro o festival acabou mais lembrado pelo show furioso, e curto do Sepultura, que começava a ganhar o resto do planeta, e também pelo "não-show" de Lobão que, assim como havia acontecido com Erasmo Carlos seis anos antes, acabou sofrendo na mão dos fãs de heavy-metal (ele abandonou o palco depois de apenas uma música debaixo de vaias e uma chuva de objetos que foram arremessados no palco, como pode ser visto aqui).

A playlist abaixo traz 11 momentos inesquecíveis desse segundo Rock in Rio. Veja e curta também a playlist que relembra o Rock in Rio de 1985!


Joe Cocker - "With A Little Help From My Friends"



Prince - "Purple Rain" (apenas o áudio)



Santana - "Oceano" (com Djavan)



Billy Idol - "Rebel Yell"



INXS - "Never Tear Us Apart"



Guns N' Roses - "Sweet Child O' Mine"



Titãs - "Lugar Nenhum"



Sepultura - "Inner Self"



Judas Priest - "Living After Midnight"



George Michael - "Careless Whisper"



A-Ha - "Take On Me"