Aproveitando que Morrissey está de volta ao Brasil para uma série de shows e também que os Smiths estão entre os pré-indicados para fazer parte do Rock And Roll Hall Of Fame, o Vagalume publica aqui um guia com a discografia completa da banda e também de seu vocalista, que desde 1988 está em bem sucedida carreira solo.
Nos pouco anos em que ficaram juntos - entre 1982 e 1987 - Morrissey, o guitarrista e compositor Johnny Marr, o baixista Andy Rourke e o baterista Mike Joyce, ajudaram a moldar boa parte do rock feito desde então.
Com sua música de difícil classificação e, coisa rara, bastante original, eles podem ser orgulhar de terem criado uma série de canções que, hoje, forma um dos catálogos mais celebrados do pop moderno .
As linhas melódicas criadas por Marr - que rompiam com o padrão vigente mais duro e radical do pós punk que por volta de 1983 já demonstrava cansaço - funcionavam como o invólucro perfeito para as letras e melodias criadas por Morrissey.
No final, foi uma pena eles terem acabado em 1987, bem quando haviam assinado um contrato com a EMI, o que certamente os levaria o superestrelato.
Por outro lado, eles conseguiram manter uma certa "pureza", já que toda sua obra acabou saindo originalmente por um selo independente - o Rough Trade.
O quarteto também ajudou a tornar ainda mais mítica a cidade de Manchester, que já havia nos dado, entre outros, os Buzzcocks, o The Fall e a dobradinha Joy Division/New Order. Nos anos seguintes vários fenômenos, locais e globais, também saíram de lá - de Stone Roses ao Oasis.
Conheça agora os discos lançados pela banda e saiba um pouco mais sobre eles:
The Smiths - 1983
A estreia da banda, tem inegáveis problemas de produção. O quarteto definitivamente não se acertou com John Porter - que deixou as faixas um tanto sem brilho.
Mas a força das composições de Morrissey e Johnny Marr está toda aqui e elas são boas o bastante para se sobressair mesmo nessas condições um tanto desfavoráveis.
Não a toa, seis dessas faixas reapareceriam pouco depois em versões mais cruas na compilação "Hatful Of Hollow" - o disco que melhor resume a primeira fase dos Smiths.
Meat Is Murder - 1985
Esse talvez seja o disco menos celebrado da banda, certamente por não ter um grande hit single entre as suas faixas. Ainda assim, ele traz canções queridas pelos fãs e seus integrantes - "The Headmaster Ritual" andou presente nos shows de Marr e Morrissey anda cantando "What She Said" com frequência.
O trabalho de qualquer forma é marcado pela sua assustadora faixa título, um vigoroso libelo pela causa animal. Morrissey sempre a canta em seus shows enquanto um vídeo com cenas de revirar o estômago filmadas em diversos abatedouros é exibido no telão
The Queen Is Dead - 1986
A grande obra-prima da banda, que foi eleito recentemente o melhor álbum de todos os tempos pelo NME. A posição pode certamente ser discutida, mas não o brilhantismo do álbum onde a parceria Morrissey/Marr atinge o seu ápice.
"The Queen is Dead" tem vários hits, incluindo "The Boy With The Thorn In His Side" - que apresentou a banda aos brasileiros e "Bigmouth Strikes Again". Igualmente poderosas são a faixa título e "There Is A Light That Never Goes Out" que está entre as duas ou três melhores músicas feitas por eles.
Strangeways, Here We Come - 1987
O derradeiro disco da banda mostra que eles ainda estavam em plena evolução quando subitamente encerraram sua carreira definitivamente.
Muito bem produzido, o disco mostra que a banda se aventurando por outros estilos - "Girlfriend In A Coma" tem um quê de reggae, "Death Of A Disco Dancer envereda pela psicodelia e "Last Night I Dreamt That Somebody Loved Me" é uma doída e sofisticada balada. Ele também tem o derradeiro hino indie da banda, a ótima "Stop Me If You Think You've Heard This One Before".
Outros discos:
Hatful Of Hollow - 1984
Os Smiths produziram muito dado o pouco tempo em que ficaram juntos. Além dos álbuns foram vários singles com canções inéditas e sessões de rádio que também foram lançadas comercialmente.
O já citado "Hatful Of Hollow" de 1984 tem faixas que só haviam saído em singles e versões mais encorpadas de canções já lançadas em compacto ou no disco de estreia do grupo gravadas para sessões especiais da rádio BBC. "Hatful..." também tem "How Soon Is Now?" que muitos fãs e críticos consideram a melhor canção da banda.
"The World Won't Listen - 1987
Lançado em 1987, "The World Won't Listen" junta novamente faixas que só haviam saído em compactos, seja no lado A - caso dos sucessos "Panic" e "Ask" - ou B ("Asleep", "Half A Person"...). Infelizmente o disco também tem desnecessariamente músicas que já haviam saído nos álbuns anteriores deles.
Nos EUA a gravadora optou por lançar um álbum duplo chamado "Louder Than Bombs". Este junta o material inédito de "The World..." com faixas que ainda não haviam sido lançadas por lá, o que torna essa edição bem mais interessante para os fãs.
Rank - 1988
Lançado depois do fim da banda como forma de cumprir o contrato deles com a Rough Trade, "Rank", é um bom álbum ao vivo gravado durante a turnê de "The Queen Is Dead" - a última feita pelo grupo.
O disco tem 13 das 20 músicas tocadas no concerto e capta a banda em excelente fase, naquele que seria, ainda que eles não imaginassem, uma de suas derradeiras apresentações. A se lamentar apenas o fato de até hoje eles não terem lançado a íntegra do concerto ou sua versão em vídeo, já que o show foi filmado.
Morrissey - Os álbuns
Pouco antes de encerrar suas atividades, os Smiths haviam assinado um excelente contrato com a EMI, que, desse forma, se viu não mais com uma banda, mas com um artista solo, o vocalista Morrissey.
Para sua sorte, a gravadora terminou com um artista viável comercialmente e que, mostrou que tinha capacidade para seguir sozinho mesmo sem o seu parceiro de composição - lembrando que nos Smiths Moz escrevia as letras e ajudava a criar as melodias para as peças tramadas por Johnny Marr.
Apesar de ter-se mantido uma pessoa polêmica e com uma carreira com alguns pontos baixos, a discografia solo do cantor é bem homogênea e digna, com mais acertos que tropeços, ainda que por poucas vezes ele tenha atingido o mesmo nível de excelência que conseguiu nos Smiths.
Além de várias coletâneas, compilações com lados B de singles e discos ao vivo. Moz lançou dez álbuns de estúdio entre 1988 e 2014. Para fins práticos eles podem ser divididos em três grupos.
A primeira fase então engloba os discos "Viva Hate", "Kill Uncle", "Your Arsenal" e "Vauxhal And I". Todos, com exceção do segundo, considerados alguns de seus melhores trabalhos.
"Viva Hate" de 1988 tem os hits "Suedehead" e "Everyday Is Like Sunday" e foi uma bela estreia.
"Your Arsenal" de 1992 saiu quando ele estava em baixa na Inglaterra, mas lotava ginásios e arenas ao redor da América. Ele foi produzido pelo lendário Mick Ronson (guitarrista de David Bowie na fase Ziggy Stardust), é marcado pela forte influência do rockabilly e é um de seus discos mais inspirados.
"Vauxhall And I" de 1994, talvez seja a grande obra-prima solo dele. Com bela produção de Steve Lillywhite (U2), o álbum fez com que ele se reencontrasse com o público e crítica do Reino Unido.
Mas para atingir esses picos, Moz também precisou gravar aquele que é tido como o seu pior álbum, "Kill Uncle" de 1991, que vendeu pouco e foi, no geral, vítima de algumas de suas piores críticas. O próprio Morrissey em sua autobiografia diz que esse é o disco pelo qual ninguém se importa, "o patinho feio" de sua discografia.
Nos anos 90 Moz lançou outros dois discos que não fizeram muito sucesso com o público e/ou os críticos. Curiosamente foram os discos lançados no auge do Britpop, quando o pop e o rock inglês foram tomados por uma onda de patriotismo e orgulho bretão.
O mais engraçado é que em 1992 ele foi acusado de estar se aproximando da extrema direita depois de agitar uma bandeira da Inglaterra durante um concerto. As mesmas bandeiras que pouco depois estavam em todos os cantos ao lado de slogans do tipo "Cool Britannia".
Divagações à parte, esses dois trabalhos - "Southpaw Grammar" de 1995 e "Maladjusted" de 1997 têm os seus momentos de brilho, ainda que sejam discos mais irregulares que seus antecessores imediatos.
Depois da frieza com que esses discos foram recebidos, Moz decidiu dar um tempo com sua carreira discográfica. Nesse tempo ele fez shows - inclusive no Brasil em 2000 - e ficou esperando melhor momento para que pudesse retornar com estilo.
A hora chegou em 2004, com o potente, e muito elogiado, "You Are The Quarry", um de seus melhores trabalhos e digno de figurar nas listas de melhores discos da primeira década do novo século.
"Ringleader Of The Tormentors" de 2006 também era um bom disco, mas foi recebido com menor entusiasmo, de resto algo comum para artistas que seguem lançando discos depois de um "renascimento".
"Years of Refusal" de 2009 também foi recebido com moderação, e críticas do tipo "esse não é o melhor disco dele, mas também não é o pior". Em resumo, Morrissey havia conseguido criar um estilo único e todo seu, por outro lado ele também tinha se tornado um tanto previsível, um problema para um tipo de ouvinte, mas nem tanto para uma parcela de fãs e mesmo jornalistas.
E, finalmente, chegamos a "World Peace Is None of Your Business", lançado em 2014 depois de mais um longo hiato, causado, segundo o cantor, pelo total desinteresse da indústria fonográfica.
No final, ele conseguiu um contrato com a Harvest e o disco foi bem recebido, vendendo decentemente e marcando presença em várias listas de melhores do ano. O problema é que imediatamente ele começou a reclamar da gravadora, que, segundo ele, não promoveu o disco da maneira correta, o que acabou com suas chances de atingirem um público mais amplo.
A Harvest respondeu a tais acusações rescindindo o contrato que tinha com o artista e retirando o disco das lojas (e também dos sites de streaming e vendas digitais).
E é assim que Morrissey retorna ao Brasil depois de três anos: reclamando da indústria, dizendo que pensa em abandonar a carreira e que esses podem ser seus últimos concertos.
Pode até ser, mas é mais fácil apostar que essas declarações dramáticas tenham sido ditas sem maior consequência e que, mais cedo ou mais tarde, ele lançará outro álbum de estúdio.
Nos pouco anos em que ficaram juntos - entre 1982 e 1987 - Morrissey, o guitarrista e compositor Johnny Marr, o baixista Andy Rourke e o baterista Mike Joyce, ajudaram a moldar boa parte do rock feito desde então.
Com sua música de difícil classificação e, coisa rara, bastante original, eles podem ser orgulhar de terem criado uma série de canções que, hoje, forma um dos catálogos mais celebrados do pop moderno .
As linhas melódicas criadas por Marr - que rompiam com o padrão vigente mais duro e radical do pós punk que por volta de 1983 já demonstrava cansaço - funcionavam como o invólucro perfeito para as letras e melodias criadas por Morrissey.
Divulgação
O vocalista também rompeu padrões ao escrever de forma lírica e pessoal sobre suas aflições e inseguranças. Dessa forma, a banda acabou arrebatando toda uma multidão que em absoluto se identificava com a música pop que dominava as rádios naquele momento.No final, foi uma pena eles terem acabado em 1987, bem quando haviam assinado um contrato com a EMI, o que certamente os levaria o superestrelato.
Por outro lado, eles conseguiram manter uma certa "pureza", já que toda sua obra acabou saindo originalmente por um selo independente - o Rough Trade.
O quarteto também ajudou a tornar ainda mais mítica a cidade de Manchester, que já havia nos dado, entre outros, os Buzzcocks, o The Fall e a dobradinha Joy Division/New Order. Nos anos seguintes vários fenômenos, locais e globais, também saíram de lá - de Stone Roses ao Oasis.
Conheça agora os discos lançados pela banda e saiba um pouco mais sobre eles:
The Smiths - 1983
A estreia da banda, tem inegáveis problemas de produção. O quarteto definitivamente não se acertou com John Porter - que deixou as faixas um tanto sem brilho.
Mas a força das composições de Morrissey e Johnny Marr está toda aqui e elas são boas o bastante para se sobressair mesmo nessas condições um tanto desfavoráveis.
Não a toa, seis dessas faixas reapareceriam pouco depois em versões mais cruas na compilação "Hatful Of Hollow" - o disco que melhor resume a primeira fase dos Smiths.
Meat Is Murder - 1985
Esse talvez seja o disco menos celebrado da banda, certamente por não ter um grande hit single entre as suas faixas. Ainda assim, ele traz canções queridas pelos fãs e seus integrantes - "The Headmaster Ritual" andou presente nos shows de Marr e Morrissey anda cantando "What She Said" com frequência.
O trabalho de qualquer forma é marcado pela sua assustadora faixa título, um vigoroso libelo pela causa animal. Morrissey sempre a canta em seus shows enquanto um vídeo com cenas de revirar o estômago filmadas em diversos abatedouros é exibido no telão
The Queen Is Dead - 1986
A grande obra-prima da banda, que foi eleito recentemente o melhor álbum de todos os tempos pelo NME. A posição pode certamente ser discutida, mas não o brilhantismo do álbum onde a parceria Morrissey/Marr atinge o seu ápice.
"The Queen is Dead" tem vários hits, incluindo "The Boy With The Thorn In His Side" - que apresentou a banda aos brasileiros e "Bigmouth Strikes Again". Igualmente poderosas são a faixa título e "There Is A Light That Never Goes Out" que está entre as duas ou três melhores músicas feitas por eles.
Strangeways, Here We Come - 1987
O derradeiro disco da banda mostra que eles ainda estavam em plena evolução quando subitamente encerraram sua carreira definitivamente.
Muito bem produzido, o disco mostra que a banda se aventurando por outros estilos - "Girlfriend In A Coma" tem um quê de reggae, "Death Of A Disco Dancer envereda pela psicodelia e "Last Night I Dreamt That Somebody Loved Me" é uma doída e sofisticada balada. Ele também tem o derradeiro hino indie da banda, a ótima "Stop Me If You Think You've Heard This One Before".
Outros discos:
Hatful Of Hollow - 1984
Os Smiths produziram muito dado o pouco tempo em que ficaram juntos. Além dos álbuns foram vários singles com canções inéditas e sessões de rádio que também foram lançadas comercialmente.
O já citado "Hatful Of Hollow" de 1984 tem faixas que só haviam saído em singles e versões mais encorpadas de canções já lançadas em compacto ou no disco de estreia do grupo gravadas para sessões especiais da rádio BBC. "Hatful..." também tem "How Soon Is Now?" que muitos fãs e críticos consideram a melhor canção da banda.
"The World Won't Listen - 1987
Lançado em 1987, "The World Won't Listen" junta novamente faixas que só haviam saído em compactos, seja no lado A - caso dos sucessos "Panic" e "Ask" - ou B ("Asleep", "Half A Person"...). Infelizmente o disco também tem desnecessariamente músicas que já haviam saído nos álbuns anteriores deles.
Nos EUA a gravadora optou por lançar um álbum duplo chamado "Louder Than Bombs". Este junta o material inédito de "The World..." com faixas que ainda não haviam sido lançadas por lá, o que torna essa edição bem mais interessante para os fãs.
Rank - 1988
Lançado depois do fim da banda como forma de cumprir o contrato deles com a Rough Trade, "Rank", é um bom álbum ao vivo gravado durante a turnê de "The Queen Is Dead" - a última feita pelo grupo.
O disco tem 13 das 20 músicas tocadas no concerto e capta a banda em excelente fase, naquele que seria, ainda que eles não imaginassem, uma de suas derradeiras apresentações. A se lamentar apenas o fato de até hoje eles não terem lançado a íntegra do concerto ou sua versão em vídeo, já que o show foi filmado.
Morrissey - Os álbuns
Pouco antes de encerrar suas atividades, os Smiths haviam assinado um excelente contrato com a EMI, que, desse forma, se viu não mais com uma banda, mas com um artista solo, o vocalista Morrissey.
Para sua sorte, a gravadora terminou com um artista viável comercialmente e que, mostrou que tinha capacidade para seguir sozinho mesmo sem o seu parceiro de composição - lembrando que nos Smiths Moz escrevia as letras e ajudava a criar as melodias para as peças tramadas por Johnny Marr.
Apesar de ter-se mantido uma pessoa polêmica e com uma carreira com alguns pontos baixos, a discografia solo do cantor é bem homogênea e digna, com mais acertos que tropeços, ainda que por poucas vezes ele tenha atingido o mesmo nível de excelência que conseguiu nos Smiths.
Além de várias coletâneas, compilações com lados B de singles e discos ao vivo. Moz lançou dez álbuns de estúdio entre 1988 e 2014. Para fins práticos eles podem ser divididos em três grupos.
A primeira fase então engloba os discos "Viva Hate", "Kill Uncle", "Your Arsenal" e "Vauxhal And I". Todos, com exceção do segundo, considerados alguns de seus melhores trabalhos.
"Viva Hate" de 1988 tem os hits "Suedehead" e "Everyday Is Like Sunday" e foi uma bela estreia.
"Your Arsenal" de 1992 saiu quando ele estava em baixa na Inglaterra, mas lotava ginásios e arenas ao redor da América. Ele foi produzido pelo lendário Mick Ronson (guitarrista de David Bowie na fase Ziggy Stardust), é marcado pela forte influência do rockabilly e é um de seus discos mais inspirados.
"Vauxhall And I" de 1994, talvez seja a grande obra-prima solo dele. Com bela produção de Steve Lillywhite (U2), o álbum fez com que ele se reencontrasse com o público e crítica do Reino Unido.
Mas para atingir esses picos, Moz também precisou gravar aquele que é tido como o seu pior álbum, "Kill Uncle" de 1991, que vendeu pouco e foi, no geral, vítima de algumas de suas piores críticas. O próprio Morrissey em sua autobiografia diz que esse é o disco pelo qual ninguém se importa, "o patinho feio" de sua discografia.
Nos anos 90 Moz lançou outros dois discos que não fizeram muito sucesso com o público e/ou os críticos. Curiosamente foram os discos lançados no auge do Britpop, quando o pop e o rock inglês foram tomados por uma onda de patriotismo e orgulho bretão.
O mais engraçado é que em 1992 ele foi acusado de estar se aproximando da extrema direita depois de agitar uma bandeira da Inglaterra durante um concerto. As mesmas bandeiras que pouco depois estavam em todos os cantos ao lado de slogans do tipo "Cool Britannia".
Divagações à parte, esses dois trabalhos - "Southpaw Grammar" de 1995 e "Maladjusted" de 1997 têm os seus momentos de brilho, ainda que sejam discos mais irregulares que seus antecessores imediatos.
Depois da frieza com que esses discos foram recebidos, Moz decidiu dar um tempo com sua carreira discográfica. Nesse tempo ele fez shows - inclusive no Brasil em 2000 - e ficou esperando melhor momento para que pudesse retornar com estilo.
A hora chegou em 2004, com o potente, e muito elogiado, "You Are The Quarry", um de seus melhores trabalhos e digno de figurar nas listas de melhores discos da primeira década do novo século.
"Ringleader Of The Tormentors" de 2006 também era um bom disco, mas foi recebido com menor entusiasmo, de resto algo comum para artistas que seguem lançando discos depois de um "renascimento".
"Years of Refusal" de 2009 também foi recebido com moderação, e críticas do tipo "esse não é o melhor disco dele, mas também não é o pior". Em resumo, Morrissey havia conseguido criar um estilo único e todo seu, por outro lado ele também tinha se tornado um tanto previsível, um problema para um tipo de ouvinte, mas nem tanto para uma parcela de fãs e mesmo jornalistas.
E, finalmente, chegamos a "World Peace Is None of Your Business", lançado em 2014 depois de mais um longo hiato, causado, segundo o cantor, pelo total desinteresse da indústria fonográfica.
No final, ele conseguiu um contrato com a Harvest e o disco foi bem recebido, vendendo decentemente e marcando presença em várias listas de melhores do ano. O problema é que imediatamente ele começou a reclamar da gravadora, que, segundo ele, não promoveu o disco da maneira correta, o que acabou com suas chances de atingirem um público mais amplo.
A Harvest respondeu a tais acusações rescindindo o contrato que tinha com o artista e retirando o disco das lojas (e também dos sites de streaming e vendas digitais).
E é assim que Morrissey retorna ao Brasil depois de três anos: reclamando da indústria, dizendo que pensa em abandonar a carreira e que esses podem ser seus últimos concertos.
Pode até ser, mas é mais fácil apostar que essas declarações dramáticas tenham sido ditas sem maior consequência e que, mais cedo ou mais tarde, ele lançará outro álbum de estúdio.