Vai! Que já te chama o arrebol
Vai! Pra mergulhar no atol
Vai! Não esqueça o guarda-sol
Vai! Nem iscas para o anzol
Vai! Fazer da areia lençol
Vai! Não pises em caracol
Vai! Que, à tarde, tem futebol
E você precisa das coisas da vida
Pra se alegrar. Pra se alegar!

Vai! Segunda feira já vem
Vai! A Terça e a Quarta também
Vai! Pra correr atrás de trens
Vai! Nos cruzamentos, vai-vem
Vai! De quem do ouro refém
Vai! Vende, compra, casa... amém!
Vai! Constrói, come e bebe além
E você precisa das coisas da vida
Pra se alimentar. Pra se alimentar!

Vai! Fim de semana, outra vez!
Vai! E assim, chega o fim do mês
Vai! Um ano, dois, cinco, seis
Vai! E a mesma desfaçatez
Vai! De quem não ouve os porquês
Vai! Da alma que a sensatez
Vai! Pergunta por que não crês
Nem vês que precisas depois dessa vida
Descanso encontrar? Descanso encontrar?

Ai! Chegou um dia sem sol!
Ai! Sem praia e sem guarda-sol!
Ai! Sem corre-corre e vai-vem
Ai! Sem ouro, casa nem trens
Ai! Sem tempo pra sensatez
Ai! O tempo o sonho desfez
E esse é o Dia que a alma dizia
Lembra-te do Pai! Lembra-te do Pai!
Vaidade, vanglória e o fim da estória
É o abraço da velha dama dona dessa dor
Ai, ai, ai!