Jack Animal
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No Olho do Furacão

Jack Animal


Mais uma família dizimada no meio da rua
Ninguém viu, ninguém ouviu nada
Chacina, acerto de contas
Nesta hora o medo toma conta
Sempre a mesma história

O medo cala a boca
O medo tranca a porta
O medo fecha a janela
(bala perdida, alma inocente)
O medo se esconde dentro de um guarda roupa
O medo reza

Chuva forte em terra lisa
Tanto cai até que desliza
Outro barranco vem abaixo
Debaixo dele alguns barracos

Muitas vítimas não serão encontradas
Foram arrastadas vivas
Pela lama da enxurrada

Muitos anjos não serão velados
Foram sepultados enquanto dormiam
Enquanto rezavam

Algumas crianças dormem na esquina
Preferem assim a voltar pra casa
e ver o pai beber até cair
Ou pra não apanhar como a sua mãe
Terem que fugir, mas fugir pra onde?
Pras esquinas (o amor não é violência)
Pras escadarias de uma igreja vazia
Abandonada por um deus descrente no amor

Que culpa têm de terem nascido
neste maldito lugar (aqui não é um doce lar)
Onde a pobreza é crime e o julgamento é na rua
Aqui se morre por doenças
que há muito tempo têm cura

Onde a pobreza é crime e o julgamento é na rua
(quem mais crime comete é quem sempre sai impune)
Aqui se morre por doenças
que há muito tempo têm cura

E a justiça é cega, surda, muda
Mas nunca foi burra, nunca foi burra
(pra quem foi feita esta lei?)

Zyd 0900 190, esta é a sua radio atividade
novo mundo
Um pouco mais imundo do que antes
Vocês vão ouvir agora um choro
Um lamento... um consolo

O medo que não reza por ninguém
Ele vai te consumir

A morte que não perdoa ninguém
Ela vai te perseguir

O tempo que não espera ninguém
Ele está sempre à parte

Amor que não ama ninguém
A não ser o amor que você sente por si

Composição: Johnny

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