Paul McCartney - New
Foi em algum ponto no final dos anos 80 que Paul McCartney finalmente descobriu que não precisava mais provar nada para ninguém, e nem para si mesmo, e finalmente começou a relaxar.
Foi quando ele passou a aceitar o seu legado com osBeatles e fez as pazes com sua antiga banda e também com o seu talento. É claro que ele nunca gravou nada que tenha causado tanto impacto e deixado o mesmo lastro deixado pelo quarteto de Liverpool, mas até aí quem conseguiu tal feito?
"New" é assim mais um disco como vários dos mais recentes de Macca. Um trabalho com grandes melodias, alguns hits em potencial e um pouco de novidade (dessa vez nos créditos de produção, onde vemos nomes como Mark Ronson ou Paul Epworth (que trabalhou com Adele).
O que talvez faça falta aqui seja uma música realmente poderosa, daquelas que forcem sua entrada nos setlists do cantor, que são em quase sua totalidade compostas por músicas dos Beatles e do começo de sua carreira solo.
Agora quem conseguir esquecer que esse é um disco de um mito e ouvi-lo simplesmente como
um disco de rock lançado em 2013, poderá surpreender-se. O que temos aqui são uma série de canções que soam modernas sem que elas percam aquele velho "toque McCartney".
Ouvindo-o dessa maneira, o disco então muda de figura e aquele que no princípio era "só mais um álbum de McCartney" acaba se revelando como um dos grandes discos deste ano.
Ouça "New" com Paul McCartney presente no álbum "New"
Pearl Jam - Lightning Bolt
A trajetória do Pearl Jam é uma das mais curiosas da história recente do rock. Afinal o grupo abriu mão de se tornar uma daquelas bandas que simplesmente começam a irritar por conta de sua onipresença, para se tornar uma banda cult de proporções gigantescas.
Claro que com essa opção algo se perdeu - aquilo que Bono chama de "a cultura do single" - e não resta dúvidas de que o o rock contemporâneo provavelmente estaria melhor se bandas como o Pearl Jam não tivessem desistido de tentar galgar os primeiros postos das paradas de compactos.
Ao mesmo tempo essa atitude permitiu a sobrevivência da banda e a manteve viável artística e comercialmente, mesmo com o bode inevitável que o grunge deixou no público consumidor de música a partir da segunda metade dos anos 90.
Dito isso, talvez a maior surpresa seja ver que, em seu décimo disco, o Pearl Jam parece estar rejuvenescido, com um pique de banda iniciante que ainda precisa conquistar seu público.
O álbum tem várias músicas que podem, e merecem, se tornar sucessos - o belo single "Sirens" é apenas um entre vários exemplos.
Com 12 faixas e pouco mais de 45 minutos, como "antigamente", "Lightning Bolt" não é só um álbum perfeito para os fãs de carteirinha do quinteto, mas também um disco que poderá convencer até aqueles que nunca curtiram muito o grupo ou que pararam de acompanhá-los há mais de uma década.
Ouça "Sirens com o Pearl Jam presente no álbum "Lightning Bolt"
Baleia - Quebra Azul
É possível que alguns leitores se lembrem desse grupo carioca por conta de alguns vídeos que eles postaram no YouTube, onde faziam covers jazzificadas de canções de ídolos pop como Justin Timberlake.
Claro que esse tipo de estratégia nem sempre é uma boa. Afinal ela pode dar projeção, mas também tornar o artista uma mera curiosidade, daquelas que logo são esquecidas assim que um novo viral aparece. E, como esse disco mostra, seria uma pena que isso acontecesse com o Baleia.
"Quebra Azul" é um disco todo autoral e interessantíssimo, ainda que não seja para todos os gostos. O fato dele atirar para vários lados também poderá confundir alguns ouvintes, que poderão ter a impressão de por vezes estarem ouvindo uma compilação de vários artistas. Mas quem deixar isso pra lá, certamente irá gostar da mistura de indie, MPB, folk, jazz e experimentalismo tramada pelo sexteto nesse álbum.
Ouça "Furo 2 (Sangue do Paraguai)" com o Baleia, presente no álbum "Quebra Azul"
Panic At The Disco - Too Weird to Live, Too Rare to Die!
Foi Kurt Cobain quem disse em uma entrevista que o Nirvana já era uma banda condenada. E nesse momento ele ainda não se referia a nenhuma ideia suicida, mas sim pelo fato do Nirvana ter sido o maior nome do grunge - algo que para Cobain colocava um peso enorme em cima da banda, que ele achava, jamais conseguiriam se livrar.
O Panic At The Disco também sofre desse problema, no sentido que, para muitos, eles sempre serão uma banda do chamado emo, por mais que eles já tenham há tempos se afastado quase que totalmente desse tipo de som.
Para quem não se importa com rótulos, e
também para os que gostam do tal emo - afinal não há pecado nenhum nisso - o quarto disco
da banda é uma bela pedida.
Agora um trio, o grupo liderado por Brendon Urie (ao lado), fez um disco curto - pouco mais de 30 minutos - e multifacetado. Em suas 10 faixas ouve-se um pouco de synthpop, rock alternativo, ganchos pop e programações típicas dos discos de hip hop e música eletrônica.
Os fãs, pelo menos já aprovaram - o disco estreou em segundo lugar no top 100 da Billboard e pegou a primeira posição nas
paradas de rock e música alternativa.
Ouça "This Is Gospel" presente no álbum Too Weird to Live, Too Rare to Die!