Querida senhora, Mesmo que nós não nos conhecemos eu sei muito sobre você

Eu sei que o seu cabelo brilha como sol da manhã

Você tem olhos que tem o azul do céu

E a profundidade do oceano num dia de sol e um sorriso que tem o brilho de um diamante

Eu sei disso porque eu o ouvi dizer essas coisas sobre você

Esses são os pensamentos e as palavras de um homem

Que passo muitos anos com o coração partido atras das paredes da cadeia

O pai dos seus filhos, o homem que fez o chão que você anda

Ele tinha uma foto da senhora, ela era velha, tremida e suja

Mas logo você poderia dizer, que ele nunca exagerou nos pensamentos e visões

Ele nunca saia da cela, sem antes checar pra ver se a sua foto estava com ele

Ele jovem quando veio pra cadeia pela primeira vez

E ele falava muito de você, mas conforme os anos foram passando ele falava menos e menos

E durante o último ano dele aqui eu acho que ele não falou nada com ninguém

Ele parecia muito mais velho do que ele realmente é

Ele andava com a cabeça abaixada e os ombros caidos

E andar parecia preciisar de muito esforço

Ele nunca recebeu uma carta, ou teve uma visita enquanto ele estava na prisão

Mas ele nunca parou de olhjar e esperar

Toda vez que o carteiro chegava, ele ficava perto das grades

Com um olhor de criança que espera uma recompensa

Mesmo depois que o carteiro passava a cela dele, os seus olhos continuavam seguindo e implorando

Como sempre ele caia e depois fivava lá parado

Olhando o vazio e como sempre eu podia, de algum jeito, sentir o nó em sua garganta

E os olhos dele queimando, sabe, igual a quando você começa a chorar

Bom, eu achei que você gostaria de saber que eles esterraram ele hoje

Do lado de fora das paredes da prisão

Eles o esterraram lá porque ninguém se importou o bastante para pedir o corpo

Sabe, teve alguns velhos condenados que realmente choraram

Não, não porque eles ligavam pra ele, mas pelo que ele morreu

Solidão, todo preso conhece a solidão, mas alguns conhecem mais do que outros

O homem que eles enterraram hoje, morreu muitas vezes

Todo dia ele esperava, desejando e rezando por uma carta, ou um cartão

Ou só um bilhete, ou qualquer coisa, pra que ele soubesse que em algum lugar lá fora

Alguém se importava com ele

Essa afirmação nunca veio e hoje ele morreu, Senhora

Ele morreu por causa da solidão, precisando do amor, um amor que ninguém nunca quis

Olha, nenhum homem, mulher ou criança é imune a necessidade de amar ou ser amado

Não importa quão terrivel o crime que ele cometeu pode ter sido

A morte que ele teve, hoje, foi muito mais desumano

Mas o sofrimento dele acabou agora, e ele está descansando num tumulo indigente numa cadeia

E no bolso dele tem uma velha, tremida e suja foto de..., sim, da senhora