Inezita Barroso
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O Menino da Porteira

Inezita Barroso


Toda vez que eu viajava
Pela estrada de Ouro Fino
De longe eu avistava
A figura de um menino

Que corria, abri a porteira
Depois vinha repetindo
Toque o berrante seu moço
Que é pra eu ficar ouvindo

Quando a boiada passava
E a poeira ia rastando
Eu jogava uma moeda
E ele saia pulando

Obrigado boiadeiro
Que Deus vá lhe acompanhando
Pr'aquele sertão afora
Meu berrante ia tocando

Nos caminho dessa vida
Muito espinho eu encontrei
Mas nenhum calô mais fundo
Do que esse que eu passei

Na minha viagem de vorta
Quarquer coisa eu cismei
Vendo a porteira fechada
O menino não avistei

Apeei o meu cavalo
Num ranchinho a beira-chão
Vi uma mulher chorando
Quis saber qual a razão

Boiadeiro veio tarde
Veja a cruz no estradão
Quem matou o meu filhinho
Foi um boi sem coração

Lá das bandas de Ouro Fino
Levando o gado selvagem
Quando passo na porteira
Até vejo sua imagem

O seu rangido tão triste
Mais parece uma mensagem
Daquele rosto trigueiro
Desejando boa viage

A cruzinha do estradão
Do pensamento não sai
Eu já fiz um juramento
Que não me esqueço jamais

Nem que o meu gado estore
Que eu precise ir atrás
Nesse pedaço de chão
Berrante eu não toco mais

Compositores: Luiz Raymundo (Luizinho), Teddy Vieira Azevedo (Teddy Vieira)
ECAD: Obra #1607 Fonograma #250540

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