Miguel Rabello
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Ciranda do Juízo Final

Miguel Rabello


A morte abre seu turno
Com estilhaços
Traços noturnos
Escuto passos
Vozes, coturnos
Seu vulto escuso
Soprou neblina

Inferno, casas queimando
Parece um quadro
Bosch pintando
Mais um enquadro
Corpos tombando
Seu manto escuro
Ficou por cima

Premonição
Apitã no céu
Usa capuz
Capitã cruel
Era missão de paz
Declaração mordaz
Foto nebulosa na credencial
Foice niquelada, assombração brutal

Faz e desfaz
Velho tribunal
Armas em cruz
Na feição de caveira
Execução celebrada em telejornal
É natural, é sobrenatural

A morte vem já pressinto
Xadrez não joga
Filmes distintos
Seu laser caça
Alvos retintos
Seu bando intruso
Nublou o clima

O corte segue profundo
Ninguém se importa
Sobras do mundo
Parece a horda
Do submundo
Esconjurados
Azar e sina

Composição: Miguel Rabello / Roberto Didio

Letra enviada por null

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