Um país que crianças elimina; E não ouve o clamor dos esquecidos; Onde nunca os humildes são ouvidos; E uma elite sem Deus é que domina; Que permite um estupro em cada esquina; E a certeza da dúvida infeliz; Onde quem tem razão passa a servis; E maltratam o negro e a mulher; Pode ser o país de quem quiser; Mas não é, com certeza, o meu país.
Um país onde as leis são descartáveis; Por ausência de códigos corretos; Com noventa milhões de analfabetos; E multidão maior de miseráveis; Um país onde os homens confiáveis não têm voz, Não têm vez, Nem diretriz; Mas corruptos têm voz, Têm vez, Têm bis, E o respaldo de um estímulo incomum; Pode ser o país de qualquer um; Mas não é, com certeza, o meu país.
Um país que os seus índios discrimina; E a Ciência e a Arte não respeita; Um país que ainda morre de maleita, por atraso geral da Medicina; Um país onde a Escola não ensina; E o Hospital não dispõe de Raios X; Onde o povo da vila só é feliz; Quando tem água de chuva e luz de sol; Pode ser o país do futebol; Mas não é, com certeza, o meu país!
Um país que é doente; Não se cura; Quer ficar sempre no terceiro mundo; Que do poço fatal chegou ao fundo; Sem saber emergir da noite escura; Um país que perdeu a compostura; Atendendo a políticos sutis; Que dividem o Brasil em mil brasis; Para melhor assaltar, de ponta a ponta; Pode ser um país de faz de conta; Mas não é, com certeza, o meu país!
Um país que perdeu a identidade; Sepultou o idioma Português; Aprendeu a falar pornô e Inglês; Aderindo à global vulgaridade; Um país que não tem capacidade; De saber o que pensa e o que diz; E não sabe curar a cicatriz; Desse povo tão bom que vive mal; Pode ser o país do carnaval; Mas não é, com certeza, o meu país!