Miley Cyrus - Bangerz
Uma coisa é certa: se Miley Cyrus queria chamar a atenção para este álbum, o seu primeiro após deixar de vez a série "Hannah Montana", ela conseguiu. Afinal nos últimos meses a garota esteve em tudo quanto é canto - do VMA à capa da Rolling Stone - sempre polemizando e querendo mostrar de todas as formas que ela não era mais uma garotinha.
Se a fórmula encontrada por ela - a exacerbação de sua sexualidade - pode ser discutida, também não podemos negar que vivemos em uma nova era quando o assunto é sexo.
Olhando assim é fácil entender os comentários gerados por artistas com mais que o dobro da idade dela, como Sinéad o' Connor ou Annie Lenox, a respeito dessa postura. Afinal ambas vieram de uma outra época e por também terem sido símbolos sexuais, por mais que tenham evitado isso, sabem tudo o que tal rótulo pode causar no longo prazo.
Dessa forma Miley não deixa de ser um pouco o reflexo dessa geração que convive desde cedo com o sexo, seja através de clipes e artistas que fazem farto uso da sensualidade ou através da pornografia virtual e de seu fácil acesso.
Voltando a "Bangerz", ele é um bom disco de música pop contemporânea, mesmo que não apresente muitos avanços em relação ao que é feito nessa praia por outras cantoras - uma das maiores reclamações que a crítica especializada fez em relação ao trabalho.
O disco é acima de tudo competente. Ele é bem produzido, tem ótimo acabamento e várias de suas faixas deverão se tornar sucesso nos próximos meses. As vendas também, ao menos nessas primeiras semanas, deverão ser muito boas.
Mas o mais interessante mesmo será ver como Miley Cyrus irá tratar a sua carreira daqui para frente e como daqui uns anos ela irá falar e refletir sobre esses meses em que foi a figura central do universo pop.
Se fizer uso da consciência e esperteza, ela seguramente irá aprender o suficiente para se manter por um bom tempo como uma artista de ponta nesse mercado que está sempre em mutação.
Ouça "Wrecking Ball", com Miley Cyrus presente no álbum "Bangerz"
Charlie Brown Jr. - La Familia 013
Obviamente esse é um disco não só difícil de ouvir como de se analisar. Afinal o álbum acabou se tornando o derradeiro trabalho da banda, ainda que essa não fosse a intenção no momento em que ele foi concebido e gravado.
Por conta disso, nós jamais saberemos se o álbum - melancólico e bem mais melodioso que os trabalhos anteriores da banda - indicava um novo caminho a ser seguido, ou se seria apenas um desvio, um disco diferente feito em um momento em que o vocalista Chorão se sentia mais triste e confuso.
O fato é que é difícil para os fãs ouvirem por exemplo um verso como "Então vamos viver e
um dia a gente se encontra" sem vê-los como algo um tanto premonitório.
Felizmente nem tudo aqui é só melancolia.
O disco também traz o som que consagrou o Charlie Brown Jr., com levadas de reggae e dub, rock pesado, assim como os vocais influenciados pelo rap e as letras que consagraram o vocalista morto em março passado.
Como já dissemos, esse é um disco difícil, mas se serve de consolo, é bom saber que o Charlie Brown Jr. se despediu com aquele que pode muito bem ter sido o seu grande disco.
Ouça "Um Dia a Gente Se Encontra" com o Charlie Brown Jr. do álbum "La Familia 013"
Lorde - Pure Heroine
Este é um dos casos mais interessantes de sucesso em 2013. Lorde tem apenas 16 anos e saiu da Nova Zelândia - um país sem muita tradição na criação de astros pop - para os topos das paradas de sucesso mais importantes do planeta.
Melhor ainda, é ver que a jovem é dona de uma beleza própria e natural, mas bem longe do padrão em vigor que parece ter se tornado obrigatório para garantir a venda de discos e ingressos e gerar presença na mídia e polêmicas nas redes sociais.
A música de Lorde é surpreendentemente madura para alguém que sequer deixou a adolescência. Sim, há algo aqui do som de difícil classificação que Florence Welch popularizou, mas também é possível pegar uma mistura interessante que passeia pelo synthpop dos anos 80 e pela a música etérea de Kate Bush e Björk. Os arranjos - que fazem uso inteligente de programações e instrumentação eletrônica - também merecem destaque, assim como a produção de Joel Little - que também ajudou nas composições.
Com esse disco, Lorde já garantiu seu nome entre as grandes revelações de 2013. Mas, ele também indica que este pode ser apenas o primeiro passo de uma carreira artística que poderá continuar surpreendendo nos próximos anos.
Ouça "Team" com Lorde presente no álbum Pure Heroine
Prefab Sprout - Crimson/Red
Quem vê a foto do líder, e agora único membro, do Prefab Sprout Paddy McAloon, de barba branca, óculos escuros e muitas vezes com uma bengala, deve imaginar que ele já é um ancião e não um senhor de 56 anos.
Paddy passou por uma série de problemas de saúde nos últimos anos, o que explica a sua forma física atual - ele quase ficou cego depois de sofrer um deslocamento de retina e desenvolveu um forte problema auditivo quando qualquer ruído pode se tornar intolerável - um problemão para um músico que tem crianças em casa - como é o seu caso.
Mas o compositor também tem lá seu lado meio maluco e idiossincrático. Uma das lendas a seu respeito dizem que ele tem centenas e centenas de canções arquivadas em sua casa que ele
não tem o menor interesse em tornar públicas.
Como os discos da banda são cada vez mais raros, a chegada de um novo trabalho do
Prefab Sprout sempre chama a atenção da crítica e dos fãs de música pop sofisticada.
Esse "Crimson/Red" aparentemente foi
compilado a partir de inúmeras gravações feitas durante a última década e mostra que McAloon continua com seu talento para compor
pequenas joias da música pop inabalável.
São dez faixas de enorme delicadeza, sacadas poéticas e melodias e arranjos que fogem do convencional. É ouvir e se emocionar.
Para quem curtir, vale muito ir atrás da discografia deles, especialmente do álbum "Steve McQueen" (que saiu no Brasil nos anos 80 com o nome "Two Wheels Good"), um dos melhores discos ingleses das últimas três décadas.
Ouça "Billy" com o Prefab Sprout presente no álbum "Crimson/Red"
Uma coisa é certa: se Miley Cyrus queria chamar a atenção para este álbum, o seu primeiro após deixar de vez a série "Hannah Montana", ela conseguiu. Afinal nos últimos meses a garota esteve em tudo quanto é canto - do VMA à capa da Rolling Stone - sempre polemizando e querendo mostrar de todas as formas que ela não era mais uma garotinha.
Se a fórmula encontrada por ela - a exacerbação de sua sexualidade - pode ser discutida, também não podemos negar que vivemos em uma nova era quando o assunto é sexo.
Olhando assim é fácil entender os comentários gerados por artistas com mais que o dobro da idade dela, como Sinéad o' Connor ou Annie Lenox, a respeito dessa postura. Afinal ambas vieram de uma outra época e por também terem sido símbolos sexuais, por mais que tenham evitado isso, sabem tudo o que tal rótulo pode causar no longo prazo.
Dessa forma Miley não deixa de ser um pouco o reflexo dessa geração que convive desde cedo com o sexo, seja através de clipes e artistas que fazem farto uso da sensualidade ou através da pornografia virtual e de seu fácil acesso.
Voltando a "Bangerz", ele é um bom disco de música pop contemporânea, mesmo que não apresente muitos avanços em relação ao que é feito nessa praia por outras cantoras - uma das maiores reclamações que a crítica especializada fez em relação ao trabalho.
O disco é acima de tudo competente. Ele é bem produzido, tem ótimo acabamento e várias de suas faixas deverão se tornar sucesso nos próximos meses. As vendas também, ao menos nessas primeiras semanas, deverão ser muito boas.
Mas o mais interessante mesmo será ver como Miley Cyrus irá tratar a sua carreira daqui para frente e como daqui uns anos ela irá falar e refletir sobre esses meses em que foi a figura central do universo pop.
Se fizer uso da consciência e esperteza, ela seguramente irá aprender o suficiente para se manter por um bom tempo como uma artista de ponta nesse mercado que está sempre em mutação.
Ouça "Wrecking Ball", com Miley Cyrus presente no álbum "Bangerz"
Charlie Brown Jr. - La Familia 013
Obviamente esse é um disco não só difícil de ouvir como de se analisar. Afinal o álbum acabou se tornando o derradeiro trabalho da banda, ainda que essa não fosse a intenção no momento em que ele foi concebido e gravado.
Por conta disso, nós jamais saberemos se o álbum - melancólico e bem mais melodioso que os trabalhos anteriores da banda - indicava um novo caminho a ser seguido, ou se seria apenas um desvio, um disco diferente feito em um momento em que o vocalista Chorão se sentia mais triste e confuso.
O fato é que é difícil para os fãs ouvirem por exemplo um verso como "Então vamos viver e
um dia a gente se encontra" sem vê-los como algo um tanto premonitório.
Felizmente nem tudo aqui é só melancolia.
O disco também traz o som que consagrou o Charlie Brown Jr., com levadas de reggae e dub, rock pesado, assim como os vocais influenciados pelo rap e as letras que consagraram o vocalista morto em março passado.
Como já dissemos, esse é um disco difícil, mas se serve de consolo, é bom saber que o Charlie Brown Jr. se despediu com aquele que pode muito bem ter sido o seu grande disco.
Ouça "Um Dia a Gente Se Encontra" com o Charlie Brown Jr. do álbum "La Familia 013"
Lorde - Pure Heroine
Este é um dos casos mais interessantes de sucesso em 2013. Lorde tem apenas 16 anos e saiu da Nova Zelândia - um país sem muita tradição na criação de astros pop - para os topos das paradas de sucesso mais importantes do planeta.
Melhor ainda, é ver que a jovem é dona de uma beleza própria e natural, mas bem longe do padrão em vigor que parece ter se tornado obrigatório para garantir a venda de discos e ingressos e gerar presença na mídia e polêmicas nas redes sociais.
A música de Lorde é surpreendentemente madura para alguém que sequer deixou a adolescência. Sim, há algo aqui do som de difícil classificação que Florence Welch popularizou, mas também é possível pegar uma mistura interessante que passeia pelo synthpop dos anos 80 e pela a música etérea de Kate Bush e Björk. Os arranjos - que fazem uso inteligente de programações e instrumentação eletrônica - também merecem destaque, assim como a produção de Joel Little - que também ajudou nas composições.
Com esse disco, Lorde já garantiu seu nome entre as grandes revelações de 2013. Mas, ele também indica que este pode ser apenas o primeiro passo de uma carreira artística que poderá continuar surpreendendo nos próximos anos.
Ouça "Team" com Lorde presente no álbum Pure Heroine
Prefab Sprout - Crimson/Red
Quem vê a foto do líder, e agora único membro, do Prefab Sprout Paddy McAloon, de barba branca, óculos escuros e muitas vezes com uma bengala, deve imaginar que ele já é um ancião e não um senhor de 56 anos.
Paddy passou por uma série de problemas de saúde nos últimos anos, o que explica a sua forma física atual - ele quase ficou cego depois de sofrer um deslocamento de retina e desenvolveu um forte problema auditivo quando qualquer ruído pode se tornar intolerável - um problemão para um músico que tem crianças em casa - como é o seu caso.
Mas o compositor também tem lá seu lado meio maluco e idiossincrático. Uma das lendas a seu respeito dizem que ele tem centenas e centenas de canções arquivadas em sua casa que ele
não tem o menor interesse em tornar públicas.
Como os discos da banda são cada vez mais raros, a chegada de um novo trabalho do
Prefab Sprout sempre chama a atenção da crítica e dos fãs de música pop sofisticada.
Esse "Crimson/Red" aparentemente foi
compilado a partir de inúmeras gravações feitas durante a última década e mostra que McAloon continua com seu talento para compor
pequenas joias da música pop inabalável.
São dez faixas de enorme delicadeza, sacadas poéticas e melodias e arranjos que fogem do convencional. É ouvir e se emocionar.
Para quem curtir, vale muito ir atrás da discografia deles, especialmente do álbum "Steve McQueen" (que saiu no Brasil nos anos 80 com o nome "Two Wheels Good"), um dos melhores discos ingleses das últimas três décadas.
Ouça "Billy" com o Prefab Sprout presente no álbum "Crimson/Red"