Há exatos 40 anos David Bowie lançava um de seus discos mais enigmáticos: "Station To Station". como já estava se tornando costume, o álbum mais uma vez se mostrava bem diferente do anterior, ao mesmo tempo em que antecipava o que viria pela frente.
Nesse caso, a soul e a disco music, que deram as caras em "Young Americans" (do ano anterior), começa a dar espaço para as influências da música eletrônica alemã - notadamente a do Kraftwerk - que iriams e cristalizar em 1977, quando ele se muda para Berlim e grava sua famosa "trilogia alemã".
O álbum também é marcado pela chegada de mais um personagem/alter ego do artista, o "Thin White Duke" (ou "Duque Magro e Branco", que pode ser visto na foto abaixo).
Este, é certamente um trabalho marcado pela paranoia causada pelo uso excessivo de cocaína. Bowie chegou a dizer que só sabia que ele o gravou em Los Angeles, porque leu depois, já que não tinha nenhuma lembrança de suas sessões.
Foi nesta época que seu interesse pelas ciências ocultas - que ele já demonstrava desde o começo - atingiu o seu auge e culminou com sua piscina sendo exorcizada depois dele ter jurado que viu um demônio saindo de suas águas.
O melhor exemplo desse seu momento é a arrepiante faixa título com seus 10 minutos de duração (curiosamente ela tem quase o mesmo tempo de duração da faixa de abertura do recém-lançado "Lazarus", outro disco repleto de significados). Nela, Bowie nos apresenta ao Duque, que arremessa dardos nos olhos dos amantes" e nos leva a uma viagem inesquecível e intrigante ("não são os efeitos colaterais da cocaína, eu acho que dev ser amor", ele canta a certa altura).
A letra faz menção às estações da cruz e também cita a árvore da vida da cabala ("cá estamos um mágico momento de Kether até Malkuth). A faixa, repleta de mudanças de clima, também pode ser vista como o retrato de um artista chegando ao seu limite - ele disse que na época se alimentava apenas de leite e pimentas. Que nesse estado tenha criado um de seus maiores clássicos, só mostra o quanto ele era diferenciado.
Ouça:
O disco muda radicalmente na segunda faixa. "Golden Years", é outra canção eterna escrita por ele, e uma de suas bem sucedidas incursões pela black music. De letra nostálgica, Bowei a escreveu para que seu colega de gravadora - e parceiro de aniversário - gravasse. Infelizmente el não a registrou. Uma pena, já que a gravação poderia ter sido um arrepiante canto de cisne (ele morreria em 1977) para o Rei.
Ouça:
A última faixa do lado A, é a emocionante balada com toques de gospel e soul "Word On A Wing". Aqui o clima muda e temos o autor se ajoelhando perante o Senhor, e dizendo que quer se encaixar no esquema dele. O autor disse que a música nasceu de um "desespero espiritual" causado depois de mais um período de excessos.
O segundo lado abria com a divertida (em termos) "TVC 15". Lançada como single no Reino Unido ela foi inspirada pelo dia em que Iggy Pop - que estava sempre com Bowie nesta época - teve uma alucinação em que a televisão da sala estava engolindo sua namorada.
Ouça
A faixa era seguida por "Stay", outro bom exercício dele no universo da soul music e lançada em compacto nos EUA.
O trabalho se encerrava com uma emocionante versão para o standard "Wild Is The Wind" gravada originalmente por Johnny Mathis (mas a sua cover foi baseada na performance de Nina Simone) e prova definitiva de que ele também era um excelente cantor.
"Station To Station" foi elogiado pela crítica e, caso raro, se deu melhor na parada americana (chegou no terceiro lugar) que na britânica (ficou em quinto). O álbum ainda rendeu uma turnê antológica - a edição remasterizada do disco traz um show na íntegra - e logo se tornaria um de seus discos mais aclamados, marcando presença constante em listas de "melhores álbuns de todos os tempos" feitas pela imprensa especializada.
Nesse caso, a soul e a disco music, que deram as caras em "Young Americans" (do ano anterior), começa a dar espaço para as influências da música eletrônica alemã - notadamente a do Kraftwerk - que iriams e cristalizar em 1977, quando ele se muda para Berlim e grava sua famosa "trilogia alemã".
O álbum também é marcado pela chegada de mais um personagem/alter ego do artista, o "Thin White Duke" (ou "Duque Magro e Branco", que pode ser visto na foto abaixo).
Este, é certamente um trabalho marcado pela paranoia causada pelo uso excessivo de cocaína. Bowie chegou a dizer que só sabia que ele o gravou em Los Angeles, porque leu depois, já que não tinha nenhuma lembrança de suas sessões.
Foi nesta época que seu interesse pelas ciências ocultas - que ele já demonstrava desde o começo - atingiu o seu auge e culminou com sua piscina sendo exorcizada depois dele ter jurado que viu um demônio saindo de suas águas.
O melhor exemplo desse seu momento é a arrepiante faixa título com seus 10 minutos de duração (curiosamente ela tem quase o mesmo tempo de duração da faixa de abertura do recém-lançado "Lazarus", outro disco repleto de significados). Nela, Bowie nos apresenta ao Duque, que arremessa dardos nos olhos dos amantes" e nos leva a uma viagem inesquecível e intrigante ("não são os efeitos colaterais da cocaína, eu acho que dev ser amor", ele canta a certa altura).
A letra faz menção às estações da cruz e também cita a árvore da vida da cabala ("cá estamos um mágico momento de Kether até Malkuth). A faixa, repleta de mudanças de clima, também pode ser vista como o retrato de um artista chegando ao seu limite - ele disse que na época se alimentava apenas de leite e pimentas. Que nesse estado tenha criado um de seus maiores clássicos, só mostra o quanto ele era diferenciado.
Ouça:
O disco muda radicalmente na segunda faixa. "Golden Years", é outra canção eterna escrita por ele, e uma de suas bem sucedidas incursões pela black music. De letra nostálgica, Bowei a escreveu para que seu colega de gravadora - e parceiro de aniversário - gravasse. Infelizmente el não a registrou. Uma pena, já que a gravação poderia ter sido um arrepiante canto de cisne (ele morreria em 1977) para o Rei.
Ouça:
A última faixa do lado A, é a emocionante balada com toques de gospel e soul "Word On A Wing". Aqui o clima muda e temos o autor se ajoelhando perante o Senhor, e dizendo que quer se encaixar no esquema dele. O autor disse que a música nasceu de um "desespero espiritual" causado depois de mais um período de excessos.
O segundo lado abria com a divertida (em termos) "TVC 15". Lançada como single no Reino Unido ela foi inspirada pelo dia em que Iggy Pop - que estava sempre com Bowie nesta época - teve uma alucinação em que a televisão da sala estava engolindo sua namorada.
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A faixa era seguida por "Stay", outro bom exercício dele no universo da soul music e lançada em compacto nos EUA.
O trabalho se encerrava com uma emocionante versão para o standard "Wild Is The Wind" gravada originalmente por Johnny Mathis (mas a sua cover foi baseada na performance de Nina Simone) e prova definitiva de que ele também era um excelente cantor.
"Station To Station" foi elogiado pela crítica e, caso raro, se deu melhor na parada americana (chegou no terceiro lugar) que na britânica (ficou em quinto). O álbum ainda rendeu uma turnê antológica - a edição remasterizada do disco traz um show na íntegra - e logo se tornaria um de seus discos mais aclamados, marcando presença constante em listas de "melhores álbuns de todos os tempos" feitas pela imprensa especializada.