Semana passada lembramos alguns discos ingleses que marcaram a década de 90. Hoje é a vez do rock americano. Como o espaço é curto preferimos focar em nomes não tão conhecidos sempre que possível, já que não dá para excluir o Nirvana de uma lista desse tipo não é?
Também priorizamos nomes identificados primordialmente com aquela década. É por isso que discos de Metallica, R.E.M., Red Hot Chilli Peppers e artistas dos anos 60 ou 70 como Neil Young, Johnny Cash ou Bob Dylan mesmo com grandes trabalhos no período não entraram na lista final.

Nirvana
Nirvana Nevermind
Nevermind - Nirvana - 1991 A escolha é mais do que óbvia, mas tem como deixar de fora um dos últimos grandes pontos de referência do rock? A história do trio independente de Seattle que assinou com uma grande gravadora e tomou de assalto as paradas de sucesso é mais do que conhecida. Que o líder Kurt Cobain não conseguiu lidar bem com a situação e terminou se matando estupidamente jovem também não. O que sobra então são os discos, especialmente esse aqui que hoje em dia nem soa tão revolucionário assim. Isso porque desde então muita gente abusou da fórmula. Mas quem viveu naqueles anos sabe qual foi o impacto de ouvir Smells Like Teen Spirit pela primeira vez. O Nirvana foi a primeira banda "do coração" de muita gente que hoje está com seus 30 anos e deu aos mais calejados uma injeção de ânimo.

Pavement
Pavement Slanted and Enchanted
Slanted and Enchanted - Pavement - 1992 - Com o estouro do Nirvana, muitos grupos que só seriam conhecidos por críticos e fãs de rock com conhecimentos enciclopédicos conseguiram se fazer ouvir. Não que o Pavement tenha vendido milhões de discos ou coisa do tipo, mas eles ajudaram a fazer a tal "revolução silenciosa". O grupo ao lado de outros nomes como Sebadoh e Guided By Voices, ficou conhecido pela estética "lo-fi", ao registrar suas canções sem muita preocupação com a fidelidade sonora dando um clima quase que de demo, para suas gravações. Quando saiu esse disco foi muito elogiado pela imprensa e pelos fãs de indie rock. Com o passar dos anos a influência dele só fez aumentar e hoje o grupo goza de enorme prestígio. Essa revalorização fez o Pavement voltar à ativa após mais de dez anos. Eles tocam por aqui em novembro.

Faith No More
Faith No More Angel Dust
Angel Dust - Faith No More - 1992 - Existem discos que na hora já causam impacto, enquanto outros vão conquistando seu espaço lentamente. Com esse disco foi assim Quando o passo mais óbvio seria dar sequência á fórmula que os havia consagrado em "The Real thing" de 1989, o FNM seguiu outro rumo e criou um disco maluco onde canções em andamentos estranhos e faixas beirando o thrash-metal conviviam com músicas instrumentais e uma ou outra coisa que se assemelhava à música pop. "Angel Dust" não vendeou muito, mas se tornou um disco cult, muito ouvido por futuros músicos de sucesso.Boa parte do som pesado feito nos últimos anos (de System of a Down aos grupos de Nu-metal) é derivado direto dele. Por conta disso a revista especilizada em metal Kerrang o elegeu, com certo exagero claro, o álbum mais influente de todos os tempos.

Beck
Beck Odelay
Odelay - Beck 1996 - Se a palavra de ordem dos anos 90 era "ecletismo", ninguém o foi tanto quanto Beck Hansen, especialmente nesse seu segundo disco. Odelay conseguiu a proeza de atirar para todos os lados e ainda assim manter seu foco. Parte dos méritos cabem também aos Dust Brothers, que já haviam produzido "Paul's Boutique" dos Beastie Boys. Aqui eles ajudaram a dar vida às ideias de Beck que fazia de quase tudo: rock, pop, country, hard rock, baladas, hip-hop... A instrumentação também variava indo do acústico ao eletrônico no espaço de uma faixa. "Odelay" tornou o jovem músico no nome do momento. O disco entrou em todas as listas de melhores do ano (e mais tarde da década) e a presença de Beck era tão grande que teve até revista o elegendo como "a pessoa mais importante do mundo".

Jeff Buckley
Jeff Buckley Grace
Grace - Jeff Buckley - 1995 - É uma pena que jamais saberemos até onde o talento de Jeff Buckely chegaria. Quando saiu "Grace" foi elogiado pela imprensa, mas ele era visto mais como um novato talentoso de linhagem nobre (ele era filho de Tim Buckley) do que um artista revolucionário. O público também foi comedido. Nos EUA ele não passou da 149ª posição. "Grace" se fez mesmo entre os músicos - Jimmy Page ex-Led Zepellin e Thom Yorke do Radiohead - e futuras estrelas como Chris Martin do Coldplay.
Durante as gravações do sucessor desse álbum, Buckley mergulhou no Rio Mississipi e não voltou. Sua obra: um punhado de músicas inéditas e gravações ao vivo além desse disco famoso pela definitiva de Hallelujah de Leonard Cohen. Foi o suficiente para ele deixar sua marca.