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Os últimos dois anos foram como uma bomba atômica na vida de Matisyahu e sua banda. Desde o lançamento, em 2004, de seu primeiro disco, Shake off the dust...ARISE, passando pelo sucesso estrondoso de Live as Stubb’s nos EUA, no ano passado (e do single "King without a crown"), Matisyahu não pára de ampliar o público a quem mostra sua fusão única de Judaísmo ortodoxo e reggae clássico. São milhões de novos fãs a cada passo. Em seu segundo disco, Youth, ele repensa suas experiências e mostra o quanto aprendeu com elas.
"Youth" é uma mistura fascinante de sons e idéias novos e antigos. A trepidante faixa-título, que grita que “A juventude é o motor do mundo”, veio dos estudos de Matisyahu dos escritos de Chabad Rebbe Menachem Mendel Schneersohn – além de seu próprio passado problemático. “Quando adolescentes revoltam-se é porque há algo errado. Não com eles, mas com o meio-ambiente à sua volta. Nem sempre eles conseguem descobrir o que é, e como resolver o problema. A música é sobre a transição de um adolescente raivoso a um homem ou mulher adultos, quando de fato se pode mudar a si mesmo e ao sistema à nossa volta”, diz ele.
O jovem astro ascendente sabe do que está falando. Nascido na cidade West Chester, no estado da Pensilvânia, e criado em White Plains, Nova York, o garoto antes chamado Matthew Miller passaria por uma monumental odisséia antes de descobrir sua nova identidade – e voz – como Matisyahu (a versão hebraica de Matthew, ou Mateus, nome que ele adotou após converter-se). Através de aventuras no Colorado, em Israel, no Oregon e na cidade de Nova York, ele não só recebeu um chamado espiritual profundo como também descortinou um modo revolucionário de mostrar a todos suas descobertas e reflexões, pelos sons do reggae e do hip-hop que há tempos já eram parte de sua trilha sonora diária.
Em "Youth", Matisyahu expande seu universo musical: em um momento sua voz é doce, no seguinte ela é inflamada e panfletária, ou apenas flui com o ritmo. Da mesma forma, os temas das 13 novas músicas são diversos ("Youth" é uma versão de estúdio para "King without a crown", sucesso do disco ao vivo, que será a primeira música de trabalho). Com seu arranjo cru de violão e voz, a emocionada "What I’m fighting for" lembra a imortal "Redemption song", de Bob Marley, enquanto "Ancient Lullaby" une a batida sincopada do reggae a melodias hassídicas (pertencentes a um movimento judaico ortodoxo do século XVIII, que reagiu aos ensinamentos do Talmud e segue acreditando que Deus está presente em tudo o que nos cerca) simples, sem palavras. Turbinadas por batidas fortes e um baixo pulsante, "Jerusalem" e "Indestructable" são chamados urgentes à pista de dança. A segunda, com sua letra reflexiva, fala da reação de Matisyahu ao sucesso: “Parece que vocês acreditam em mim”, canta ele.
Não me vejo como um homem tão preparado, mas Deus jogou isso tudo no meu colo”, admite ele. “Me sinto quase como se meu pai ou minha mãe tivesse me dado uma grande oportunidade, como se dissessem que confiam em mim de forma absoluta”.
“Nas letras, queria expandir as idéias que abordei no primeiro disco, ir mais fundo naqueles pensamentos, chegar à essência”, diz a respeito do passo adiante. “Musicalmente, queríamos dar a todos na banda a chance de ver que o projeto era deles. Todos compusemos as músicas juntos, cada um trazendo sua idéias”. Essa interação musical aguda e intuitiva (fruto de shows e viagens por meses a fio) somou-se às novas idéias que precisavam aflorar, o que levou Youth adiante.
“Quando gravamos ‘Live at Stubb’s’, estávamos na estrada há um ano e meio, e queríamos muito registrar a energia de nosso show”, lembra ele. Além disso, o disco ao vivo permitiu à banda que se concentrasse, sem pressão, nas composições e gravações que se ouve hoje em Youth. “Depois de tantos shows, mudamos nosso foco, artisticamente, e fomos ao estúdio gravar tudo com o maior capricho, pintar tudo com todas as cores”.
'Youth' foi gravado nos meses do verão americano de 2005, sob a batuta do badalado produtor, baixista e fanático por reggae Bill Laswell. Com um currículo eclético, que reúne artistas como Herbie Hancock, Sly & Robbie, Iggy Pop, Pharaoh Saunders e Bootsy Collins – além do trabalho de remixagem do catálogo clássico da Trojan Records – Laswell provou ser a escolha ideal para um grupo tão diferente. Além dele, os jovens produtores Ill Factor e Jimmy Douglass produziram três faixas, ("Time of your song", "Indestructible" e "Jerusalem"), dando-lhes dimensão e dinâmica próprias.
“Bill trabalha de forma quase zen”, observa Matisyahu. “Ele não faz você repetir as coisas um milhão de vezes, mas sabe perfeitamente se, ao final de cada trecho gravado, ele pode ser usado ou não. Ele deixa o artista seguro, porque sabe muito bem o que está fazendo, mas deixa o espaço da criatividade absolutamente aberto”.
Independentemente da religião, a maioria dos artistas diz que sua força criativa vem de algum tipo de divindade que se manifesta neles. Já Matisyahu apenas tenta ser o mensageiro da paz e da unidade que afloram a partir dele, tentando melhorar o mundo através de sua música sem deixar que o ego ou desejos mundanos interfiram nessa comunicação. “É a minha meta”, diz ele. “Não acho que já tenha chegado lá, mas é o meu caminho”. Com 'Youth', ele dá um passo gigantesco na direção certa.
Fonte: site Sony BMG