Savages - Adore Life
Mesmo antes de lançarem seu álbum de estreia, em 2013, as Savages já estavam chamando a atenção da imprensa britânica com seu som calcado no lado mais sério do pós punk britânico do final dos anos 70.
O primeiro disco acabou servindo como um ótimo cartão de visitas, rendendo críticas elogiosas e vários shows - incluindo um no Lollapalooza brasileiro em 2014.
Agora é chegada a hora da fatídica prova do segundo álbum, quando fica mais claro se o artista tem mesmo fôlego.
Felizmente, "Adore Life" mostra que o grupo está no caminho para se tornar um dos mais interessantes dessa década. O trabalho é, de muitas maneiras, superior ao disco de estreia ainda que o som siga na mesma linha.
As Savages fazem música fortemente influenciada por nomes como Gang Of Four, Siouxsie and the Banshees ou Slits. O som é soturno e não muito melódico, mas abre espaço para ritmos dançantes (vide "Evil") ou influenciados pelo rock alemão setentista. O álbum tem o amor e o sexo como temas centrais, mas não espere canções românticas, e sim algo bem mais intrincado sobre como os relacionamentos agem sobre nós ("o amor é uma doença, o maior vício que já vi", canta Jehnny Beth em "Sad Person".
"Adore Life" apesar de enxuto - 10 faixas em 40 minutos - precisa ser ouvido algumas vezes e com atenção para que ele se revele por inteiro. Talvez seja difícil pedir por isso hoje em dia, quando muitos artistas e canções são descartados depois de poucos segundos, mas nesse caso, o esforço vale a pena.
Ouça "Adore" com as Savages presente no álbum "Adore Life"
Suede - Night Thoughts
Em abril de 1992 o semanário britânico colocou o Suede em sua capa chamando-os de "A Melhor Banda Nova da Grã Bretanha". Isso quando eles não tinham sequer um single lançado.
Tendo de lidar coma expectativa de um lado e a desconfiança do outro, o quarteto liderado pelo vocalista Brett Anderson e o guitarrista Bernard Butler, acabou cumprindo a promessa. Em uma época dominada pelo rock americano, eles mostraram que a Inglaterra ainda tinha força e basicamente deram início ao britpop, uma cena da qual eles logo trataram de se dissociar.
Os dois primeiros álbuns da banda - de 1993 e 1994 - ainda são os grandes discos deles. Gravados com Butler, eles eram fortemente influenciados pela fase glam de David Bowie e pelos Smiths. Com a saída do guitarrista, eles ainda gravariam outro bom disco - "Coming Up" de 1996, com Richard Oakes, que segue com eles - e mais dois trabalhos menores.
O final foi inevitável, assim como uma reunião anos depois. O Suede voltou em 2010 e em 2013 lançou seu primeiro álbum pós retorno, o digno "Bloodsports".
Se lançar um segundo disco é sempre difícil, lançar um "segundo trabalho de retorno" é ainda mais complicado, até porque a maioria deles tende a não chamar muito a atenção.
De qualquer forma, não é esse o caso de "Night Thoughts", um álbum ambicioso, forte e que não faz feio perto da produção anterior deles.
Dessa forma o quinteto entregou um disco que fará a alegria de seus fãs (incluindo os casuais) mas que também pode chegar a outras audiências. Se você nunca os ouviu e gosta de rock bem feito, com senso dramático e melodias fortes certamente irá gostar bastante.
Veja um vídeo com trechos de todas as faixas de "Night Thoughts", do Suede
Eleanor Friedberger - New View
Se o nome Eleanor Friedberger não lhe diz muito, você não está sozinho. Ela não é mesmo muito conhecida, mas, a se julgar por este belo trabalho isso em breve deverá mudar.
Friedberger ao lado de seu irmão Matthew fazia parte da dupla de indie experimental Fiery furnaces que fez algum barulho na década passada e que desde 2011 está em "hiato por tempo indeterminado".
Este já é o terceiro trabalho de Eleonor, e mostra a cantora, que completa 40 anos em setembro próximo, em constante evolução.
Sozinha, a cantora troca o som experimental e meio amalucado que fazia com o irmão, por uma música mais simples, mas também de grande profundidade.
"New View" tem onze belas faixas, que irão fazer a alegria daquele estilo que atende pelo nome de Americana (uma mistura de rock clássico com várias vertentes da música tradicional dos EUA em um contexto que pode ser mais tradicional ou moderno, como é o caso aqui).
Fãs de cantoras como Aimee Mann, Suzanne Vega ou Natalie Merchant também devem prestar atenção a esse disco que está ganhando elogios rasgados da crítica internacional - a britânica Uncut deu nota 9 e o considerou o seu "álbum do mês".
Ouça "Sweetest Girl" com Eleanor Friedberger presente no álbum "New View"