A categoria mais polêmica da nossa retrospectiva sempre causa bastante discussão na redação. Afinal nem sempre é fácil dizer de forma enfática que determinado artista perdeu o seu poder de fogo, ainda que apenas temporariamente. Além disso o mercado hoje em dia está bastante pulverizado e um fraco desempenho de um disco ou single nas paradas ou um fracasso de crítica não significa necessariamente que tal carreira esteja condenada.

Ainda assim, não se nega que os Black Eyed Peas estão passando por uma profunda reformulação. O grupo, um dos mais bem sucedidos deste século, alcançou o superestrelato quando trocou o hip hop mais clássico do início de carreira por uma sonoridade mais pop ancorada na presença da vocalista Fergie.

A cantora os deixou oficialmente em 2016 e coube ao trio remanescente, liderados por Will.i.am, a dura tarefa de se reinventar. Eles tomaram o caminho mais difícil, decidindo retornar ao hip hop mais pesado e politizado do começo em um disco forte que rendeu elogios dos críticos. Infelizmente, o público ainda não abraçou o BEP versão 2018. "Masters Of The Sun Vol. 1" sequer entrou na parada dos EUA e Reino Unido.

Os shows também estão acontecendo em locais menores, mas seguem igualmente elogiados. A nova cantora, Jessica Rey, foi descoberta no The Voice filipino por Apl.de.ap, que foi um dos jurados do programa, e demonstrou segurança no palco, a se julgar pelas resenhas publicadas pela imprensa estrangeira (os brasileiros poderão conferi-los ao vivo no ano que vem, eles estão escalados para a próxima edição do Rock in Rio).

Resumindo: dificilmente os Black Eyed Peas viverão de novo os dias de megassucesso de "I Gotta Feeling" e outros hits que marcaram a década passada, mas do ponto de vista artístico, eles certamente se encontram em um ótimo momento. Mas o grande público ainda não percebeu isso.

Ouça "Constant pt.1 pt.2 (feat. Slick Rick)"