5 Seconds Of Summer - 5 Seconds Of Summer
Esse quarteto australiano, que não é bem uma boy band já que eles tocam seus instrumentos e participam efetivamente das composições, ganhou notoriedade no momento em que alguns integrantes do One Direction retuitaram alguns vídeos do grupo para sua enorme base de seguidores.
Sendo assim, não surpreende saber os dois grupos se entendam tão bem - o 5SOS abriu vários shows do 1D, o que obviamente lhes garantiu uma grande visibilidade, e, consequentemente, sucesso comercial.
O álbum de estreia do grupo obviamente não vai causar nenhuma revolução, mas ele é sim, um bom disco de música pop.
Ainda que algumas faixas caiam naquele clichê de indie rock de arena com crescendos que desembocam em refrãos cheios de ôôô, o trabalho também tem faixas com punch, melodias fortes, bons riffs e ganchos muito bem feitos. A aposta em faixas mais agitadas, e não em baladas "sentimentais", merece igualdestaque e faz com que o disco possa ser apreciado por um público mais amplo.
Ou seja, esse é aquele tipo de disco que as garotas mais novas - que sempre será o público alvo desse tipo de banda - irão adorar, mas não só.
Isso porque ele também tem vários momentos que farão os irmãos mais velhos, e até alguns pais, serem obrigados a confessar, talvez até meio sem jeito, que na verdade, "esses garotos têm várias músicas realmente boas".
Ouça "Don't Stop" com o 5 Seconds Of Summer presente no álbum de estreia da banda
Robin Thicke - Paula
Seguramente um dos álbuns que mais discussão gerou nos últimos meses, para muitos especialistas esse pode ter sido um dos maiores "tiros no pé" já vistos recentemente na música pop.
A história já é mais ou menos conhecida, mas vale um rápido resumo: há tempos Robin Thicke vinha lançando discos, que eram elogiados e vendiam razoavelmente bem, mas sem causar grandes estragos nas paradas. Tudo mudou no ano passado quando "Blurred Lines" se tornou um hit de enorme proporção.
De uma hora para outra a vida pessoal e profissional do cantor virou de cabeça para baixo. O fato é que o sucesso acabou deteriorando o relaciomento que ele tinha com a atriz Paula Patton que ele conheceu aos 14 anos no início dos anos 90 e com quem era casado desde 2005. Os dois se separaram em fevereiro deste ano e "Paula", obviamente feito para a ex, é o reflexo dessa separação.
Antes de mais nada é bom dizer, que os "álbuns divórcio" tendem a ser muito bons - vide "Blood On the Tracks" de Bob Dylan até os mais recentes trabalhos de Jack White, Black Keys e Coldplay.
O problema aqui é que Thicke parece ter extrapolado o limite do aceitável. Assim, ao invés de fazer um disco sutil e contido, comentando sua atual situação, ele partiu pro desespero e acabou lançando um álbum onde basicamente pede uma segunda chance para Patton da forma mais direta possível.
É por isso que tem muita gente na imprensa especializada achando que ele expôs demais a sua ex-esposa no trabalho.
Outros críticos reclamaram da pobreza de boa parte das letras - várias delas cheias de versos do tipo "não me deixe aqui no frio/volta pra mim".
O fato do álbum ser tomado pela melancolia e sem uma faixa irresistível e imediata como "Blurred Lines", também deverá afastar boa parte de seu recém conquistado público.
Ao mesmo tempo, não dá para dizer que ele seja um disco ruim. O trabalho tem seus momentos, e, no final das contas, é bom ver um artista sem medo de se expor, ainda mais nos dias de hoje, onde tudo é controlado a mãos de ferro por empresários e assessores de imprensa.
"Paula" também não é só choradeira, como atestam "Living In New York City", com groove matador ou o pop luminoso visto em "The Opposite Of Me". Músicas como essa mostram que Robin Thicke ainda tem muito a oferecer e meio que compensam os momentos mais embaraçosos e fracos do trabalho.
Ouça "Get Her Back" com Robin Thcike presente no álbum "Paula"
Luiz Melodia - Zerima
Cantor e compositor veterano e autor de pelo menos um clássico indiscutível da música brasileira - "Pérola Negra" de 1973, Luiz Melodia segue lançando bons discos, ainda que eles sempre pareçam demorar a sair mais do que deveriam.
Em "Zerima", Melodia se volta ao mundo do samba em um disco de grande beleza e classe. São 14 faixas entre canções autorais, parcerias e regravações que mostram como o mais brasileiro dos ritmos é amplo e variado.
Em um disco homogêneo e feito para ser ouvido de cabo a rabo, fica difícil escolher alguns destaques, mas é difícil ignorar as bossas "Cura" e "Dor de Carnaval", "Caindo de Bêbado" com toque jazzificado e a regravação da ótima "Leros, Leros, Boleros" de Sergio Sampaio (1947-1994).
Obviamente, esse é um disco para um público mais específico e que foge dos padrões do mercado - seja do pop ou da MPB. Dessa forma, esse é um daqueles trabalhos que precisam ser ouvidos com calma e prestando atenção para que ele seja realmente apreciado. Dito isso, o saldo final é dos mais positivos e "Zerima" já se firma como um dos melhores álbuns de música brasileira de 2014.
Ouça "Sonho Real" com Luiz Melodia presente no álbum "Zerima"