Não se pode dizer que a morte de Leonard Cohen tenha sido uma surpresa. Afinal ele já estava com 82 anos e já parecia estar se preparando para o inevitável. Ainda assim, é inevitável que se lamente a partida de um artista dessa magnitude. A obra de Cohen é relativamente curta - são apenas 14 álbuns em quase 50 anos de uma carreira discográfica bastante digna e uniforme.
O canadense começou sua carreira na década de 50 como poeta e só posteriormente decidiu "mudar de ramo", tanto que seu primeiro disco saiu quando ele já estava com 33 anos. Para quem não o conhece a fundo, entrar nesse universo pode ser um pouco difícil.
Entender as suas letras é fundamental para absorvê-lo e a voz grave, quase falada, especialmente nos discos lançados a partir dos anos 80 também não é do tipo que agrada ao ouvinte médio logo de cara.
Ou seja, nem todo mundo consegue gostar dele e muitos que hoje são fãs podem ter levado um tempo para se renderem. O fato é que Cohen desde o começo sempre tratou primordialmente sobre a maturidade, assunto que só de uns tempos para cá, com a geração dos anos 60 e 70 chegando à terceira idade passou a se tornar mais comum no mundo do rock.
Nesse especial falamos um pouco sobre cada um dos discos lançados por ele nesses 49 anos muito bem vividos
Songs Of Leonard Cohen - 1967
Uma estreia primorosa, esse disco conta com várias faixas que se tornaram clássicas como "Suzanne", ""Hey, That's No Way To Say Goodbye", "Sisters Of Mercy" (cujo título anos mais tarde batizaria a cultuada banda gótica) e "So Long, Marianne", que a revista britânica Uncut escolheu como a sua melhor canção.
Musicalmente esse é um disco bem simples, com voz, violão e alguns poucos, e muito bem colocados, adereços. A opção por esse formato espartano acaba sendo excelente, ao fazer com que o ouvinte não disperse a sua atenção.
Songs From A Room - 1968
O segundo disco da trilogia "Songs" foi produzido por Bob Johnston, que já havia trabalhado com Bob Dylan e Simon and Garfunkel. Outra obra-prima, esse também é um trabalho essencialmente calmo e acústico, ainda que um pouco mais "cheio" que o antecessor.
O grande clássico de "Room" é "Bird On The Wire", fácil uma das canções mais bonitas do século passado, mas a arrepiante "" (com arranjo arrepiante) e a singela "Tonight Will Be Fine" também merecem destaque.
Songs Of Love And Hate - 1971
Nos últimos anos esse álbum costuma ser citado como o grande disco da carreira de Cohen. Difícil dizer, mas ele seguramente é um bom ponto de entrada para sua obra, por trazer as suas maiores marcas: a voz grave, o clima sombrio, o seu estilo único de tocar violão e as letras de grande sofisticação.
Musicalmente, o disco segue o padrão dos anteriores, mas também apresenta algumas novidades. "Diamonds In The Mine" tem um quê de reggae e a apocalíptica "Avalanche" arrepia. Some a essas a clássica "Joan Of Arc" temos mais uma obra fundamental do cantor.
New Skin For The Old Cerimony - 1974
Bastante querido pelos fãs, esse álbum sucedeu um álbum ao vivo ("Live Songs", disco bem sombrio com muitas canções inéditas) e começa a trazer as influências da música folclórica grega e cigana que iriam surgir com mais força posteriormente.
"New Skin" é conhecido por seu som "seco", quase sem eco e por trazer grandes momentos como "Chelsea Hotel #2" e a intensa "Who By Fire". Adam Cohen, filho de Leonard e co-produtor de seu derradeiro trabalho, disse que tentou fazer com que seu pai retornasse à sonoridade desse disco em You Want It Darker.
Death Of A Ladies Man - 1977
O "patinha feio" da discografia e, de longe, seu disco mais controvertido, "Ladies Man", é definitivamente um disco esquizofrênico, ao juntar o discreto Cohen com o expansivo, e violento produtor Phil Spector.
Spector ficou famoso nos anos 60 por gravar clássicos como "Be My Baby" (Ronettes), e por seu estilo conhecido como "Muralha de Som" - conseguido graças ao uso de vários músicos tocando nas sessões. Depois ele mexeria, de forma polêmica, nos tapes que vieram a se tornar "Let It Be" dos Beatles e trabalharia com John Lennon e George Harrison.
No meio dos anos 70 Spector estava em baixa, assim como Cohen, cada vez mais frustrado por não conseguir penetrar no mercado americano. Foi assim que essas duas figuras totalmente distintas se uniram. As faixas são compostas pelos dois e Spector fez o que se esperava dele, ao gravar as canções ao seu modo e com seus músicos favoritos.
O produtor também era notório por seus métodos de trabalho e por ser um paranoico de marca maior, do tipo que levava armas para o estúdio (hoje ele encontra-se preso por assassinato). Dessa situação saiu um disco ainda hoje não muito compreendido, para o qual muitos fãs e críticos torcem o nariz, mas que não deixa de ter o seu charme. Mas é fato que esse é o único disco de Leonard Cohen que não soa como um trabalho dele.
Recent Songs - 1979
Com o fracasso, crítico e comercial do disco anterior, Cohen voltou ao seu ambiente natural nesse álbum pouco lembrado mas bastante simpático.
"Recent Songs" pode não ter nenhum grande clássico do seu repertório, mas é um trabalho com vários momentos de brilho - "The Guests" e a bela "The Smokey Life" entre elas.
A influência da música mediterrânea (e também da mexicana) se intensifica e explodiria na turnê (ouçam no disco ao vivo "Field Commander Cohen" lançado somente em 2001)
Various Positions - 1984
Depois de cinco anos de silêncio Cohen volta de forma diferente. Sua voz estava ainda mais grave e ele troca o violão por um teclado Cassio de timbre pra lá de duvidoso como seu novo "instrumento do coração". Ela também chama a cantora Jennifer Warnes para acompanhá-lo em todas as canções.
Na época o álbum fracassou, e a Columbia sequer o lançou nos EUA (um selo independente assumiu a tarefa). Cohen certamente riu por último já que foi daqui que saiu "Hallelujah, que acabou por se tornar sua canção mais lucrativa.
"Various Positions" certamente causa estranheza quando comparado aos discos anteriores, por outro lado ele traz o padrão que Cohen seguiria em praticamente todos os seus álbuns subsequentes.
I'm Your Man - 1988
"I'm Your Man" pode até sofrer por conta de seus arranjos - novamente o teclado cassio está presente- mas não tem jeito, esse é um dos melhores discos de Cohen e forte candidato a "melhor disco de veterano feito na década de 80".
De suas oito faixas, três são verdadeiras obras-primas - a faixa-título, "First We Take Manhattan" e principalmente "Tower of Song", com "Ain't No Cure For Love", "Everybody Knows" e "I Can't Forget" mantendo o nível altíssimo. Em resumo: um de seus álbuns verdadeiramente fundamentais.
The Future - 1992
"Eu vi o futuro baby e ele é assassinato", foi assim que Cohen marcou a chegada da nova década no único disco que lançou nos anos 90.
"The Future" mostrava que o cantor e compositor, prestes a completar 60 anos, mantinha seu talento e inquietação em um trabalho vigoroso e de grande urgência, ainda que no geral as composições não mantenham o alto nível do trabalho anterior.
O álbum traz um som mais mainstream, e orgânico, ainda que as ambientações eletrônicas ainda estejam aqui.
Ten New Songs - 2001
Depois de terminar a turnê de "The Future", Cohen tomou uma das decisões mais radicais de sua vida e decidiu se trancar em um monastério budista, onde ficou por cinco anos.
Ele só voltaria a lançar um disco quase uma década depois quando esse "Ten New Songs" chegou às lojas. Gravado em parceria com a cantora e compositora Sharon Robinson, que é creditada como produtora e co-autora de todas as faixas e também aparece na capa, o trabalho mostra o artista em fase mais serena e romântica em canções que o aproximam do chamado AOR.
Dear Heather - 2004
Mais um disco pouco lembrado, esse é uma espécie de sequência do trabalho anterior, mantendo o mesmo clima ainda que com um time um pouco diferente.
Sharon Robinson aparece novamente, mas agora ela só ajuda a escrever uma música e divide os créditos de produção com outras quatro pessoas (incluindo o próprio Leonard).
Na época muitos críticos entenderam que esse seria o disco final dele. Como já veremos não foi, mas os motivos para isso são inacreditáveis.
Old Ideas - 2012
Em meados da década passada, Cohen descobriu que estava literalmente falido depois que seu antigo empresário basicamente gastou todas as suas economias, incluindo o seu fundo de pensão.
Como muitos críticos disseram, o azar dele foi a nossa sorte, já que a situação desesperadora forçou-o a voltar para a estrada em 2008. Por três anos, Leonard viu-se tocando para multidões na Europa e América do Norte em giro de quase 250 shows onde ele não fez corpo mole .
Já que era para fazer shows, que eles fossem realmente de alto nível com quase três horas de duração e um time de músicos de primeira.
A volta aos estúdios, se deu em 2012 com esse "Old Ideas" que deverá ser lembrado em várias listas de grandes discos dessa década. O clima de despedida começa a se acentuar, mas há também humor negro e muita ternura. A novidade fica pelo parceiro escolhido para trabalhar no disco. Ninguém menos que Patrick Leonard, que foi o braço direito de Madonna na segunda metade dos anos 80.
Além de ter feito muito sucesso com os críticos, o álbum também foi abraçado pelo público. Ele chegou ao topo da parada britânica e no terceiro lugar nos EUA, antes sua melhor posição por lá havia sido um 63° lugar em 1969.
Popular Problems - 2014
Fica difícil não ver seus três últimos discos como uma trilogia bem pensada, dada a semelhança estilística, sonora e visual entre eles - notem que ele sempre aparece com roupas semelhantes nas capas e as sombras ameaçadoras que já estavam presentes anteriormente voltam a dar as caras.
Por ser um tanto semelhante ao álbum anterior, esse acabou chamando menos a atenção de público e crítica. Mas suas nove belas faixas merecem ser ouvidas com atenção, em especial o single "Almost Like the Blues" e a linda "Did I Ever Love You?".
You Want It Darker - 2016
Em seu último trabalho o cantor e compositor surge desafiador na capa segurando um cigarro e deixando claro que se o ouvinte está atrás de escuridão ele terá e em boas doses.
Assim como foi o "Blackstar" de David Bowie - este soa como um disco de quem sabe que tem pouco tempo. Na faixa-título que abre o trabalho ele já avisa "estou pronto meu Senhor", e nas oito faixas seguintes ele parece que busca fazer as pazes consigo e com os que o rodeiam. Lançado três semanas antes de sua morte, o disco certamente será bastante analisado e vários sentidos serão encontrados nele.
De concreto mesmo só o fato de que esse é fácil um dos melhores discos gravados por ele e que sua presença nas listas de melhores de 2016 será óbvia e mais do que merecida.
O canadense começou sua carreira na década de 50 como poeta e só posteriormente decidiu "mudar de ramo", tanto que seu primeiro disco saiu quando ele já estava com 33 anos. Para quem não o conhece a fundo, entrar nesse universo pode ser um pouco difícil.
Entender as suas letras é fundamental para absorvê-lo e a voz grave, quase falada, especialmente nos discos lançados a partir dos anos 80 também não é do tipo que agrada ao ouvinte médio logo de cara.
Ou seja, nem todo mundo consegue gostar dele e muitos que hoje são fãs podem ter levado um tempo para se renderem. O fato é que Cohen desde o começo sempre tratou primordialmente sobre a maturidade, assunto que só de uns tempos para cá, com a geração dos anos 60 e 70 chegando à terceira idade passou a se tornar mais comum no mundo do rock.
Nesse especial falamos um pouco sobre cada um dos discos lançados por ele nesses 49 anos muito bem vividos
Songs Of Leonard Cohen - 1967
Uma estreia primorosa, esse disco conta com várias faixas que se tornaram clássicas como "Suzanne", ""Hey, That's No Way To Say Goodbye", "Sisters Of Mercy" (cujo título anos mais tarde batizaria a cultuada banda gótica) e "So Long, Marianne", que a revista britânica Uncut escolheu como a sua melhor canção.
Musicalmente esse é um disco bem simples, com voz, violão e alguns poucos, e muito bem colocados, adereços. A opção por esse formato espartano acaba sendo excelente, ao fazer com que o ouvinte não disperse a sua atenção.
Songs From A Room - 1968
O segundo disco da trilogia "Songs" foi produzido por Bob Johnston, que já havia trabalhado com Bob Dylan e Simon and Garfunkel. Outra obra-prima, esse também é um trabalho essencialmente calmo e acústico, ainda que um pouco mais "cheio" que o antecessor.
O grande clássico de "Room" é "Bird On The Wire", fácil uma das canções mais bonitas do século passado, mas a arrepiante "" (com arranjo arrepiante) e a singela "Tonight Will Be Fine" também merecem destaque.
Songs Of Love And Hate - 1971
Nos últimos anos esse álbum costuma ser citado como o grande disco da carreira de Cohen. Difícil dizer, mas ele seguramente é um bom ponto de entrada para sua obra, por trazer as suas maiores marcas: a voz grave, o clima sombrio, o seu estilo único de tocar violão e as letras de grande sofisticação.
Musicalmente, o disco segue o padrão dos anteriores, mas também apresenta algumas novidades. "Diamonds In The Mine" tem um quê de reggae e a apocalíptica "Avalanche" arrepia. Some a essas a clássica "Joan Of Arc" temos mais uma obra fundamental do cantor.
New Skin For The Old Cerimony - 1974
Bastante querido pelos fãs, esse álbum sucedeu um álbum ao vivo ("Live Songs", disco bem sombrio com muitas canções inéditas) e começa a trazer as influências da música folclórica grega e cigana que iriam surgir com mais força posteriormente.
"New Skin" é conhecido por seu som "seco", quase sem eco e por trazer grandes momentos como "Chelsea Hotel #2" e a intensa "Who By Fire". Adam Cohen, filho de Leonard e co-produtor de seu derradeiro trabalho, disse que tentou fazer com que seu pai retornasse à sonoridade desse disco em You Want It Darker.
Death Of A Ladies Man - 1977
O "patinha feio" da discografia e, de longe, seu disco mais controvertido, "Ladies Man", é definitivamente um disco esquizofrênico, ao juntar o discreto Cohen com o expansivo, e violento produtor Phil Spector.
Spector ficou famoso nos anos 60 por gravar clássicos como "Be My Baby" (Ronettes), e por seu estilo conhecido como "Muralha de Som" - conseguido graças ao uso de vários músicos tocando nas sessões. Depois ele mexeria, de forma polêmica, nos tapes que vieram a se tornar "Let It Be" dos Beatles e trabalharia com John Lennon e George Harrison.
No meio dos anos 70 Spector estava em baixa, assim como Cohen, cada vez mais frustrado por não conseguir penetrar no mercado americano. Foi assim que essas duas figuras totalmente distintas se uniram. As faixas são compostas pelos dois e Spector fez o que se esperava dele, ao gravar as canções ao seu modo e com seus músicos favoritos.
O produtor também era notório por seus métodos de trabalho e por ser um paranoico de marca maior, do tipo que levava armas para o estúdio (hoje ele encontra-se preso por assassinato). Dessa situação saiu um disco ainda hoje não muito compreendido, para o qual muitos fãs e críticos torcem o nariz, mas que não deixa de ter o seu charme. Mas é fato que esse é o único disco de Leonard Cohen que não soa como um trabalho dele.
Recent Songs - 1979
Com o fracasso, crítico e comercial do disco anterior, Cohen voltou ao seu ambiente natural nesse álbum pouco lembrado mas bastante simpático.
"Recent Songs" pode não ter nenhum grande clássico do seu repertório, mas é um trabalho com vários momentos de brilho - "The Guests" e a bela "The Smokey Life" entre elas.
A influência da música mediterrânea (e também da mexicana) se intensifica e explodiria na turnê (ouçam no disco ao vivo "Field Commander Cohen" lançado somente em 2001)
Various Positions - 1984
Depois de cinco anos de silêncio Cohen volta de forma diferente. Sua voz estava ainda mais grave e ele troca o violão por um teclado Cassio de timbre pra lá de duvidoso como seu novo "instrumento do coração". Ela também chama a cantora Jennifer Warnes para acompanhá-lo em todas as canções.
Na época o álbum fracassou, e a Columbia sequer o lançou nos EUA (um selo independente assumiu a tarefa). Cohen certamente riu por último já que foi daqui que saiu "Hallelujah, que acabou por se tornar sua canção mais lucrativa.
"Various Positions" certamente causa estranheza quando comparado aos discos anteriores, por outro lado ele traz o padrão que Cohen seguiria em praticamente todos os seus álbuns subsequentes.
I'm Your Man - 1988
"I'm Your Man" pode até sofrer por conta de seus arranjos - novamente o teclado cassio está presente- mas não tem jeito, esse é um dos melhores discos de Cohen e forte candidato a "melhor disco de veterano feito na década de 80".
De suas oito faixas, três são verdadeiras obras-primas - a faixa-título, "First We Take Manhattan" e principalmente "Tower of Song", com "Ain't No Cure For Love", "Everybody Knows" e "I Can't Forget" mantendo o nível altíssimo. Em resumo: um de seus álbuns verdadeiramente fundamentais.
The Future - 1992
"Eu vi o futuro baby e ele é assassinato", foi assim que Cohen marcou a chegada da nova década no único disco que lançou nos anos 90.
"The Future" mostrava que o cantor e compositor, prestes a completar 60 anos, mantinha seu talento e inquietação em um trabalho vigoroso e de grande urgência, ainda que no geral as composições não mantenham o alto nível do trabalho anterior.
O álbum traz um som mais mainstream, e orgânico, ainda que as ambientações eletrônicas ainda estejam aqui.
Ten New Songs - 2001
Depois de terminar a turnê de "The Future", Cohen tomou uma das decisões mais radicais de sua vida e decidiu se trancar em um monastério budista, onde ficou por cinco anos.
Ele só voltaria a lançar um disco quase uma década depois quando esse "Ten New Songs" chegou às lojas. Gravado em parceria com a cantora e compositora Sharon Robinson, que é creditada como produtora e co-autora de todas as faixas e também aparece na capa, o trabalho mostra o artista em fase mais serena e romântica em canções que o aproximam do chamado AOR.
Dear Heather - 2004
Mais um disco pouco lembrado, esse é uma espécie de sequência do trabalho anterior, mantendo o mesmo clima ainda que com um time um pouco diferente.
Sharon Robinson aparece novamente, mas agora ela só ajuda a escrever uma música e divide os créditos de produção com outras quatro pessoas (incluindo o próprio Leonard).
Na época muitos críticos entenderam que esse seria o disco final dele. Como já veremos não foi, mas os motivos para isso são inacreditáveis.
Old Ideas - 2012
Em meados da década passada, Cohen descobriu que estava literalmente falido depois que seu antigo empresário basicamente gastou todas as suas economias, incluindo o seu fundo de pensão.
Como muitos críticos disseram, o azar dele foi a nossa sorte, já que a situação desesperadora forçou-o a voltar para a estrada em 2008. Por três anos, Leonard viu-se tocando para multidões na Europa e América do Norte em giro de quase 250 shows onde ele não fez corpo mole .
Já que era para fazer shows, que eles fossem realmente de alto nível com quase três horas de duração e um time de músicos de primeira.
A volta aos estúdios, se deu em 2012 com esse "Old Ideas" que deverá ser lembrado em várias listas de grandes discos dessa década. O clima de despedida começa a se acentuar, mas há também humor negro e muita ternura. A novidade fica pelo parceiro escolhido para trabalhar no disco. Ninguém menos que Patrick Leonard, que foi o braço direito de Madonna na segunda metade dos anos 80.
Além de ter feito muito sucesso com os críticos, o álbum também foi abraçado pelo público. Ele chegou ao topo da parada britânica e no terceiro lugar nos EUA, antes sua melhor posição por lá havia sido um 63° lugar em 1969.
Popular Problems - 2014
Fica difícil não ver seus três últimos discos como uma trilogia bem pensada, dada a semelhança estilística, sonora e visual entre eles - notem que ele sempre aparece com roupas semelhantes nas capas e as sombras ameaçadoras que já estavam presentes anteriormente voltam a dar as caras.
Por ser um tanto semelhante ao álbum anterior, esse acabou chamando menos a atenção de público e crítica. Mas suas nove belas faixas merecem ser ouvidas com atenção, em especial o single "Almost Like the Blues" e a linda "Did I Ever Love You?".
You Want It Darker - 2016
Em seu último trabalho o cantor e compositor surge desafiador na capa segurando um cigarro e deixando claro que se o ouvinte está atrás de escuridão ele terá e em boas doses.
Assim como foi o "Blackstar" de David Bowie - este soa como um disco de quem sabe que tem pouco tempo. Na faixa-título que abre o trabalho ele já avisa "estou pronto meu Senhor", e nas oito faixas seguintes ele parece que busca fazer as pazes consigo e com os que o rodeiam. Lançado três semanas antes de sua morte, o disco certamente será bastante analisado e vários sentidos serão encontrados nele.
De concreto mesmo só o fato de que esse é fácil um dos melhores discos gravados por ele e que sua presença nas listas de melhores de 2016 será óbvia e mais do que merecida.