David Gilmour - Rattle That Lock
David Gilmour
David Gilmour Rattle That Lock
O quarto álbum solo do eterno guitarrista do Pink Floyd não traz muitas novidades para quem conhece bem o trabalho do músico.

Ou seja, temos, canções instrumentais de pegada ambient, canções mais climáticas, baladas, uma ou outra música mais suingada - como a faixa-título, curiosamente inspirada no toque ouvido nas estações de trem parisienses.

Obviamente isso não é defeito, até porque Gilmour é daqueles artistas extremamente meticulosos.

David Gilmour letras
"Rattle That Lock" , que acaba de estrear no topo da parada britânica, é no geral, um belo trabalho, bem composto, produzido e arranjado e que mostra o guitarrista em sua plenitude enquanto músico e capaz de se arriscar em novos formatos. um bom exemplo disso sendo a boa "The Girl In the Yellow Dress" de pegada jazzística.

Mais importante, é graças a esse disco que finalmente teremos a chance de vê-lo no Brasil. Por conta disso, podem apostar que esse álbum vai ganhar um enorme peso por aqui nos anos que virão. Isso porque o guitarrista está tocando várias de suas músicas nos shows entre os clássicos obrigatórios do Floyd, o que deverá tornar essas músicas muito queridas pelos brasileiros.

Se você está entre os felizardos que conseguiram ingresso para um de seus quatro shows brasileiros, chega a ser desnecessário pedir para ouvirem com atenção o disco. Mas mesmo quem não vai assisti-lo ou não se considera um grande fã, provavelmente irá gostar de ao menos algumas dessas faixas.

Ouça "Rattle That Lock" com David Gilmour presente no álbum de mesmo nome





Lana Del Rey - Honeymoon
Lana Del Rey
Lana Del Rey Honeymoon
Esse pode não ser um disco de fácil audição, mas ele não deixa de ser surpreendente. Ele é ainda mais triste e sombrio que o seu último lançamento, o belo "Ultraviolence" do ano passado, que convenceu muita gente de que Lana não era só um rostinho bonito desesperado em busca de credibilidade.

Ou seja, quem está atrás de canções dançantes, hits pop ou mesmo apenas um punhado de músicas que funcionem como pano de fundo, podem esquecer. "Honeymoon" é daqueles discos que precisam ser ouvidos com atenção para que faça sentido.

Lana Del Rey
Lana cada vez mais se mostra uma grande seguidora/herdeira da tradição das torch singers - as artistas especialistas em baladas dilaceradas e tristes que sempre foram parte do cenário musical desde o início do século passado.

O álbum também prova que os méritos do álbum anterior não foram apenas do produtor Dan Auerbach (dos Black Keys). O novo disco foi basicamente composto e produzido pela cantora ao lado de Rick Nowels - que teve participação discreta em "Ultraviolence" - e de Kieron Menzies.

Como já deu para notar, esse não é daqueles discos que podem ser resumidos em uma ou duas músicas.

Ainda assim, vale destacar a faixa título ou a bela versão feita para a clássica "Don't Let Me Be Misunderstood" - aliás surpreende como ela consegue trazer algum frescor para uma canção como essa que já teve diversas versões de sucesso ou "definitivas".

Ouça "High By The Beach" com Lana Del Rey presente no álbum "Honeymoon"





Ryan Adams - 1989
Ryan Adams
Ryan Adams 1989
Quando há alguns meses Ryan Adams anunciou que estava regravando o mais recente álbum de Taylor Swift faixa a faixa, muita gente achou que ele estava de piada ou que iria se cansar antes de terminar o serviço.

Mas, eis que aqui está o disco, que se mostra muito divertido, seja você fã de Ryan ou de Taylor.

Na verdade a ideia de pegar hits do mundo pop e adaptá-las como canções indie não chega a ser novidade.


Ryan Adams
Rapidamente podemos citar as regravações que o Fountains Of Wayne fez de "Baby One More Time" de Britney Spears de Britney Spears ou o Sonic Youth usando a alcunha Ciccone Youth para subverter "Into The Groove" de Madonna.

Quando revelou que estava envolvido nesse projeto, Adams disse que estava reimaginando o megassucesso de Swift como um disco indie dos anos 80 ou como "Nebraska", o soturno álbum que Bruce Springsteen gravou sozinho em seu quarto lançado em 1982.

Ryan Adams
De fato, o clima aqui é de baixa fidelidade - Ryan disse que usou o mesmo gravador de quatro canais utilizado por Bruce - mas bem mais expansivo. O outro temor é que o "1989" "dele" soasse como uma piada - como aquele famoso esquete em que Springsteen e Jimmy Fallon cantam "Whip My Hair".

Felizmente, não é isso o que temos aqui. O cantor, um dos mais queridos da cena "alt-country", se mostra um verdadeiro fã das composições de Swift e as reimagina de maneira surpreendente.

A influência de Springsteen é realmente clara, mas é a versão mais pop do cantor - não confundir com a populista - que parecem ser a verdadeira inspiração para essas covers.

"1989" é obviamente um exercício, mas que se revela mais interessante do que se podia imaginar. Se ele fizer com que ao menos uma parcela de quem admira Taylor Swift ouça os seus discos anteriores ("Heartbreaker", seu primeiro disco solo é uma excelente porta de entrada) e vice-versa, o esforço dele já valeu a pena.

Ouça a cover de "Bad Blood" feita por Ryan Adams para a sua versão de "1989"