Vou encerrar-me em meu canto - vestido de serenata -, Em que cada olho de china Que me vem feito alpargata... Já que não tive potreiras, Perfeitas para o pé torto, Adormecer n'algum rancho E acordar menos morto.
Quem nasceu para ser "perro", "cimarrón", cresce e caminha... Pelo ouriçado de tempo, Com cicatrizes de rinha. Já que o rigor rengueia E ando longe do estrivo, Vou encerrar-me no canto Onde adormeço e ainda vivo.
Quero guitarras luzindo Na escuridão do meu pranto; Em cada pelo de crina, A claridade do canto. Já que não tenho potreiras Pra ensaiar serenatas, Troquei alianças com a lua, Que me aceitou de alpargatas...
Quem nasce pra ser matungo, Basteriado, geme ao tranco... Casco quebrado de pedra, Acostumou-se a ser manco. Já que adormeço - sem rancho, Parido pro desconforto -, Vou encerrar-me cantando E anoitecer menos morto...
Vou encerrar-me cantando E anoitecer...
Compositores: Jorge Roberto Lucardo da Rosa (Roberto Lucardo) (UBC), Lisandro Amaral Briao (Lisandro Amaral) (SOCINPRO)Publicado em 2011 (08/Ago) e lançado em 2011 (05/Set)ECAD verificado obra #10739887 e fonograma #2578772 em 06/Mai/2024 com dados da UBEM