Autocomplacência, tanta indecência
Absurda violência consigo próprio
Nosso sistema é um monumento ao retrogrado
Sofismas, exército industrial de reserva
E de mim o que o mundo espera
Escravizado, acorrentado
Lobotomia é o dia a dia
Eu nasci marcado
E o que o mercado está te impondo?
O que ele te vende?
Me diz o que ele te oferece
Elucida, vê se aqui dentro cresce

Disso tudo o que é prioridade
Viver aprisionado a ilusões
Ou despertar e ver o mundo de verdade?
Enchei terra e sujeitai-a
Quem tá no topo da hierarquia não quer deixá-la
Pode precisar de mais alguém
Forme fila e espere o trabalho que nunca vem

Negro pobre do gueto pode cumprir o seu legado
Que dos quilombos às favelas
Segue-se sempre marginalizado
Cadê futuro, cadê estudo?
Política de reparação, de separação, desagregação
Da revolta para o crime é meio passo
Se entender é impossível ajoelha e reza
Com as mãos pro alto, para o alto