Shakira - Shakira
Esse décimo álbum de Shakira chega ao mercado com uma missão bem clara: a de reposicioná-la de vez no mercado norte-americano.
Sim, porque ao contrário de outras partes do planeta, onde ela reina e tem um nível de sucesso até maior que o de suas maiores concorrentes, nos EUA ela andou perdendo boa parte de seu terreno.
Basta dizer que "She Wolf", seu último disco voltado para o público que fala inglês, vendeu apenas 380 mil cópias na América.
Ainda que a cifra esteja longe de ser desprezível, o número é baixo para quem um dia passou das 3 milhões e 500 mil cópias por lá. Para reverter a situação Shakira cercou-se de produtores do primeiro time (Dr. Luke, Busbee, Cirkut...) e chamou alguns "colegas de trabalho" como Rihanna e Blake Shelton para fazerem participações especiais.
Apesar disso, o álbum surpreendentemente não soa como um mero produto - aquele disco que mais parece um apanhado aleatório de singles que poderiam ter sido gravados por qualquer pessoa. E o grande mérito disso vai para a cantora, que demonstra ter personalidade e um estilo que lhe é único.
"Shakira" tem boas chances de vender, e muito, nos maiores mercados do planeta, por apostar acima de tudo no ecletismo. E essa é uma fórmula que se bem aplicada costuma dar muito certo, sendo "Thriller" de Michael Jackson o maior exemplo.
O disco tem reggae, baladas, rock de arena, faixas épicas ao melhor estilo U2 e Coldplay e músicas dançantes. Tudo muito bem composto, cantado e produzido e sem deixar de lado o tempero latino que diferencia Shakira das outras cantoras do primeiro time.
Se vai vender o tanto que se espera, ainda é cedo para dizer. Mas, por ora Shakira ao menos pode dormir sossegada sabendo que entregou para os seus fãs um disco mais do que digno.
Ouça "Can't Remember To Forget You" com Shakira do álbum honônimo da cantora
Fernanda Takai -
Isso não quer dizer que o disco tenha apenas composições próprias. Apesar de contar com algumas canções escritas ou co-escritas por ela, a maior parte das faixas aqui são regravações de músicas que, tudo leva a crer, significam muito para Fernanda. O disco então funciona quase que como um diário da artista.
Dessa forma fica mais fácil entender a razão dela ter regravado por exemplo, "Amar Como Jesus Amou" ao lado do Padre Fábio de Melo - uma música que quem foi à missa nos anos 70 ou 80 certamente vai se lembrar.
O mesmo raciocínio vale para as versões de músicas de Benito Di Paula ou Reginaldo Rossi. Todas feitas com amor e com ótimas sacadas na produção - "A Pobreza (Paixão Proibida)", o velho hit de Leno e Lilian ganhou arranjo à la Ennio Morricone e a já citada "Amar Como Jesus Amou (Part. Padre Fábio de Melo)" é construída em cima dos sons dos jogos de videogame.
Entre as inéditas, o destaque maior vai para "", delicada parceria da cantora com Pitty que fica entre a jovem guarda e o romantismo dos anos 70.
Igualmente boa é a participação de Samuel Rosa do Skank na versão de "Heal The Pain" de George Michael que se transformou em "Pra Curar Essa Dor". "Pato Fu - que, ela promete, mostrará mais o seu lado compositora.
Ouça "Pra Curar Essa Dor" com Fernanda Takai do álbum "
George Michael - Symphonica
Um ex-astro juvenil que se reinventa como cantor maduro e sexy de pop e soul? Não, não estamos falando de Justin Timberlake, mas sim de George Michael, que na segunda metade dos anos 80, se tornou um dos maiores popstars do planeta, fazendo uso da mesma tática que ajudaria o ex-*NSYNC anos depois.
O que ninguém imaginava é que, nos anos seguintes, o cantor iria abrir mão de sua posição de galã ao assumir publicamente sua homossexualidade e que deixaria de lado o pop radiofônico para lançar álbuns intimistas ou dedicados a standards do jazz.
George Michael também adquiriu o hábito de manter-se por longos períodos longe dos palcos e estúdios - o que também aumenta o apetite de seus fãs. verdade seja dita, dessa vez o afastamento também se deu por razões pessoais. Em 2011 cantor foi vítima de uma grave pneumonia, que por pouco não lhe foi fatal.
E é por isso que só agora "Symphonica" está saindo. O álbum - que junta gravações ao vivo a outras feitas durante os ensaios da turnê de mesmo nome - foi gravado em 2011 e 2012 e, como seu título entrega, traz o cantor sendo acompanhado por uma orquestra sinfônica.
O repertório passa longe do tradicional apanhado de sucessos. Entre as canções presentes, poucas são de autoria do cantor, e mesmo entre essas os megahits são poucos.
O grosso do álbum é formado por versões de standards do jazz e por covers de músicas de artistas como Elton John e Rufus Wainwright. O disco também entra para a história como o último feito pelo lendário produtor e engenheiro de som Phil Ramone, morto em março do ano passado.
Mesmo sendo um álbum "difícil", "Symphonica" é um trabalho que merece ser ouvido com a máxima atenção. Ao menos os britânicos parecem disposto a fazê-lo, já que o álbum estreou no topo da parada de lá.
Ouça "Let Her Down Easy" com George Michael, presente no álbum "Symphonica"