Lily Allen - Sheezus
Cinco anos depois de seu último trabalho, finalmente Lily Allen lançou seu terceiro álbum. Apesar da demora, os fãs certamente estão aliviados, já que a cantora chegou a declarar que estava abandonando a carreira para se dedicar a outros projetos. e a começar sua família - nesse tempo ela se casou e já teve duas crianças.
Sheezus é assim um trabalho feito por uma mulher já madura à beira dos 30 anos. ou seja, uma pessoa bem diferente da jovem desbocada de 21 anos que lançou o ótimo "Alright Still" em 2006.
Isso não quer dizer que Allen agora esteja se dedicando a gravar discos "sérios" e "maduros". Ela ainda mantém o ímpeto juvenil e suas letras continuam cheias de ironia (e bem acima da média) mas, felizmente, ela não finge que o tempo não passou.
O álbum também mostra que ela se manteve antenada às últimas tendências do pop, o que não deverá causar problemas para que suas músicas continuem sendo bastante executadas, apesar da forte concorrência de cantoras mais jovens que agora ela precisa enfrentar.
Também, exatamente por isso, o disco poderá deixar os fãs mais antigos, um pouco frustrados.
A esses fica o conselho para que ouçam o disco com atenção. Especialmente em sua parte final, em faixas como "Life For Me", com influência da Juju Music da Nigéria, Allen mostra que ainda continua a mesma artista que tantos aprenderam a gostar.
Ouça "Sheezus" com Lily Allen, presente no álbum de mesmo nome:
Ray LaMontagne - Supernova
Outra disco que demorou para sair - o cantor não lançava um álbum de estúdio desde 2010 - este quinto trabalho do cantor e compositor Ray LaMontagne já merece destaque como uma das grandes surpresas do ano.
Ray despontou em 2004, quando lançou o elogiado "Trouble" e caiu nas graças do público e crítica britânicos. Curiosamente, seus discos posteriores causaram menos impacto por lá, mas acabaram encontrando um bom público na América. E é aí que chegamos a "Supernova", um daqueles discos com cara de que pode redefinir uma carreira.
Boa parte desse crédito deve ser dado à ótima produção de Dan Auerbach dos Black Keys. Ele certamente ajudou Ray em sua busca por uma maior variedade sonora.
Obviamente esse ainda é um disco de cantor e compositor, repleto de baladas e letras confessionais, mas ele nunca se torna enfadonho e raramente cai naquela vala comum que acomete tantos trabalhos desse tipo de artista. Ao invés disso, temos um álbum com ótimas sacadas sonoras, várias faixas com forte influência do melhor do rock psicodélico e algumas das melhores melodias desta temporada.
Bastante elogiado pela crítica, o álbum estreou no terceiro posto da parada americana e tem tudo para fazer uma ótima carreira comercial. Um disco recomendado especialmente pra quem gosta de música feita "à moda antiga".
Ouça uma versão ao vivo de "Supernova" com Ray LaMontagne do disco homônimo.
tUnE-yArDs - Nikki-Nack
Foi em 2011 que o tUnE-yArDs de Merrill Garbus se tornou uma das grandes surpresas daquele ano. O álbum "w h o k i l l" , o segundo da carreira, mas o primeiro gravado "profissionalmente", marcou presença em várias listas dos melhores de 2011 e fez com que o projeto de Garbus motivasse acalorados debates entre os fãs de música alternativa.
Os motivos para isso? Uma música de difícil categorização que junta indie de baixa fidelidade, com world music, instrumentação eletrônica e música experimental - cantada por uma voz bem longe do convencional.
Ao vivo também a coisa foge do comum, com Garbus se acompanhando por vários equipamentos eletrônicos, com o auxílio do baixista Nate Brenner e de dois saxofonistas.
Já deu pra perceber que o som dela não é dos mais fáceis né? Mas também não pensem que ele é completamente impenetrável. Longe disso: Brenner sabe ser divertida e
tem boa mão para criar momentos deliciosamente pop.
Isso tudo, e muito mais, pode ser observado em seu terceiro álbum, que, numa primeira audição, se mostra tão ou mais interessante que o seu antecessor.
A crítica toda está sendo unânime nos elogios - segundo o Metacritc a média geral dele é 8.1 - e a opinião geral é a de que o disco não apenas irá certamente ficar marcado como um dos lançamentos mais importantes de 2014, mas também deverá aumentar consideravelmente o alcance comercial da "banda". Tomara que eles estejam certos. Afinal, é sempre bom ver artistas que buscam experimentar e assumir riscos, ainda mais nos dias de hoje, sendo bem sucedidos.
Ouça "Water Fountain" com tUnE-yArDs, presente no álbum "Nikki-Nack"