A chegada do formato digital trouxe grandes vantagens para o fã de música. A maior delas a de te dar a chance de ouvir o que quiser na hora em que bem entender. Por outro lado essa enorme oferta de música acabou por torná-la mais dispersa. Se antes os discos eram comprados e ouvidos à exaustão, muitas vezes porque não se tinham muitos outros para ouvir, agora tudo é mais imediato. O resultado são milhares de arquivos que vão se acumulando sem que assimilemos tudo. Nesse universo caótico muitas vezes é difícil achar os grandes artistas e discos, o que não significa que eles não existam ou estejam sendo feitos. Aqui damos cinco exemplos de álbuns lançados no novo século que já se tornaram clássicos.

Eminem
Eminem The Marshall Mathers LP
The Marshall Mathers LP - 2000 - Os Beastie Boys já tinham provado que brancos também sabiam fazer rap, mas tirando eles ninguém mais conseguiu se aventurar no gênero com credibilidade - palavrinha fundamental quando o assunto é hip-hop. Até que um dia a América se deparou com um branquelo caipira com a mesma ginga e talento dos melhores artistas negros (alguém pensou em Elvis?). Descoberto por Dr. Dre, Eminem já chegou arrebentando em seu dsico de estreia soltando farpas para todos os lados. O seu ápice foi no disco seguinte "The Marshall Mathers" onde letras, bases, escolha esperta de samples e senso melódico encontraram um raro equilíbrio. Com o mega-sucesso vieram discos menos inspirados, vícios e processos diversos, até a redenção, ao menos comercial, de "Recovery", o seu disco mais recente.

Wilco
Wilco Yankee Hotel Foxtrot
Yankee Hotel Foxtrot - Wilco - 2002 - A banda de Jeff Tweedy já tinha lançado três bons discos de rock melodioso com tinturas de country. Para o quarto álbum o líder da banda resolveu chamar o produtor Jim O'Rourke conhecido por trabalhar com bandas mais experimentais. O resultado foi um disco mais complexo, marcado pela presença de novas influências (como o rock alemão dos anos 70) e sonoridades, mas sem abandonar o pop ou descaracterizar o som da banda. A Warner quando ouviu disse que não iria lançar o disco. A banda então comprou a gravação e a vendeu para a Nonsuch, um selo pertencente... à Warner, em uma das trapalhadas mais bizarras do rock. Quando saiu, o disco recebeu elogios unânimes, agradou os fãs antigos e conseguiu mais um punhado de admiradores para o grupo.

White Stripes
White Stripes Elephant
Elephant - The White Stripes - 2003 - A princípio tudo parecia uma daquelas brincadeiras de mau gosto que a imprensa inglesa adora nos pregar. Afinal falar o quê de uma dupla com guitarra e bateria, sendo que a responsável pela segunda parte dessa equação claramente não tinha muito domínio do instrumento? E vocês sabem que rock sem um baterista ao menos aceitável não rola né? Após ganharem a imprensa e o público indie com o terceiro disco "White Blood Cells" tudo indicava que os White Stripes logo fariam um disco meia-boca ou ruim e sumiriam do mapa. Mas não foi o que aconteceu: "Elephant" é ainda mais coeso e forte que o álbum anterior e tem em Seven Nation Army um grande clássico do rock moderno. O líder Jack White por sua vez provou ser um grande artista como atestam seus discos posteriores gravados com os Stripes ou os Raconteurs.

Arcade Fire
Arcade Fire Funeral
Funeral - Arcade Fire - 2004 - Os canadenses surgiram do nada para conquistar fãs do calibre de David Bowie. A grande graça da banda é ser dona de um som próprio e, coisa raríssima hoje em dia, original. Pode-se identificar as influências de Talking Heads ou Joy Division na mistura da banda, mas não se pdoe falar que ele seja cópia deles. "Funeral" apesar do nome fúnebre e de ter sido gravado quando vários membros do grupo perderam entes queridos não é um tratado mórbido. pelo contrário o disco passa mais a ideia de celebração da vida tanto a nossa quanto a daqueles que se foram. "Funeral" foi o pontapé inicial de uma das bandas mais celebradas da atualidade - o terceiro e mais recente álbum deles, "The Suburbs", é presença certa em todas as listas de melhores discos de 2010.

LCD Soundsystem
LCD Soundsystem Sound of Silver
Sound of Silver - 2007 - LCD Soundsystem - É ótimo ver que ainda é possível fazer sucesso quando se tem mais de 30 anos e uma proposta sonora diferente. O LCD é cria de James Murphy. No papel ele faz música eletrônica para dançar, mas a coisa vai mais além. Suas músicas funcionam muito bem nas pistas mas também são boas pra se ouvir em casa e também em shows ao vivo. Por ter certa idade ele também acumulou bastante experiência, especialmente como ouvinte - vale a pena ouvir a divertida Losing My Edge onde ele se coloca na posição do tiozinho que reclama da molecada que agora conhece todas as bandas que antes só ele ouvia.
Dos três discos lançado por James esse é o mais completo. Aqui ele conseguiu seu objetivo de transformar o som de suas influências (David Bowie, o hip-hop dos anos 80 e o rock underground funkeado feito nos EUA no fim dos anos 70) em algo pessoal e moderno.