Como dizia meu velho Rever uma tapera é voltar ao passado Hoje eu penso o mesmo Que não foi à esmo o velho ditado
Fato que se deu comigo Ao rever um amigo lá da redondeza Quando em ruína avistei A casa que morei chorei de tristeza
A roseira ainda florida Que mamãe em vida contente plantou O velho pé de limão Que de solidão foi murchando e secou
A chaminé e as abelhas E a falta das telhas mostra o abandono A frondosa flamboyan Todas as manhãs ainda chora seu dono
Debaixo da goiabeira A velha carpideira encontrei no chão A coalheira e as correntes Me trouxe na mente o saudoso alazão
O ferro san floriano Que era do mano pra cortar arroz Na hora eu até sorri Mas saudade senti e chorei depois
Num cantinho abaixado Com os olhos molhados fiquei recordando No caminho pra escola Do lado a sacola correndo e brincando
Voltava ao meio-dia Com o Sol que frigia, mas eu não ligava No riozinho dos Ferreira Depois da porteira sem roupa eu nadava
Depois da dura jornada Que era a enxada o resto do dia O Sol quente como brasas Saudade de casa às vezes batia
Mas como todo o roceiro Tem por companheiro Jesus como guia Tudo então se ajeitava E à tarde voltava quando o Sol descia
Revendo a beira da estrada Antiga morada que foi meu abrigo Voltei mesmo ao passado Como foi ditado por meu velho amigo
Hoje ele foi embora Mas suas histórias foram registradas Do papai vou me lembrar Sempre que avistar uma casa abandonada
Compositor: Adelio da Silva (Delio Silva) (ABRAMUS)Publicado em 2012 (04/Jan) e lançado em 2011 (10/Nov)ECAD verificado obra #14342784 e fonograma #2402265 em 11/Abr/2024 com dados da UBEM