Capital Inicial - Viva A Revolução
Capital Inicial
Capital Inicial Viva A Revolução
Depois de anos e anos sendo negligenciados pela nossa indústria, parece que finalmente as gravadoras resolveram voltar a investir nos EPs, um formato que viveu momentos de auge nos anos 60 e 70 (quando eram chamados "compactos duplos" e traziam quatro músicas) e nos 80 - já em 12 polegadas e com seis ou sete músicas.

Vale até lembrar que um dos grandes clássicos do rock brasileiro feitos por uma banda de Brasília é justamente "O Concreto Já Rachou" da Plebe Rude (1986).

Curiosamente, o Capital Inicial, que estreou em disco com um compacto de sete polegadas, nunca havia lançado um EP até agora. Mas enfim, antes tarde do que nunca. "Viva A Revolução" é, como disse o vocalista Dinho em entrevista exclusiva para o Vagalume, um trabalho cheio de novidades.

Além do formato, que barateia bastante o preço, o disco também é marcado pelas participações especiais de Thiago Castanho e do pessoal do ConeCrewDiretoria. O ex-guitarrista do Charlie Brown Jr. ajudou a compor duas faixas e também toca em uma delas -a balada "Coração Vazio". Os rappers cariocas, por sua vez, aparecem em uma das duas versões da faixa título que estão no trabalho. O EP também é bem eclético, e cada uma de suas faixas diferem bastante entre si.

Capital Inicial
Capital Inicial Yves Passarell, Flávio Lemos, Dinho e Fê Lemos
Mas, a presença que ajuda a tornar esse mini-álbum em algo que vai além de "mais um disco do Capital", é mesmo a de Liminha. O produtor só havia trabalhado uma única vez com a banda - justamente o tal compacto de sete polegadas que falamos acima. O single com "Descendo o Rio Nilo" e "Leve Desespero" de 1985 não fez o sucesso esperado e fez com a gravadora dispensasse a banda, que precisou esperar mais um ano - e um novo selo - para finalmente lançar seu disco de estreia.

Liminha é daqueles produtores que não se limitam a simplesmente gravar a banda, participando ativamente dos arranjos e sugerindo mudanças por vezes radicais nas canções. É um modo de trabalhar que pode não agradar muitos artistas, mas que aqui certamente deu certo - é só notar como as canções aqui soam com um grande peso e trazem uma enorme riqueza de detalhes.

Mas, apesar dessa "mão pesada", como disse Dinho, é bom salientar que o trabalho de Liminha em momento algum descaracteriza a banda.

"Viva A Revolução" dessa forma, tem tudo para agradar não só os fãs da banda e de rock nacional, mas também aquele público que em algum momento curtiu o grupo, mas, por algum motivo qualquer, havia parado de acompanhar os seus novos lançamentos.

Ouça "Melhor do Que Ontem" com o Capital Inicial presente no EP "Viva A Revolução"





La Roux - Trouble In Paradise
La Roux
La Roux Trouble in Paradise
Depois de cinco anos, finalmente o segundo disco do La Roux foi lançado. A outrora dupla agora é efetivamente um projeto solo da cantora Elly Jackson, já que o produtor Ben Langmaid resolveu abandonar o barco, após muitos problemas.

Sendo assim, o parto desse "Trouble In Paradise" foi pra lá de complicado. Para que ele saísse, muita coisa acabou sendo abandonada pelo caminho - foram dois cancelamentos, antes que Jackson finalmente se desse por satisfeita e considerasse o trabalho pronto para chegar ao mercado.

La Roux letras
O mais incrível disso tudo é que, no final, o CD tenha saído tão bom, com aquela fluência que só os grandes discos possuem..

A música do La Roux segue calcada no tecnopop dos anos 80, mas, e esse é seu grande trunfo, o som nunca descamba para a ironia. Ou seja, Jackson demonstra todo seu amor pelo som daquela época, quando muitos artistas conseguiam ser simultaneamente megapopulares e de vanguarda.

Mas não pense que "Trouble In Paradise" é composto apenas por pastiches de Heaven 17 ou do Human League, longe disso. O disco soa moderno, com timbres e produção que deixam claro que esse é um trabalho feito em 2014, apesar do clima retrô.

As faixas também são uniformemente ótimas e têm enorme potencial. As nove do disco são daquelas que podem agradar o público fã de música pop mais comercial, mas também o pessoal mais descolado, o ouvinte casual e até o público mais maduro - basta ver que a revista britânica Uncut - que tem o roqueiro com mais de 30 anos como seu maior público - disse que esse é provavelmente o melhor disco pop de 2014. Será que é pra tatnto, você pode se perguntar. Uma rápida ouvida no disco basta para ver que o crítico não exagerou em seu veredito. Ao menos não muito.

Ouça "Let Me Down Gently" com La Roux presente no álbum "Trouble In Paradise"





Pollo - Sete Sete Sete
Pollo
Pollo Sete Sete Sete
O grupo de rap paulistano chega ao segundo disco com a missão de manter a popularidade alcançada com o álbum de estreia e, principalmente o hit onipresente "Vagalumes (part. Ivo Mozart)".

O som do grupo não mudou muito: um rap/hip hop voltado para um público mais jovem, com letras versando sobre conquistas ou desilusões amorosas e outras indo na linha da auto-valorização do "você não dava nada pra mim e olha onde estou". As bases seguem dançantes e os refrãos mais melódicos de apelo radiofônico também são constantes.

Pollo
O diferencial aqui está mesmo no grande, e eclético, número de participações especiais - Sorriso Maroto, Levi Lima do Jammil E Uma Noites e o sempre divertido Mr. Catra, entre eles.

"Sete Sete Sete", com suas 13 faixas em pouco mais de 35 minutos, é daqueles discos que não perdem tempo, indo direto ao assunto. O trabalho certamente irá agradar o público que o grupo já conquistou e pode até aumentar a visibilidade do trio, já que o álbum está saindo pela poderosa Som Livre.

Ouça "Namastê, Salamaleico" com o Pollo presente no álbum "Sete Sete Sete"