Esta guitarra Tão sonora, quando vibra É feita da mesma fibra Do braço do guitarreiro As suas cordas Quando pulsam, feito artérias Mesclam o sangue da ibéria Ao do beduíno e brasileiro
Um guitarreiro Talvez, por ser diferente Inspira aves e gentes A cantarem seus anseios E até o grilo Cantador das madrugadas Se põe a fazer pajadas Quando escuta um bordoneio
Foi sempre assim Na paz, ou nos entreveros Se hay guitarra, hay guitarreiro Duas almas, uma essência Dedos e cordas Num tropel, rompendo amarras Se hay guitarreiro, hay guitarra A cantar cada querência
E se a guitarra Ressongar mal afinada Não são cordas desgastadas E nem por falta do bordão É porque a alma Daquele que a executa Enfrenta ferrenha luta Que lhe rouba a inspiração
Xucro missal De homem e instrumento A nos mostrar que talento Não tem pátria, nem idioma Quando irmanadas Se juntam estas vertentes E se aclara em nossa frente A grandeza desta soma