Há exatos três anos, David Bowie surpreendeu o mundo da música ao quebrar um jejum de uma década lançando o single "Where Are We Now?" no dia de seu aniversário e anunciando o lançamento de um novo álbum - "The Next Day" - para dali a três meses.
A surpresa se deu pelo fato do artista ter basicamente sumido de vista durante esse período, a ponto de sua aposentadoria definitiva já estar sendo considerada um fato. Hoje, Bowie completa 69 anos e está celebrando a data com mais um lançamento: o belíssimo - e um tanto estranho - "Blackstar".
Se "The Next Day" era um álbum mais direto e facilmente classificado como "de rock", o novo disco vai em uma linha totalmente diferente. A grande diferença é que aqui ele resolveu abandonar os músicos que o acompanharam no trabalho anterior e chamou o saxofonista Donny McCaslin - bastante renomado no circuito de jazz moderno - e os acompanhantes de sua banda, para tocarem no disco.
O vínculo com o passado é mantido com o produtor Tony Visconti, dando sequência a uma parceria que, entre idas e vindas, já dura mais de 40 anos.
As primeiras resenhas deram a entender que "Blackstar" era um disco radical, extremamente intrincado e de difícil digestão. Mas no final das contas, não é bem esse o caso. É claro que ele passa longe do pop radiofônico que caracterizou os trabalhos de Bowie nos anos 80, mas o álbum no geral é bem mais melódico do que se poderia imaginar.
Ele prova que Bowie ainda tem muito o que dizer e segue como um artista visionário e fundamental dos nossos tempos.
Saiba como são as sete faixas do trabalho.
"Blackstar"
Lançada no ano passado como single, essa é a faixa mais radical do álbum. É difícil não se lembrar de "Station to Station" (seu álbum de 1976) ao ouvi-la. Afinal aquele disco também tinha poucas faixas (seis, enquanto este tem sete) e começava com uma canção com cerca de dez minutos.
"Blackstar" começa soturna e assustadora com a voz dobrada do cantor em primeiro plano - ouvimos o seu timbre grave fazendo um "dueto" com outro mais agudo alterado eletronicamente. Ela segue assim por vários minutos, até que uma segunda parte mais melódica e - digamos - esperançosa, surge para nos dar uma sensação de alento. Ainda assim, o clima de estranheza nunca nos abandona e é difícil tirar o assustador cântico "I'm a blackstar" da cabeça depois de ouvi-la.
Ouça
"'Tis a Pity She Was a Whore"
Essa já havia sido lançada no ano retrasado como lado B de um single em vinil. Mas ela não é a mesma versão. Longe disso. Bowie regravou completamente a música e fez a antiga gravação parecer uma mera demo tape, um ensaio para a sua versão definitiva. Aqui o saxofone de Donny McCaslin começa a aparecer com mais destaque, uma posição que será mantida no decorrer do disco. O ritmo quebrado, cortesia de Mark Guiliana, também chama a atenção
"Lazarus"
A segunda faixa mais longa do disco, esta também faz parte do musical homônimo que está em cartaz em Nova York atualmente. "Lazarus" é uma balada melancólica e dramática que conta novamente com o saxofone como instrumento proeminente. Lembrando um pouco as canções que Bowie lançou no início da década passada ela dá sinal de que poderá ser lembrada como uma de suas melhores composições de seu período "pós-sumiço".
Ouça:
"Sue (Or In a Season Of Crime)"
Outra que os fãs já conheciam em outra encarnação, "Sue..." saiu como single e faixa extra da coletânea "Nothing Has Changed" de 2014. Mas, novamente, a música foi regravada. Ela agora ficou mais enxuta sem o arranjo orquestral de Maria Schenider - foi através dela que o artista conheceu McCaslin - mas o clima claustrofóbico segue intacto. Novamente quem brilha é o baterista Mark Guiliana que construiu um ritmo quase que de drum 'n' bass para a faixa.
"Girl Loves Me"
Uma canção um tanto sombria com um clima industrial, esta faixa também merece destaque pela sua letra, cheia de termos em "nadsat", a língua falada pelos personagens de "A Laranja Mecânica", o clássico livro de Anthony Burgess (1962).
"Dollar Days"
Uma balada, talvez a mais bela do disco, esta traz a faceta mais melancólica de Bowie. Novamente quem brilha na canção é o saxofonista McCaslin que pode solar em diversos momentos da faixa.
"I Can't Give Everything Away"
O disco se encerra de foram mais tradicional, com essa canção bastante melódica com toda pinta de single. Outra grande música, ela fecha com maestria um álbum que pode não ser tão imediato quando o anterior, mas que certamente se insere entre os grandes álbuns do britânico.
Se levarmos em conta que ele fez alguns dos melhores e mais importantes álbuns do rock - a revista Uncut acabou de colocar sete trabalhos dele em sua lista com os "200 melhores discos de todos os tempos - fica claro que isso definitivamente não é pouca coisa.
"Blackstar" está sendo lançado em CD e em uma luxuosa edição em vinil. Ele também foi disponibilizado nas plataformas de streaming musical e todas suas faixas foram colocada no canal do músico na Vevo.
A surpresa se deu pelo fato do artista ter basicamente sumido de vista durante esse período, a ponto de sua aposentadoria definitiva já estar sendo considerada um fato. Hoje, Bowie completa 69 anos e está celebrando a data com mais um lançamento: o belíssimo - e um tanto estranho - "Blackstar".
Se "The Next Day" era um álbum mais direto e facilmente classificado como "de rock", o novo disco vai em uma linha totalmente diferente. A grande diferença é que aqui ele resolveu abandonar os músicos que o acompanharam no trabalho anterior e chamou o saxofonista Donny McCaslin - bastante renomado no circuito de jazz moderno - e os acompanhantes de sua banda, para tocarem no disco.
O vínculo com o passado é mantido com o produtor Tony Visconti, dando sequência a uma parceria que, entre idas e vindas, já dura mais de 40 anos.
As primeiras resenhas deram a entender que "Blackstar" era um disco radical, extremamente intrincado e de difícil digestão. Mas no final das contas, não é bem esse o caso. É claro que ele passa longe do pop radiofônico que caracterizou os trabalhos de Bowie nos anos 80, mas o álbum no geral é bem mais melódico do que se poderia imaginar.
Ele prova que Bowie ainda tem muito o que dizer e segue como um artista visionário e fundamental dos nossos tempos.
Saiba como são as sete faixas do trabalho.
"Blackstar"
Lançada no ano passado como single, essa é a faixa mais radical do álbum. É difícil não se lembrar de "Station to Station" (seu álbum de 1976) ao ouvi-la. Afinal aquele disco também tinha poucas faixas (seis, enquanto este tem sete) e começava com uma canção com cerca de dez minutos.
"Blackstar" começa soturna e assustadora com a voz dobrada do cantor em primeiro plano - ouvimos o seu timbre grave fazendo um "dueto" com outro mais agudo alterado eletronicamente. Ela segue assim por vários minutos, até que uma segunda parte mais melódica e - digamos - esperançosa, surge para nos dar uma sensação de alento. Ainda assim, o clima de estranheza nunca nos abandona e é difícil tirar o assustador cântico "I'm a blackstar" da cabeça depois de ouvi-la.
Ouça
"'Tis a Pity She Was a Whore"
Essa já havia sido lançada no ano retrasado como lado B de um single em vinil. Mas ela não é a mesma versão. Longe disso. Bowie regravou completamente a música e fez a antiga gravação parecer uma mera demo tape, um ensaio para a sua versão definitiva. Aqui o saxofone de Donny McCaslin começa a aparecer com mais destaque, uma posição que será mantida no decorrer do disco. O ritmo quebrado, cortesia de Mark Guiliana, também chama a atenção
"Lazarus"
A segunda faixa mais longa do disco, esta também faz parte do musical homônimo que está em cartaz em Nova York atualmente. "Lazarus" é uma balada melancólica e dramática que conta novamente com o saxofone como instrumento proeminente. Lembrando um pouco as canções que Bowie lançou no início da década passada ela dá sinal de que poderá ser lembrada como uma de suas melhores composições de seu período "pós-sumiço".
Ouça:
"Sue (Or In a Season Of Crime)"
Outra que os fãs já conheciam em outra encarnação, "Sue..." saiu como single e faixa extra da coletânea "Nothing Has Changed" de 2014. Mas, novamente, a música foi regravada. Ela agora ficou mais enxuta sem o arranjo orquestral de Maria Schenider - foi através dela que o artista conheceu McCaslin - mas o clima claustrofóbico segue intacto. Novamente quem brilha é o baterista Mark Guiliana que construiu um ritmo quase que de drum 'n' bass para a faixa.
"Girl Loves Me"
Uma canção um tanto sombria com um clima industrial, esta faixa também merece destaque pela sua letra, cheia de termos em "nadsat", a língua falada pelos personagens de "A Laranja Mecânica", o clássico livro de Anthony Burgess (1962).
"Dollar Days"
Uma balada, talvez a mais bela do disco, esta traz a faceta mais melancólica de Bowie. Novamente quem brilha na canção é o saxofonista McCaslin que pode solar em diversos momentos da faixa.
"I Can't Give Everything Away"
O disco se encerra de foram mais tradicional, com essa canção bastante melódica com toda pinta de single. Outra grande música, ela fecha com maestria um álbum que pode não ser tão imediato quando o anterior, mas que certamente se insere entre os grandes álbuns do britânico.
Se levarmos em conta que ele fez alguns dos melhores e mais importantes álbuns do rock - a revista Uncut acabou de colocar sete trabalhos dele em sua lista com os "200 melhores discos de todos os tempos - fica claro que isso definitivamente não é pouca coisa.
"Blackstar" está sendo lançado em CD e em uma luxuosa edição em vinil. Ele também foi disponibilizado nas plataformas de streaming musical e todas suas faixas foram colocada no canal do músico na Vevo.