Na rotina da noite, companhia dos ratos
um vadio com migalhas no extrato
da vitrine... acompanho de perto lamentável cena
questiono se minhas rugas valeram a pena (não sei)

Disposto a elevar a dor, peço Dolores ao tocador
uma canção que num impulso
faz frágil cidadão cortar seus próprios pulsos
recordo o último beijo, mais seco que o próprio vinho
e os velhos sonhos se espalham pelo balcão

E o baile de fumaça até o teto encardido
de cigarro queimado por amores perdidos
é minha distração

Sem rumo, sem fumo, pudor ou receio
do que pronunciam olhares alheios
deito num banco da praça feito indigente
concluo, minha história não vale se quer uma cerveja quente