The Last Shadow Puppets - Everything You've Come...
O álbum de estreia do The Last Shadow Puppets lançado num já longínquo 2008 foi uma revelação. O trabalho da banda montada por Miles Kane e Alex Turner dos Arctic Monkeys mostrava que havia muito mais debtro daqueles, ainda, garotos do que se podia ver.
"The Age Of Understament" era um disco sofisticado, feito sob a influência de nomes como Scott Walker e Serge Gainsbourg e se mostrava muito distante do indie rock praticado pelos dois em seus "trabalhos principais". Talvez seja por esse motivo, o segundo trabalho do supergrupo impressione um pouco menos.
Não que "Everything You've Come To Expect seja um disco ruim. Longe disso, Kane e Turner continuam ótimos compositores e, o mais difícil, conseguem criar algo diferente do que fazem normalmente, tornando assim essas reuniões esporádicas sempre únicas e especiais.
Ao mesmo tempo, os dois, e mais especificamente Turner, nos anos que se seguiram àquela estreia já fizeram outros trabalhos onde ficou clara a evolução deles como músicos e autores. é por isso que esse segundo álbum talvez não tenha, como diz o título, "tudo o que você veio por esperar", exatamente por eles já terem entregado isso em momentos posteriores, aumentando bastante a expectativa por tudo que os envolve.
Isso não diminui este belo trabalho que cresce após sucessivas audições.
A razão para isso é que o foco aqui está mais em se construir canções climáticas ou envoltas em mistério e não em singles pop de consumo imediato.
No final das contas o trabalho nos deixa uma certeza: enquanto "projeto paralelo", os Puppets continuam sendo mais interessantes e inventivos que muito "projeto principal" que temos por aí.
Ouça "Bad Habits com o The Last Shadow Puppets de "Everything You've Come To..."
Weezer - Weezer (White Album)
Houve um tempo, especialmente no início da década passada, em que tinha-se a impressão de que o Weezer era uma das bandas mais influentes do planeta, ou ao menos do indie rock.
Foi quando toda uma geração de adolescentes e pós adolescentes acabaram cativados, muitos com certo atraso pela música presente nos dois álbuns lançados por eles nos anos 90. O pop melódico feito pelo quarteto, aliado ao visual nerd e as letras que captavam bem uma confusão inerente a essa fase da vida bateu forte em muita gente.
O fato é que apesar de terem sempre lançado discos com regularidade a partir de 2001, o grupo liderado por Rivers Cuomo, parece ter perdido uma certa mística, independentemente da qualidade de seus trabalhos.
Isso significa que hoje em dia eles falam mais com os velhos admiradores, e não mais com um público novo, ou mesmo os que eram seus ouvintes casuais.
Infelizmente, esse "disco branco" - que segue os de cor azul (1995), verde (2001) e vermelha (2008) - não deverá mudar esse cenário. E isso é uma pena, porque ele periga muito bem ser o melhor disco deles desde seus dois primeiros álbuns.
"Weezer" segue a tradição de álbuns "curto e grossos" da banda - são 10 músicas em 34 minutos.
O bom é ver como essa opção pela brevidade funciona à favor deles, já que Cuomo e seus colegas entregam um trabalho enxuto e sem excessos. Não é exagero dizer que quase todas, ou mesmo todas as faixas aqui, são muito boas. Seja nos momentos mais acelerados ou reflexivos, o grupo demonstra estar em um momento de grande, e recobrada, criatividade.
Dessa forma o trabalho é indicado para fãs e neófitos, mas também para aqueles que um dia gostou deles, mas há tempos parou de acompanhá-los. Esses certamente são os que mais irão se surpreender.
Ouça "L.A. Girlz" com o Weezer presente no quarto álbum homônimo da banda
Pet Shop Boys - Super
Os Pet Shop Boys já são uma verdadeira instituição do pop e da vez mais nota-se como eles foram importantes para a música contemporânea.
É sempre bom lembrar da luta deles para dar dignidade ao termo - que não faz muito tempo era tratado com certo desdém por fãs e jornalistas de uma dita "música séria".
Isso foi conquistado com discos e singles memoráveis e uma maneira muito inteligente de lidar com a sua carreira e tudo que a envolve, como os shows, clipes e direção de arte.
É claro que não podemos esperar de seu 13° trabalho - lançado trinta anos depois do álbum de estreia! - o mesmo senso de inovação ou brilhantismo presente naquela sequência excepcional de álbuns lançados entre 1986 e 1993, mas a versão amadurecida da dupla ainda consegue divertir e emocionar.
Em uma primeira audição, "Super" soa um pouco inferior ao último trabalho, o bastante recomendável "Electric" de 2013, mas o disco se segura com suas faixas dançantes, uma ou outra balada e os tradicionais vocais melancólicos de Neil Tennant.
Surpreende também a capacidade deles de dialogar com as formas mais modernas da dance music sem perderem a sua identidade.
Temos então um mais um bom trabalho da dupla que ainda tem uma curiosidade para nós brasileiros. A faixa "Twenty-Something", uma das melhores aqui, tem uma base que é puro tecno-brega paraense. Se lembrarmos que o DJ Waldo Squash, da Gang do Eletro, já havia feito um remix para eles há três anos, concluímos que eles curtiram mesmo o ritmo.
Veja os Pet Shop Boys tocando "The Pop Kids" de "Super" no Graham Norton Show