Yes: "Roundabout"
O mais vilipendiado dos estilos do rock merece um pouco mais de carinho. É claro que muita bobagem foi feita em nome do Progressivo.

Ainda assim, se praticamente não temos músicas do gênero nessa lista não é por falta de qualidade, mas sim pelo fato do estilo ter o álbum, e não o single, como seu principal veículo de expressão.

Apesar de encherem seus discos com poucas e longas faixas, os medalhões do gênero também faziam coisas de mais fácil aceitação.

Assim o Genesis em sua primeira fase tinha "I Know What I Like (In Your Wardrobe)", o Rush "Closer To The Heart" (e várias outras posteriormente), o Jethro Tull "Aqualung" e o Pink Floyd chegou na parada de compactos da Billboard com "Money".

"Roundabout" do Yes também entra nessa lista por funcionar como um curso relâmpago sobre o que é o rock progressivo, com seu instrumental intrincado formado por diversas sessões. A versão editada dela que saiu em single chegou no top 15 americano, mas melhor mesmo é escutá-la em seu formato integral com seus mais de oito minutos.

Jimmy Cliff letras
Jimmy Cliff: "The Harder They Come"
Apesar de todas as conquistas de Bob Marley é sempre bom saber que provavelmente ele não teria chegado onde chegou se não fosse o pioneirismo de Jimmy Cliff.

Jimmy desde os anos 60 já era figura conhecida em vários pontos do planeta (ele se apresentou no Brasil em 1969 no Festival Internacional da Canção) e Bob Dylan disse que "Vietnam" era a melhor canção de protesto que ele já ouvira.

O auge da carreira do jamaicano se deu em 1973 quando estrelou o filme "Balada Sangrenta" ou "The Harder They Come" no original. Mais importante ainda que o filme foi sua canção tema, que se tornaria um dos grandes clássicos do pop. A música foi vertida para o português pelos Titãs em seu disco de estreia com o nome de "Querem Meu Sangue", e regravada posteriormente com a participação do próprio Jimmy no bem sucedido Acústico MTV. A mesma versão fez sucesso com o Cidade Negra.

Elton John
Elton John: "Rocket Man"
Grande mestre da composição, o excêntrico Elton teve seu ápice na primeira metade dos anos 70 quando emplacava músicas e álbuns sem parar nas principais paradas do planeta. Seus discos alternavam rock'n'roll básico, folk rock e sua maior especialidade, baladas derramadas e de grande impacto. "Rocket Man" saiu em 1971 e é um belo exemplo de um artista no auge de sua criatividade.

Big Star letras
Big Star: "The Ballad of El Goodo"
Como o Velvet Underground, o Big Star teve de esperar para colher seus frutos. A banda foi a cria de Alex Chilton e Chris Bell que cansados do som que dominava as rádios e paradas de então, resolveram trazer de volta a música que eles cresceram ouvindo - o rock básico dos anos 50, a invasão britânica de Beatles e Stones, folk, R&B...

Como era de se esperar, o mundo não estava muito a fim dessa volta ao passado em pleno 1972 e a banda acabou deixando um legado ínfimo de apenas três discos que não venderam quase nada (o terceiro só saiu depois do fim do grupo) mas seriam extremamente influente no futuro.

Os anos se passaram e toda uma geração de bandas como o R.E.M, os Replacements e o Teenage Fanclub já na década de 90 descobriram que o som do Big Star que podia tanto ser melancólico/depressivo, quanto hard rock e pra cima, era uma fonte inacabável de prazer. "The Ballad of El Goodo" só não foi um mega hit por conta dessas injustiças inexplicáveis que no final fazem parte da história do pop. Chris Bell, que saiu logo depois do primeiro disco, morreu num acidente automobilístico em 1979. Alex Chilton - que já tinha feito sucesso nos anos 60 como membro dos Box Tops - seguiu solo em uma carreira errática, mas topou remontar a banda que desde 1993 faz shows eventuais e também gravou um novo disco de estúdio de sua lendária banda. Ele morreu em 2010

Stevie Wonder letras
Stevie Wonder: "Higher Ground"
Um dos artistas mais completos já surgidos, Stevie Wonder começou nos anos 60 como "Little Stevie Wonder" - o gênio de 12 anos de idade. Na década seguinte Wonder já estava crescido e havia conseguido além de liberdade total de criação e produção um contrato milionário. Com o uso da melhor tecnologia que havia na época, Stevie gravou discos que vão durar anos e anos.

"Higher Ground", que foi regravada em 1989 pelos Red Hot Chili Peppers, é uma boa porta de entrada para o mundo mágico de Stevie e está no disco "Innervisions". Vale muito a pena, na seqüência, conhecer outros de seus principais discos como "Talking Book" e o ambicioso álbum duplo "Songs in the Key of Life".

Gram Parsons letras
Gram Parsons: "$1000 Wedding"
Nos anos 60 rock era rock e country era country. A ideia de misturar as duas coisas soava absurda, já que um gênero era liberal e o outro conservador. Gram Parsons era um moleque caipirão que gostava dos dois estilos e resolveu provar que a mistura daria certo.

Ele pôde colocar sua tese à prova quando entrou nos Byrds e ajudou a criar "Sweetheart of Rodeo", o primeiro disco da cruza country e rock (e a terceira revolução sonora perpetrada pela banda como tínhamos falado lá atrás). Gram só ficou mesmo por um disco. Poucos meses depois ele abandonaria a banda e ainda levou o baixista Chris Hillman. Juntos eles formaram o Flying Burrito Brothers e seguiram fazendo sua "música americana cósmica"..

Gram ficou amigo de Keith Richards e influenciou os Rolling Stones a criarem músicas como "Dead Flowers" e "Wild Horses". Em carreira solo Parsons só conseguiu gravar dois discos. O segundo, "Grievous Angel", é melhor exemplo de seus talentos. Ao se ouvir a balada "$1000 Wedding" gravada em dueto com uma então desconhecida Emmylou Harris a vontade que se tem é de chorar: de emoção pela beleza da música e de tristeza ou raiva por ele ter partido tão cedo.

De tanto andar com Keith Richards, Parsons achou que também tinha o dom da "imortalidade". Infelizmente ele estava errado, tendo morrido aos 26 anos vítima de uma overdose fatal em 19 de setembro de 1973. Seu trabalho sobrevive até hoje nas canções de Wilco, R.E.M, Elvis Costello e em toda banda de rock americano que adiciona pitadas de country e folk em sua receita.

Queen
Queen: "Bohemian Rhapsody"
Tudo no Queen era exagerado. Nada mais justo então que a canção mais memorável da banda seja também a mais bombástica. "Bohemian Rhapsody" foi a grande obsessão de Freddie Mercury, que segundo o baterista Roger Taylor "a tinha toda mapeada na cabeça" antes mesmo do início das gravações.

Conta-se que de tantos overdubs a fita master quase ficou transparente. Tão importante quanto a música em si, foi o vídeo feito para ela, gravado às pressas porque a banda não poderia estar presente no (popular programa musical inglês) "Top of the Pops".

feito com um custo baixíssimo, o clipe da canção foi a prova definitiva de que os "promos" ou "tapes" (como os clipes costumavam ser chamados) poderiam servir para alavancar as vendas de discos, ao contrário do que se pensava até então.

Bob Marley
Bob Marley: "No Woman No Cry"
Bob Marley foi a primeira mega-estrela surgida em um país terceiro mundista. Marley tornou o reggae da sua Jamaica natal, em um ritmo universal. As apresentações de Marley no Lyceum de Londres em 1975 são um dos momentos chave da história do pop e muitos especialistas os consideram os melhores shows dos anos 70. Se você quer saber se existe um fundo de verdade nisso é só ouvir o disco "Live", ou apenas essa versão definitiva de um de seus maiores sucessos.

"No Woman No Cry" já havia saído no disco "Natty Dread" de 1974, mas ela acabou suplantada pela sua versão ao vivo. A música também tem importância para nós brasileiros.

É só lembrar que foi com a versão de Gilberto Gil (gravada em seu disco "Realce" de 1978 como "Não Chores Mais (No Woman no Cry)") que o grande público daqui travou seu primeiro contato com aquele novo ritmo.

Bruce Springsteen
Bruce Springsteen Bruce Springsteen em 1975
Bruce Springsteen: "Thunder Road"
É uma pena que no Brasil Bruce Springsteen seja constantemente visto como um cantor que escreve hinos ufanistas para os EUA. É bom saber que toda sua fama em seu país deriva do fato dele escrever sobre e para os excluídos do sonho americano e, especialmente, porque ele é um compositor de mão cheia.

A carreira de Bruce deslanchou em 1975, com o disco "Born to Run" que o colocou simultaneamente na capa da Time e da Newsweek. Bruce chegou com seu visual despojado e ia contra a maré ao apostar em um som de impacto, mas acima de tudo básico e tributário direto do rock e soul dos anos 50 e 60.

É por isso que não é exagero dizer que para os americanos Bruce teve a mesma importância do punk para os ingleses, já que foi ele quem mostrou que era a hora do rock voltar a ser contestador e divertido.

"Thunder Road" mesmo sem ser a sua canção mais famosa é considerada por vários fãs a sua melhor música. Nela estão vários temas caros ao cantor: o amor pela estrada, os ídolos esquecidos que tocam no carro e a certeza de que a felicidade pode ser encontrada nas coisas mais simples. A canção exerce um poder e fascínio tão grande que um número considerável de serviços funerários de vítimas do 11 de setembro aconteceram ao som dela.

Sex Pistols letras
Sex Pistols: "Anarchy In The U.K."
Se nos Estados Unidos o punk não vingou comercialmente, na Inglaterra a história foi outra. Milhares de jovens cansados da monarquia, do rock pomposo e de tudo que os circundavam resolveram botar tudo abaixo em um dos períodos mais excitantes do rock.

Ninguém simbolizou melhor essa geração que os Pistols para o bem - o carisma de Johnny Rotten, os grandes riffs do guitarrista Steve Jones, o talento para compor do primeiro baixista Glenn Matlock, e para o mal (o niilismo desenfreado que acabou vitimando o segundo baixista Sid Vicious, com meros 21 anos e a ideia de que era preciso apagar quase toda a história do rock até aquele ponto.

O legado da banda se resume a apenas um disco, o clássico "Nevermind The Bollocks" de 1977 (fora a trilha de "The Great Rock'n'Roll Swindle") mas ele perdura até hoje, basta ouvir Nirvana, Green Day, Oasis, ou basicamente quase todo o melhor rock feito depois de 1977.

Desde então vários grupos tentam emular, cada um a seu modo, os riffs de Steve Jones e a postura de Johnny Rotten e suas letras que misturavam raiva, política e bom humor ("eu sou um anarquista, sou o anticristo, não sei o que quero mas como conseguir, eu quero destruir"). "" é tão emblemática que não será surpresa se um dia ela for usada em salas de aula inglesas para explicar qual o era o estado das coisas no meio dos anos 70.

DivulgaçãoRamones letras
Ramones: "Sheena Is A Punk Rocker"
Mais uma escolha polêmica, afinal, se como se diz, os Ramones só gravaram trezentas variações de uma única música em toda a sua carreira, bastaria então escolhermos uma canção qualquer do grupo aleatoriamente para esta lista e tudo estaria resolvido.

É claro que não é bem assim. Mesmo trabalhando dentro de uma área bem delimitada - um rock super básico, veloz, curto e grosso e quase sem solos - o quarteto de Nova York tem um punhado de bons discos e um número ainda maior de músicas memoráveis em seu currículo.

"Blitzkrieg Bop" de 1976, por ter sido a primeira a ser lançada por eles, tem importância monolítica e "I Wanna Be Sedated" (1978) foi o grande hit que a banda não teve e merecia (apesar de serem nomes comuns por aqui os Ramones nunca venderam bem nos EUA).

Então vamos sair pela tangente e escolher "Sheena Is A Punk Rocker" (1977) que além de ser muito querida não só pelos fãs da banda, foi uma das raras faixas do grupo a chegar no top 100 e sintetiza o estilo do grupo - basicamente uma adaptação para os sombrios anos 70 do som alegre e inocente do início dos 60. É sempre bom lembrar que sem os Ramones muitas bandas e gêneros que surgiram depois não existiriam ou seriam bem diferentes (punk inglês, hardcore dos anos 80, grunge, o neo-punk dos anos 90 e muito mais).

David Bowie letras
David Bowie: "Heroes"
David Bowie, ao lado de Brian Eno, seu parceiro na chamada "trilogia de Berlim" (os discos "Low", "'Heroes'" e "Lodger" lançados entre 1977 e 1979), foi um dos primeiros a sacar a importância do que as bandas alemãs, em particular o Kraftwerk, estavam fazendo.

"'Heroes'", assim como "Low", era repleto de faixas instrumentais e repletas de instrumentos eletrônicos que não escondiam em nada o fascínio que ele tinha pela banda.

Já a faixa título não tinha quase nada de sutil. Essa trazia um arranjo primoroso, uma letra do tipo que sempre vai fazer sentido para um monte de gente em inúmeras situações ("Nós poderemos ser heróis nem que seja por um dia") e a melhor interpretação de toda a sua carreira. Vira e mexe a canção é regravada (o Blondie soltou uma versão ao vivo com a participação do próprio Bowie ainda em 78, Oasis e Wallflowers lançaram as suas covers nos anos 90) mas a verdade é que é difícil chegar perto do impacto do original.

Bee Gees
Bee Gees Os Bee Gees em 1977
Bee Gees: "Stayin' Alive"
Uma das mais peculiares histórias do pop, os irmãos Gibb dos Bee Gees começaram nos anos 60 gravando baladas de sucesso e discos ambiciosos como "Odessa" e "Trafalgar".

Em 1975, em baixa, a banda foi gravar com Arif Mardin, veterano produtor da Atlantic, que lhes sugeriu uma guinada para o R&B.

O conselho deu certo e os hits voltaram, mas nada perto do que viria a seguir. Robert Stigwood, dono da gravadora RSO, pediu para o trio umas quatro ou cinco músicas para um filme "com o John Travolta" que ele estava produzindo.

A história a partir daí é conhecida: o tal filme era "Os Embalos de Sábado à Noite", que espalhou a discoteca pelo planeta e transformou John Travolta e os Bee Gees em ícones da época. A trilha sonora vendeu mais de 30 milhões de cópias graças não só a "Stayin' Alive", (a música de abertura) mas também a "How Deep Is Your Love" e pela presença de hits de outros artistas como "Disco Inferno" dos Trammps.

Elvis Costello letras
Elvis Costello: "Alison"
Elvis Costello talvez seja o melhor compositor a ter surgido no mundo do rock desde 1977. Ele é eclético e versátil o bastante para se aventurar em diversos gêneros com sucesso e conta com uma inteligência nata para escrever desde canções de amor (e desamor) até músicas raivosas ou irônicas.

Em mais de trinta anos de carreira, o cantor lançou vários discos e poucas vezes decepcionou seu público mais do que fiel. A balada "Alison" foi o ponto de partida dessa trajetória vitoriosa e se tornou uma de suas marcas registradas (junto com os óculos e "(What's So Funny 'bout) Peace Love And Understanding", a canção de Nick Lowe que ele tomou para si).

Kraftwerk letras
Kraftwerk: "The Robots"
Os Beatles da eletrônica, ou se duvidar ainda mais, já que nem todo rock tem influência dos Beatles, mas todo o pop eletrônico deve algo aos alemães do Kraftwerk. Assim como no caso dos grupos progressivos, o som deles não funciona tão bem se ouvido em doses homeopáticas, o legal mesmo é pegar alguns álbuns clássicos do grupo e embarcar na viagem.

Se a ideia aqui fosse escolher a faixa mais influente da banda, a escolhida deveria ser "Trans-Europe Express", que serviu de base para "Planet Rock" de Afrika Bambataa, a música que deu início à revolução hip-hop. Entre os hits, "The Model", "Numbers" e a versão editada de "Autobahn" também são candidatas. Mas "The Robots" é mesmo a canção símbolo desses homens-máquinas que realmente estavam muito à frente de seu tempo. A versão original presente em "the Man machine" de 1978 é a mais indicada, mas a revisão presente no álbum "The Mix" de 1991 também é ótima.

Blondie letras
Blondie: "Heart Of Glass"
De toda a leva de bandas e artistas que movimentou a Nova York dos anos 70 (Patti Smith, Talking Heads, Ramones, Television, Suicide) o Blondie foi o mais bem sucedido. As razões para isso são óbvias: eles faziam um som mais acessível às massas e ainda tinham como figura de frente a vocalista Debbie Harry, com sua beleza e carisma incomparáveis.

O grupo atingiu seu auge artístico e comercial com o álbum "Parallel Lines" e mais ainda com o compacto "Heart Of Glass".

Desde 1978 a faixa anima festas e pistas de dança, com sua batida disco (para horror dos punks radicais) e a voz em falsete de Harry. A música é o exemplo claro do quanto um produtor pode transformar uma canção. "Heart Of Glass" a princípio era um reggae sem maiores atrativos que foi moldada pelo produtor Mike Chapman até atingir a forma que a tornou conhecida.

The Clash letras
The Clash: "London Calling"
Se os Sex Pistols eram porra-loucas, o Clash respondia pelo lado articulado do punk. Desde cedo eles souberam escapar da camisa de força dos três acordes e abrir seus horizontes para o reggae, rockabilly, dub e para o rock clássico.

Às vezes podia soar contraditório ver a mesma banda que cantava "Chega de Elvis, Beatles ou Rolling Stones em 1977" demonstrando tamanho apreço pelo passado, mas como a música soava urgente e moderna, só mesmo quem era xiita reclamava.

"London Calling" a faixa, abria "London Calling" o disco, com sua introdução marcial e os vocais de Joe Strummer e Mick Jones em conjunto, entrando com a força de generais liderando suas tropas. A influência do quarteto foi enorme nos anos que vieram. Sempre que você vir uma banda empunhando guitarras e gritando palavras de ordem, saiba que eles devem um bocado a esses ingleses aqui.

DivulgaçãoChic letras
Chic: "Good Times"
Um gênero que quase sempre tratado com certo desprezo é a disco ou discoteca. É certo que muita bobagem foi gravada aproveitando a onda, mas a Disco também abriu portas para o pop das décadas seguintes (o compacto de 12 polegadas e a volta dos produtores mestres na manipulação de recursos de estúdio por exemplo).

O Chic era de fato muito "chique". Os homens vestiam ternos, as garotas vestidos de grife e sua música animava as festas mais badaladas do planeta. Mas a banda do baixista Bernard Edwards e do guitarrista Nile Rodgers ia além dessa frivolidade, por ser extremamente potente. Em sua época eles eram "a banda de discoteca que se podia gostar". Hoje ela é apenas uma das mais influentes formações já surgidas.

Essa influência pôde ser sentida especialmente nos anos 80 quando Nile Rodgers se tornou um dos mais bem sucedidos produtores da década ("Let's Dance" de David Bowie e "Like A Virgin" de Madonna). Eles também criaram algumas das melhores linhas de baixo já ouvidas e invariavelmente elas ressurgiram ora adaptadas (como em "Another One Bites The Dust" do Queen) ou sampleadas mesmo. A faixa também serviu de base para o primeiro rap gravado ("Rapper's Delight" da Sugarhill Gang).

The Police letras
The Police: "Message In A Bottle"
O Police entrou para a história por ter popularizado o termo "reggae de branco", ajudando a tornar o som da Jamaica palatável não só para roqueiros menos abertos mas para o público em geral, mas não só.

O trio liderado por Sting também contrariava a escola punk que dizia que quanto menos se soubesse tocar melhor.

Todos eram excelentes músicos, mas eles entenderam que o segredo estava na simplicidade. Nenhuma faixa da banda sintetiza melhor tudo que eles fizeram que "Message In A Bottle". Dá até pra dizer que sem ela o rock brasileiro dos anos 80 teria sido bem diferente. Que o digam Os Paralamas do Sucesso, Blitz e Léo Jaime.

Pink Floyd
Pink Floyd: "Comfortably Numb"
Quando surgiu em 1967 o Pink Floyd rapidamente se tornou a principal banda da cena psicodélica inglesa. Nessa época o líder da banda era Syd Barrett (falecido em 2006).

O Floyd de Barrett lançou compactos antológicos como "See Emily Play" e "Arnold Layne" além do disco "The Piper at Gates of Dawn" de 1967. Infelizmente as "experiências" de Barrett com alucinógenos não foram das melhores e já em 1968 ele se mostrava impossibilitado de seguir com a banda.

Começava então o reinado de Roger Waters que transformou o grupo em uma das primeiras bandas do nascente rock progressivo. Sob o seu comando, eles conquistaram um público enorme ávido pelas viagens instrumentais do grupo e pelas letras paranoicas e depressivas de Roger. A bela "Comfortably Numb" está em "The Wall" (1979), praticamente um disco solo de Waters. Uma das poucas exceções é essa música, feita em parceria com o guitarrista David Gilmour.

A divisão bem definida entre os dois compositores lembra certos momentos dos Beatles onde se via claramente o que tinha sido feito por cada autor. Infelizmente esses momentos de colaboração foram raros na carreira da banda. Em 1983 eles lançaram "The Final Cut" (outro "solo" de Waters) e se despediu. Sem Roger, os remanescentes se reuniram e nasceu assim o "terceiro" Pink Floyd, que gravou dois discos (e mais um com sobras das sessões retrabalhadas lançado em 2014).

Neil Young
Neil Young: "My My, Hey Hey (Out of the blue)"
Se existe alguém que personifica o rock, esse é Neil Young. Símbolo máximo do artista inquieto que assume os maiores riscos sem se importar com as conseqüências, Neil serve de modelo para quem acha que é possível ter uma carreira longa, instigante e digna.

Grosso modo existem dois "Neils": um que escreve baladas tranquilas temperadas pelo folk e country. Esse gravou faixas como "Heart of Gold", "" e "Helpless". O outro gosta de fazer barulho, de preferência ao lado do Crazy Horse, uma das grandes bandas acompanhantes do rock.

Essa faceta pode ser conferida em discos como "Zuma" (1976) e em canções como "Cinnamon Girl" e "Rockin' In The Free World". "My My, Hey Hey (Out of the blue)" acaba resumindo a questão, já que foi gravada dos dois modos no disco "Rust Never Sleeps" (1979) que tinha um lado elétrico e um acústico.

Mais do que isso, ela é a música símbolo do artista com o famoso verso: "é melhor queimar que evanescer" citado por Kurt Cobain na carta encontrada ao lado de seu corpo. Por causa disso Young (que viu que uma ou outra ferrugem na lataria não condena o carro por inteiro) disse que não iria mais cantar a canção. Felizmente ele mudou de ideia e a tocou em seu único show no Brasil (em 2001 no Rock in Rio 3).

DivulgaçãoJoy Division letras
Joy Division: "Love Will Tear Us Apart"
Em 1979 o punk já dava sinais de desgaste. Foi quando o pós punk então surgiu. Várias bandas abraçaram o gênero (marcado por baixo pulsante, guitarras esparsas e canções intensas mas não necessariamente muito melódicas). O PIL, formado pelo ex-vocalista dos Sex Pistols Johnny Rotten, agora John Lydon, era especializado em experimentar o rock de vanguarda com o reggae e o dub. A Gang of Four misturava punk com funk e muitos outros grupos surgiram expandindo os limites do rock.

Acima de todos esses estava o Joy Division, um quarteto de Manchester que começou punk e em dois discos criou um som bastante original (com a ajuda fundamental do produtor Martin Hannet). Boa parte do que é chamado hoje de "rock dos anos 80" tem as suas origens no som da banda. "Love Will Tear Us Apart", uma das mais dolorosas canções de amor desde sempre, deveria ter sido o trampolim da banda para o sucesso.

Deveria, se o vocalista e letrista Ian Curtis não tivesse se enforcado com apenas 23 anos às vésperas da primeira turnê norte-americana da banda . Tony Wilson, o chefe da gravdora deles, a Factory, contou recentemente que logo depois do ocorrido um ainda jovem Bono lhe disse que estava pronto para assumir a missão de Ian. Os sobreviventes se reorganizaram como New Order numa história que será vista mais adiante.

Motörhead letras
Motörhead: "Ace Of Spades"
Os ventos de mudança do punk acabaram dando força também ao heavy metal. Várias bandas surgidas principalmente no fim dos 70 se tornaram grandes ou influenciaram as futuras gerações de headbangers.

Assim, o Judas Priest - na estrada desde o início da década de 70 - colocava pitadas de punk e new wave em seu som e chegava ao grande público americano e o Iron Maiden vinha com seu som intrincado, para se tornar um dos maiores nomes de toda a história do gênero.

Enquanto isso, o Def Leppard abria as portas (talvez sem querer) para a fusão do heavy metal com a música pop radiofônica. Mas quem acabou dando as diretrizes para o metal do futuro foi o Motörhead, com seu visual sujo e o som rápido, veloz e nem um pouco sutil.

Cria de Lemmy Killmister, o grupo deu as diretrizes sonoras para o lado mais agressivo do gênero, que iriam desembocar no sucesso de massa do Metallica e em inúmeros subgêneros mundo afora.
"Ace Of Spades", o grande momento do trio, é daquelas faixas que te dão vontade de chutar alguma coisa e você nem sabe o porquê. Se isso é bom ou mal nem vamos discutir, mas quantas músicas conseguem fazer alguém se sentir assim?

Talking Heads letras
Talking Heads: "Once In A Lifetime"
Nos anos 80 os Talking Heads eram sinônimo de música instigante, inteligente e inovadora. Nessa época não havia nada mais moderno que o disco "Remain in Light" (1980) e sua canção mais conhecida "Once In A Lifetime".

Misturando rock, pop transcontinental e letras nonsense, mais a produção de Brian Eno eles marcaram época. Nos anos seguintes os Heads atingiram o grande público e mostraram que um show filmado poderia ser uma obra de arte em "" (1984).

A banda se separou no início dos anos 90, época em que o som apontado pelo quarteto praticamente sumiu do rada. Mas ele voltaria no rock do século 21, vide o som de gente como Arcade Fire ou o Vampire Weekend.


Soft Cell letras
Soft Cell: "Tainted Love"
Caso raro de regravação que supera a original, "Tainted Love" foi gravada pela primeira vez em 1964 pela cantora de soul Gloria Jones.

Mas a versão que até hoje é ouvida é a de 1981 gravada pela dupla Soft Cell, que foi o compacto mais vendido de 1981 na Inglaterra e chegou entre as 10 mais dos EUA.

Fruto de uma época bem mais aberta, a dupla se especializou em retratar os ambientes mais sórdidos e doentios das grandes metrópoles, com muito sexo pesado, sujeira e um visual abertamente gay e sadomasoquista. O Soft Cell foi um dos melhores nomes do tecnopop - estilo que uniu a atitude do punk com as novas ideias sonoras propostas por nomes como Giorgio Moroder e Kraftwerk - foi nessa época que os sintetizadores se tornaram portáteis e mais acessíveis.

O estilo se msotrou bem sucedido tanto artística quanto comercialmente e seguiria forte durante o resto da década graças a nomes como Depeche Mode, Human League, Associates e outros que descobriram na eletrônica um jeito novo e criativo de se fazer música. Na segunda metade dos anos 80 o gênero foi perdendo a força, mas grupos como os Pet Shop Boys e o Erasure mantiveram a chama do gênero viva.