Meghan Trainor - Thank You
"Title", o primeiro álbum de Meghan Trainor parecia quase uma obra de filme de herói ou de ficção científica. Algo como se uma cantora da era do ouro dos girl groups - aquele período do início dos anos 60 antes da explosão dos Beatles - tivesse sido transportada para um estúdio no século 21 e se visse fazendo um disco sob as mais modernas técnicas de gravação.
Apesar de inusitada, a fórmula deu certo e a cantora acabou entrando para o primeiro time da música pop.
Agora, a jovem se vê no fatídico momento de entregar o sucessor, algo sempre difícil, especialmente quando você estoura logo de início. Trainor e sua equipe, acertadamente viram que seguir na mesma linha de "Title" não era uma boa ideia, mas também não era o caso de radicalizar.
"Thank You" então tem uma cara mais contemporânea. As primeiras faixas em particular impressionam, "Watch Me Do" com um dos melhores loops de bateria ouvidos recentemente e "Me Too", outra com uma levada incrível, especialmente no refrão. Nessas duas vemos também como ela está evoluindo como cantora.
O álbum também tem faixas com influências da música jamaicana, uma constante no pop atual, baldas de pegada soul, canções "fofas" e um ou outro momento que remete ao disco anterior.
O resultado final é agradável e mostra que Trainor conseguiu passar no teste do segundo álbum. Obviamente, esse é um trabalho mais desencanado, sem o brilhantismo visto nos mais recentes lançamentos de Rihanna e Beyoncé. Ainda ssim, vale lembrar que Trainor ainda é bem nova e tem tempo para amadurecer como artista.
Ouça "Me Too com Meghan Trainor presente no álbum "Thank You"
Corinne Bailey Rae - The Heart Speaks...
Há dez anos Corinne Bailey Rae estourou com "Put Your Records On", uma canção cativante que mostrou que havia um mercado para cantoras inglesas inspiradas pelam soul music americana. Ou seja, podemos dizer que foi ela quem abriu as portas do sucesso global para Adele e, mesmo, Amy Winehouse.
As coisas para ela se complicaram em 2008 quando seu marido Jason Rae, morreu vítima de uma overdose acidental, que levou a cantora a um compreensível período de luto. Em 2010 ela retornou com o triste e belo "The Sea" e novamente optou por afastar-se dos holofotes.
Seis anos depois, Rae finalmente está de volta, com seu talento intacto e em um momento totalmente diferente em sua vida pessoal. Casada com Stephen James Brown, que ajudou a esposa a compor e produzir praticamente todas as faixas do disco, a cantora entregou um disco maduro e bastante sofisticado.
Essa opção provavelmente irá atrapalhar o desempenho comercial do álbum. Corinne chegou a aceitar a sugestão da gravadora para que trabalhasse com compositores profissionais, mas detestou a experiência - e preferiu confiar nos seus instintos.
"The Heart Speaks In Whispers" é um belo trabalho de pop negro, que sabe ser moderno sem deixar de prestar tributo ao passado.
É o tipo de álbum que tem tudo para agradar quem se sentiu órfão com a morte de Prince e mostra que Corinne Bailey Rae é uma das grandes artistas da atualidade.
Ouça "Green Aphrodisiac" com Corinne Bailey Rae de The Heart Speaks In Whispers
Zeca Baleiro - Era Domingo
Da geração de artistas da MPB que despontaram nos anos 90 Zeca Baleiro sempre foi um dos mais interessantes e mais propensos a surpreender o seu público.
E surpreendente é uma boa palavra para definir seu mais novo trabalho. "Era Domingo" começa de forma inusitada. A faixa título chega com arranjo e melodia inspirados na fase mais psicodélica dos Beatles e no decorrer do disco teremos ainda traços de ska, rock, rap, música nordestina, trip hop (vide "Balada do Oitavo Andar", outra que também tem refrão sessentista), reggae e mais.
O álbum é assim recomendado para fãs do artista e de música brasileira, mas mesmo quem não gosta dele, ou acha que não gosta, poderá se encontrar revendo as suas opiniões.
Ouça "Era Domingo" a faixa que dá título ao novo álbum de Zeca Baleiro