Se o disco Cê causou surpresa com sua crueza instrumental e poética, Cê o show surpreende mais ainda. O que está se vendo (a turnê já passou por algumas cidades e capitais mas ainda não bateu no Rio de Janeiro e em São Paulo descontando algumas apresentações "surpresa") é um artista disposto a reverter a imagem que temos dele. Pra começar com a escolha do repertório que lima praticamente todas as suas músicas mais conhecidas, Sampa que surge em um novo e surpreendente arranjo é a exceção. Ou seja, nada de O Leãozinho, Terra, , Um Índio, A Luz de Tieta ou Você É Linda. Apenas alguns hits mais recentes como Fora da Ordem ou Desde que o Samba é Samba.
O repertório é tomado por praticamente todas as músicas de Cê e algumas canções que há tempos não eram ouvidas. Assim o público é agraciado com, por exemplo, Como Dois e Dois gravada em 1971 por Roberto Carlos e um de seus momentos mais felizes como compositor. No palco Caetano parece rejuvenescido, graças a banda formada por 3 garotos (o baixista parece ter idade pra ser seu... filho?) que não economizam no barulho, com destaque para o guitarrista Pedro Sá que parece pensar que está tocando em alguma banda de noise rock tipo Sonic Youth. Aliás seria divertido ver Caetano largando o violão pra fazer mais barulho com uma guitarra em algumas canções.
Mas o show merece ser visto mesmo por duas canções, que começam a reparar um dos maiores imbróglios da MPB. Explico: em 1972 Caetano gravou Transa, considerado pela crítica não só o seu melhor disco como uma das obras fundamentais de toda nossa música. O responsável pelos arranjos e pela arregimentação da banda que tocou no disco foi Jards Macalé (outro grande nome da MPB e mais conhecido pelas novas gerações como o autor de Vapor Barato). Só que o nome dele foi limado da ficha técnica do disco. Caetano sempre disse que a culpa foi do autor da capa, mas desde então ambos estão rompidos (é de se pensar como seria a história da MPB se a parceria tivesse continuado). Daí que fica difícil explicar em palavras o que significa ouvir Nine Out Of Ten e (já no bis) You Don't Know Me sendo tocadas ali na sua frente e ver Caetano Veloso agradecendo a Jards Macalé e a todos os outros que tocaram no disco de 1972. Nesse momento parte da história da nossa música está sendo feita e corrigida ao mesmo tempo. A pena mesmo é ver que a platéia que fica pedindo por Tieta ou berrando "lindo" (o que prova que não existe idade para se ser desejado) parece ignorar tudo isso.
Ainda é cedo pra saber se o projeto Cê é apenas um desvio de rota ou se indica (mais) um novo caminho a ser trilhado pelo cantor e compositor. Mas algumas coisas são certas: Aos 64 anos Caetano Veloso se mostra mais audacioso e antenado que muito artista com menos da metade de sua idade. Vale pena prestar atenção no Caetano versão 2006. Caso seja um daqueles que sentem aversão ao cantor tem quase que a obrigação de acompanhá-lo nesse momento, afinal preconceitos existem para serem derrubados. Sempre!
O repertório é tomado por praticamente todas as músicas de Cê e algumas canções que há tempos não eram ouvidas. Assim o público é agraciado com, por exemplo, Como Dois e Dois gravada em 1971 por Roberto Carlos e um de seus momentos mais felizes como compositor. No palco Caetano parece rejuvenescido, graças a banda formada por 3 garotos (o baixista parece ter idade pra ser seu... filho?) que não economizam no barulho, com destaque para o guitarrista Pedro Sá que parece pensar que está tocando em alguma banda de noise rock tipo Sonic Youth. Aliás seria divertido ver Caetano largando o violão pra fazer mais barulho com uma guitarra em algumas canções.
Mas o show merece ser visto mesmo por duas canções, que começam a reparar um dos maiores imbróglios da MPB. Explico: em 1972 Caetano gravou Transa, considerado pela crítica não só o seu melhor disco como uma das obras fundamentais de toda nossa música. O responsável pelos arranjos e pela arregimentação da banda que tocou no disco foi Jards Macalé (outro grande nome da MPB e mais conhecido pelas novas gerações como o autor de Vapor Barato). Só que o nome dele foi limado da ficha técnica do disco. Caetano sempre disse que a culpa foi do autor da capa, mas desde então ambos estão rompidos (é de se pensar como seria a história da MPB se a parceria tivesse continuado). Daí que fica difícil explicar em palavras o que significa ouvir Nine Out Of Ten e (já no bis) You Don't Know Me sendo tocadas ali na sua frente e ver Caetano Veloso agradecendo a Jards Macalé e a todos os outros que tocaram no disco de 1972. Nesse momento parte da história da nossa música está sendo feita e corrigida ao mesmo tempo. A pena mesmo é ver que a platéia que fica pedindo por Tieta ou berrando "lindo" (o que prova que não existe idade para se ser desejado) parece ignorar tudo isso.
Ainda é cedo pra saber se o projeto Cê é apenas um desvio de rota ou se indica (mais) um novo caminho a ser trilhado pelo cantor e compositor. Mas algumas coisas são certas: Aos 64 anos Caetano Veloso se mostra mais audacioso e antenado que muito artista com menos da metade de sua idade. Vale pena prestar atenção no Caetano versão 2006. Caso seja um daqueles que sentem aversão ao cantor tem quase que a obrigação de acompanhá-lo nesse momento, afinal preconceitos existem para serem derrubados. Sempre!