Direto do Nada
Eu falo o que faço, ponho a vida no traço bruto,
Revejo meus passos, o mercado quer produto astuto,
Fruto do caixo, não é como facho ouvindo promessa
Cansei de perder saliva com mente que não processa
Vejo o que eu digo, penso, prossigo,
Falo, não brigo, dispenso ilusão, ficção nunca foi comigo
Nem que todos se vendam, que a voz do morro morra,
Trampo em verso esperto pra tentar mudar essa porra,
É pra tentar mudar essa zorra, socorra que é o momento,
Tirar as criança da rua enquanto ainda há tempo
Mas, malandro vai rápido porque
Eu posso te afirmar que o relógio nunca lembra de você
Nunca lembra que se vive agora,
Acha justo 2 braço, 2 perna e uma cabeça pra 24h
Astúcia Crew e Haikaiss aniquila os que gora,
Não ajuda, sai da cena e me aplaude lá de fora,
Não testo a caminhada de um irmão pelo meu ego,
Protesto nos compassos e agressivo eu não sossego,
Sem sucesso meu emprego é progresso lírico,
Com o espírito em descarrego
Eu descarrego, falo mesmo, vem, mas já vem sabendo
Que meu corpo tá fechado e na trocação tá tendo
De mocra não tá tendo a fita é outra tio, vai vendo
Só de onde eu venho, viver é mó veneno
E meu psico é de quebrar os apati que quer lezar,
Facilitam onde habitam, os bico nem vou colar,
Pois não sou de falsidade eu não sou daqueles lá,
De urubu com tico tico que só pensa no fubá
Quantos foram na intenção, quem ramela na missão,
Quem faz nada é os político, quem fode é o cidadão,
Entulho, poluição, barulho, ostentação, orgulho, alienação,
E o mundo só quer cifrão
Vistam suas capas pra fugir das farpas
Onde eles se escondem
Seus lábios que zombem enquanto afiam facas,
E pulem suas etapas, mãos preparam mapas,
Tapas me atingem de onde? Firmo olho na fonte
Pois neblinas já sugaram placas
Pararam pontes, antigo entusiasmo de cabeças fartas
Colecionando mágoas; sou vagabundo dos versos
Que vale o mundo, me chame de mudo
Eu sigo ignorando as cartas
Maluco, direto do nada, garrafa vazia, poesia vaga
Mas de cortesia veio o que se amarga
Passado momento, relembro o tormento
E já me fortaleço com o tempo que me deixa ileso
E que deixa você já não entendendo nada,
Rindo da própria piada
Enquanto a gaveta do quarto segue bagunçada,
Vida complicada, sobrecarregada, direto do nada
Tudo que exponho é um desabafo pra suprir
O que perdi quando ganhei é o que ganhei quando perdi
Progresso pros irmão que o corre é louco e complicado,
Então chega com respeito se quiser ser respeitado,
É tipo causa e efeito, ação e reação,
Caráter faz um homem, barba na cara não,
Tem uns loco que não entendem a essência da parada,
Que malandragem e trabalhar e não morar em quebrada,
Eu vou, de baixo, só filmando o topo da pirâmide,
Com a sede de vitória e o apetite de Mohammed,
E o patrocinador, tiozão, é nóis memo,
Trampando, correndo, fazendo beat, escrevendo,
Vivão e vivendo, sabendo que não pode dar milho,
Se o Mic é minha arma eu não hesito em puxar o gatilho
Eu não sei fazer rap pra descer até o chão,
Daqueles lá que a rima mesmo é só decoração,
Prefiro ideologia, invés de coreografia,
Cê quer rabo balançando? Então cola no Axé Bahia
Porque aqui é outras fita, se você tá pensando
Que nóis vai fraquejar, tiozão, cê ta moscando
Eu só tô começando, preparando terreno,
Limite só existe pra quem pensa pequeno
Se prepara: agora é a Hora do Pesadelo,
Fazendo até Freddy Krueger arrepiar os cabelo,
Uns quer ser milionário pra comer várias modelo,
Eu só quero me orgulhar sempre que me olhar no espelho
Quantos foram na intenção, quem ramela na missão,
Quem faz nada é os político, quem fode é o cidadão,
Entulho, poluição, barulho, ostentação, orgulho, alienação,
E o mundo só quer cifrão
Tudo é nada, não há nada que apague o que
Minha estrada dourada nunca vai ter fim
Direto do nada, um trago no raka seco,
Me questionando quanto tempo eu tenho
Ou quanto tempo eu perco
No momento do desmaio, o escuro consome os olhos
Pra tudo ficar mais claro, nuvem preta
Esperando o desespero de alguém que anda tranquilo
No meio de nós e nem podemos vê-lo,
Por falar na Dona Morte, ela tem seus próprios critérios,
Pra começarmos do 0 estamos voltando de onde viemos
O que é vida após a fé move montanhas,
Igreja pra todos os cantos, bombardeando as campanhas,
"Reino do céu não é comércio" Já me dizia o bom padre,
Que ontem foi pego no jornal suspeito
De atitudes estranhas,
Momento de fama? Nada; Alguma certeza? Nada,
O que guardei pro momento do nada? Nada
Os anjos também estão em extinção, criados do Nada
Onde na cidade Nada lembra Lixo e Lixo lembra Chão.
Compositores: Victor Correia Alves de Oliveira, Pedro Henrique Venturelli Antunes da Silva (Pedro Qualy), Rafael Fernandes Spinardi (Spinardi)
ECAD: Obra #19065843