Antes de mais nada é preciso dizer o óbvio. Os artistas brasileiros de maneira geral nunca foram muito bem tratados no Rock in Rio e isso vale tanto para o público e suas vaias (leia mais no Esquenta da semana passada) quanto para a organização que chegou a cúmulos absurdos como o de não permitir que as bandas pudessem acertar seu som previamente - em 1991 Alceu Valença ficou tão revoltado que largou o show pela metade - a bronca valeu, já que ele pôde voltar ao palco depois do principal show da noite.
Ainda assim, como disse Herbert Vianna dos Paralamas para a plateia que insistia em xingar os brasileiros, o Rock in Rio só se tornou possível no momento em que o nosso rock finalmente se tornou popular.
Mesmo com todos esses problemas, em suas três edições o festival pôde contar com um número mais do que razoável de grandes performances brasileiras Hoje celebramos algumas delas.



Barão Vermelho celebrando um novo dia em 1985
"Que o dia nasça lindo pra todo mundo amanhã. Um Brasil novo, com uma rapaziada esperta...", foi assim que Cazuza na época ainda vocalista do Barão Vermelho saudou o fim de 20 anos de regime militar naquele 15 de agosto de 1985, o dia em que Tancredo Neves foi eleito, de forma indireta, o presidente do Brasil. Em um dia de grande felicidade, era óbvio que a celebração iria ser estendida para o Rock in Rio e coube ao Barão sintetizar esse momento com um show que entraria para a história. Uma apresentação onde até a plateia, sempre doida para vaiar os artistas brasileiros, cantou, dançou e aplaudiu emocionada.



Os Paralamas do Sucesso surpreendendo em 1985
Os Paralamas foram os brasileiros que mais cresceram após o Rock in Rio I entre todas as atrações. Vale lembrar que o grosso da escalação foi formada por artistas mais identificados com a MPB, enquanto as outras bandas de rock que por lá estiveram acabaram, a Blitz, ou perderam membros importantes logo depois - Kid Abelha e Barão Vermelho. Os Paralamas já tinham alguns hits, mas só entraram no festival após implorarem. O show foi marcado pela bronca dada por Herbert Vianna no "povo das vaias". O guitarrista pediu para eles montassem suas próprias bandas, para que pudessem estar ali no palco da próxima vez.



Sepultura mostra a força do metal nacional em 1991
Em 1991 a organização do Rock in Rio finalmente tinha uma banda brasileira pesada para colocar no "dia do metal". Naquele momento o Sepultura era a grande sensação do nosso rock, afinal era a primeira vez que um grupo daqui conseguia entrar no mercado internacional. Mesmo tocando com o dia ainda claro e com um som péssimo (o "boicote" aos brasileiros só foi terminar na terceira edição do festival, dez anos depois) os mineiros deram o seu recado de forma concisa e brutal. A plateia vibrou e ainda pôde conferir em primeira mão as músicas do álbum Arise. Não a toa Lobão sofreu tanto tendo de subir ao palco logo depois dos mineiros.




Capital Inicial se consagrando em 2001
Em 1991 o Capital Inicial esteve no Rock in Rio II, num show pouco lembrado. Dez anos depois a história foi bem diferente. O grupo, que havia acabado melancolicamente alguns anos antes, estava novamente reunido e, para a surpresa até deles mesmos, com público renovado. Após a debandada dos artistas brasileiros (mais sobre isso semana que vem), o grupo brasiliense acabou sendo chamado em cima da hora. Sabendo que ali estava uma chance a não ser desperdiçada, o grupo suou a camisa. Ao final do show estava claro para todos que o Capital havia se tornado uma das maiores, senão a maior, banda do rock Brasil.

E em 2011 será que alguém vai fazer companhia a esses nomes? Comente.