A essa altura, praticamente todas as mais importantes publicações e sites que cobrem o mundo da música já divulgaram as suas listas com os melhores álbuns de 2015.

É claro que essa opção por soltar as relações antes do final do ano implica na ausência de trabalhos lançados nessas últimas semanas - algo bastante visível nas revistas britânicas que já estavam pedindo para seus colaboradores mandarem os votos ainda em outubro.

Apesar disso, no final, as listas acabam dando um bom termômetro do que foi este 2015 musicalmente falando. Um período bastante interessante e com vários discos candidatos a serem vistos como clássicos em um futuro não tão distante.

Os álbuns a seguir foram selecionados a partir de uma metodologia simples. Vimos o top 50 de quatro das principais publicações do Reino Unido (Mojo, NME, Q e Uncut) e de duas dos EUA (Rolling Stone e Spin) e cruzamos os dados. Quem apareceu em todas, ou quase todas, as listas - ou ficou no primeiro lugar - está nesse texto. Dito isso os vencedores foram...

1° - Kendrick Lamar - To Pimp A Butterfly
Kendrick Lamar
Kendrick Lamar To Pimp A Butterfly
Desde março, quando foi lançado, o terceiro disco deste rapper de 28 anos já deixava claro que as chances dele se tornar o trabalho mais importante de 2015 eram enormes.

"...Butterfly" é um álbum, longo e complexo que faz uma radiografia certeira do que é ser negro nos EUA do século 21 ao mesmo tempo em que joga o hip hop para o futuro ao misturá-lo com outros gêneros e instrumentação ao vivo.

Grande unanimidade do ano, o disco ficou no topo das listas da RS e Spin e em segundo lugar nas do NME, Mojo e Uncut.



2° - Tame Impala - Currents
Tame Impala
Tame Impala Currents
O terceiro disco da banda de Kevin Parker recebeu elogios unânimes quando saiu em julho passado. O álbum segue na atualização do rock psicodélico que fez deles uma das bandas mais incensadas dos últimos tempos. O diferencial aqui estava nas canções, bem mais acessíveis do que antes, e nas novas influências de Parker, como o pop eletrônico dos anos 80.

"Currents" foi o disco do ano para a Q e apareceu no top 5 da maioria das outras listas. Melhor ainda é saber que ano que vem eles voltarão ao Brasil. O grupo irá tocar no próximo Lollapalooza no dia 12 de março em São Paulo.



3° - Courtney Barnett - "Sometimes I Sit And Think..."
Courtney Barnett
Courtney Barnett Sometimes I Sit and Think...
Mais um disco vindo da Austrália, Barnett se firmou como uma das maiores - senão a maior - revelações de 2015.

Lançado em março, o primeiro trabalho desta cantora de 28 anos cativou a dita blogosfera e foi bastante divulgado através das redes sociais. A imprensa mainstream também acabou se rendendo às boas letras da artistas e à sua sonoridade que presta tributo ao rock alternativo dos anos 90 (Liz Phair), mas não só.

"Sometimes..." foi o segundo disco de 2015 para a Spin e pontuou bem nas outras listas.



4° - Father John Misty - I Love You, Honeybear
Father John Misty
Father John Misty I Love You, Honeybear
2015 foi o ano em que o americano J. Tillman - vulgo Father John Misty, tornou-se mais conhecido, ainda que não exatamente onipresente.

Em seu segundo trabalho lançado sob o seu pseudônimo, o americano, seguiu fazendo a sua versão bastante pessoal da música americana de raiz, mas não só.

"...Honeybear", que saiu em fevereiro, é um dos discos mais bonitos de 2015 e o fato dele estar presente nestas listas de melhores do ano deverá levar mais gente a ouvi-lo. Tomara.



5° - The Magic Whip - Blur
Blur
Blur The Magic Whip
Lançado no final de abril, este é um álbum que quase ninguém imaginou que fosse sair, já que tudo indicava que o Blur só iria mesmo fazer turnês esporádicas daqui para a frente.

Que além de ter chegado às lojas, o primeiro álbum do quarteto em 12 anos, tenha se mostrado um trabalho tão rico foi um pequeno milagre.

Assim, não surpreende vê-lo presente nas listas britânicas. A novidade foi ver os americanos também se rendendo ao charme do grupo.



Outros destaques

Jamie xx
Outros dois álbuns também apareceram em todas as listas, ainda que em posições mais baixas. "No Cities To Love", o disco que marcou o retorno do trio feminino Sleater-Kinney aos estúdios, foi, merecidamente, lembrado, principalmente por mostrar que mesmo depois de 20 anos elas seguem viscerais e talentosíssimas. "B'lieve I'm Goin Down..." do prolífico Kurt Vile também mereceu destaque. O americano faz uma música que junta indie, psicodelia, rock clássico e mais.

Igualmente bem lembrados, ainda que não de forma unânime, estão o eletrônico "In Colour" de Jamie xx (ao lado) (terceiro lugar para NME, Q e Spin), "Carrie and Lowell", belo trabalho acústico de Sufjan Stevens (3° para a Uncut e 10° para a Mojo) e o misterioso "Divers" de Joanna Newsom.

Finalmente, os dois destaques finais. "Have You in My Wilderness", belíssimo disco da americana Julia Holter arrebatou os críticos ingleses que escrevem para as revistas mais "adultas". Para a Mojo e a Uncut foi esse o grande álbum de 2015, enquanto para a Q ele só perdeu para o Tame Impala. Já os americanos ignoraram por completo o trabalho.

Já "Art Angels" da canadense Grimes ficou no topo da lista do NME - um disco que certamente teria aparecido nas outras listagens se tivesse saído um pouco antes (a Spin ainda conseguiu colocá-lo na 26ª posição).

Ouça uma playlist com músicas de todos os discos citados nesse texto!