MV Bill
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Nóiz Mermo

MV Bill


Titio Bill

Eu já sabia, por isso não me espanto
Quem nasceu pra ser capeta nem com reza vira santo
Sai do canto
Enxugue o pranto
Ouça o acalanto
Pra que se curvar por pouco, se lutou por tanto?
O dilema que nós temos
Todo mundo é igual, mas na hora de morrer favelado vale menos
Fascinados por fascismo
Bem-vindo à era do jumentalismo
Soltam seus soldados em cima dos animais
Nós
Se dizem diferentes e são iguais
Pós-ditadura
Eu não vejo cura
Vida de loucura
Põe na viatura
Para o povo preto jaulas
Se não serve de instrumento é tratado como inimigo
Quem aprendeu a lição hoje 'tá dando aulas
Maldade pura só que não comove
Ninguém se envolve
Só a Tia que chora a morte da filha na sepultura

Alucinado emocionado
Tem
Fantoche respondendo com deboche
Tem
Inteligência embeleza a feiura
Mas beleza não esconde a burrice e a ignorância de ninguém
Ih, ficou sinistro, boçal vira Ministro
Aí o ego incha, só que vira compincha
Coitado do povo que acredita em tudo que escuta
Depois do choro é hora do luto virar luta
Nesse momento que a esperança se encolhe
Sofrendo reflexo daquilo que se escolhe
Ligação direta pagando com a própria vida
Hoje somos barata no governo inseticida

Oitenta tiros no carro e ninguém teve culpa
Família chorando e não teve pedido de desculpa
Atira de cima pra baixo e nem se preocupa
Tirania pelo cargo que ocupa

Política que mata
Lá mata se desmata
Pra família tem mamata
Eleitor levante a pata
Água de terreiro pra quebrar o seu jejum
Quando tem trinta e nove quilos
É porque alguém ficou com um

Pegou uma da pura, botou uma mistura
Um quilo da coca ele fez virar três
O que valia doze já é quarenta e seis
Pegou mais quatro e fez dezesseis
Em uma semana ele já vendeu tudo
Juntou o dinheiro e investiu outra vez
Pagou o derrame, 'tava tendo lucro
Isso tudo antes da metade do mês
Não entendi o espanto de vocês
Essa porra é um jogo, não se faz de bobo
Na era do jumentalismo, poste mija no cachorro
Então não vem falar besteira se tu nem mora no morro
Se não eu vou chamar a Xuxa pra acalmar esses garoto
Nos com a mão inchada, pegando na enxada
Embaixo daquele solzão da Baixada
Enquanto seu filho ganha embaixada
Nem precisei matar essa charada
Era pra acabar com a mamata, não era pra acabar com a mata
Melhor perguntar pro mito porque a meta dele mata

Antes eu queria saber quantas dóla ainda tinha
Hoje eu só quero o preço do dólar
Honrar o lar, Cordão Kenner Marola
Camisa de time balão, cordão pra fora
Hoje a safada me ama
Invejoso engole mais à frente gorfa
Tentar cavar meu erro, cava a própria cova
Capota a cem na curva
Golaço contra de Trivela
Pior que eleitor do Crivela

Teus mano vai te velar
Se tu mexer com alguém da Vila
Porque tipo assim, favela
Primeiro vem família
Só cachorrão matilha
Pô destrava engatilha
Pô aponta e mira
Escreve a letra pica

Na onda do pren do dry
Manos em Dubai, penteou bye bye
Tentar me derrubar, cai
Entende, minha fé, muay thai
Chão quente, por isso a correria
Eu sou o mente
Você é o que mente, boca sem dente

Se é que tu me entende, meu flow não mente
Meu verso, minha arma surpreendente
Meu som estridente, minha voz envolvente
Meus mano influente, elegendo um preto presidente
Falando favelês fluente

Quando bomba explode, quem tá perto é nóiz
É nóiz mermo
Porque só quem fortalece nóiz
É noiz mermo
Pobre vive desatando nós, nóiz mermo
Ninguém vai poder falar por nós, só nóiz mermo

Quem 'tá perto é nóiz mermo
Porque só quem fortalece nóiz
É nóiz mermo
Pobre vive desatando nós, nóiz mermo
Ninguém vai poder falar por nós, só nóiz mermo

Compositores: Alex Pereira Barboza (Mv Bill), Carlos Henrique Benigno (Caique), Roger Amorim de Sousa (Dk), Guilherme de Souza Reis
ECAD: Obra #30354214 Fonograma #29795474

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