The Libertines - Anthems for Doomed Youth
Quando a maioria dos fãs já havia praticamente desistido de ver Pete Dohertty e Carl Barat reunidos novamente em estúdio, eis que finalmente o terceiro álbum dos Libertines finalmente se materializou, mais de uma década depois de seu último lançamento ( álbum homônimo de 2004).
Óbvio que muita coisa mudou no mundo da música - e na de seus integrantes - nesses onze anos. Muitas bandas e modas surgiram (e desapareceram) e o próprio mercado transformou-se radicalmente nesse período.
Também não dá para ignorar o fato de que os Arctic Monkeys acabaram por assumir o posto, que muito provavelmente lhes pertenceria - de forma semelhante à maneira como o Oasis acabou "tomando o lugar" dos Stone Roses.
Apesar disso, o futuro deles parece, talvez pela primeira vez, iluminado. O álbum de retorno vai agradar os fãs de longa data, e tem potencial para atrair uma nova geração de ouvintes para o indie punk da banda, que, de maneira geral, segue como a sonoridade típica do grupo.
Anthems for Doomed Youth foi bastante elogiado pela imprensa, e não foram poucos os críticos que disseram que esse pode muito bem ser o melhor disco já lançado por eles.
Exagero ou não, a afirmação faz sentido. É claro que os dois discos da banda foram importantíssimos para o rock britânico da década passada.
Por outro lado, a opção de deixarem um certo clima de caos tomar conta das gravações sempre dava a impressão de que eles poderiam render mais em um clima, digamos, mais profissional.
É mais ou menos isso o que vemos aqui. Um Libertines mais domado, mas nem por isso domesticado. O quarteto segue mostrando talento para criar faixas com bons riffs e de grande qualidade melódica. O resultado é um trabalho que tem potencial para restabelecer a banda na sua terra natal e também para expandi-la em outros territórios, incluindo o americano.
Mas, para isso, será preciso que Pete Doherty siga na linha, afinal foi o seu notório, e aparentemente incontrolável, vício por drogas pesadas, que atravancaram a escalada do quarteto quando o sucesso de massas global parecia estar lhes acenando.
Ouça "Gunga Din" com os Libertines presente no álbum "Anthems for Doomed Youth"
Duran Duran - Paper Gods
A maior prova que se pode ter da importância do Duran Duran para o pop moderno está na lista de colaboradores que demonstram interesse em gravar com eles. Desde 2000, quando retomaram a formação original, a lista impressiona.
"Paper Gods" tem faixas produzidas por Mark Ronson e Nile Rodgers - com quem eles já haviam trabalhado - e pontas de Lindsay Lohan, Janelle Monáe e John Frusciante. No disco, ouve-se o som clássico do quarteto - o guitarrista Andy Taylor voltou a deixá-los em 2006 - adaptado para os nossos dias.
Esse 14° álbum deles, obviamente não consegue superar seus dois primeiros, e clássicos, trabalhos. Mas se sai bem quando colocados lado a lado com praticamente tudo o que eles lançaram desde então.
O álbum se equilibra bem entre o lado pop, o funkeado - cortesia de Rodgers naturalmente - e até o experimental. Completando o pacote, temos ainda mais uma grande balada - "What Are The Chances?" - boa o bastante para figurar ao lado das clássicas "Save A Prayer e "Ordinary World".
Dessa forma, eles conseguiram se sair com um trabalho que agradará os velhos fãs mas que também pode ser apreciado pelos ouvintes mais jovens, que sequer eram nascidos quando eles já eram considerados veteranos.
Ouça "Pressure Off" com o Duran Duran presente no álbum "Paper Gods"
Beirut - No No No
Os fãs de Zach Condon que precisaram esperar quatro anos por um novo trabalho do Beirut certamente estão aliviados de finalmente poder ter em mãos o quarto álbum de estúdio da banda.
Eles talvez só estejam lamentando o fato de "No No No" ter apenas nove músicas e menos de 30 minutos de duração.
Apesar do pouco tempo, cada um desses segundos é bastante precioso, mostrando uma nova faceta de Condom.
O uso dos metais inspirados na música dos Balcãs, a marca registrada dos discos anteriores, estão presentes, mas de forma mais discreta. O que se ouve aqui são faixas melódicas, algumas mais melancólicas e outras franca e deliciosamente pop.
O disco dá a impressão de ser um trabalho de transição. Se for isso mesmo, só nos resta torcer para que o próximo disco não demore tanto, afinal são de talentos como o de Zach Condon que a música pop anda precisando mais e mais.
Ouça "No No No" com o Beirut presente no álbum de mesmo nome da banda