ÊÊ A história nos engana Diz tudo pelo contrário Vai dizer que a abolição Se passou no 13 de maio A prova dessa mentira é que Da miséria eu não saio Dia 20 de novembro, momento pra se lembrar Não vejo no 13 de maio Colega velho, nada pra comemorar
Abre a roda eu vou na fé Pra no berimbau gingar Palma da mão, sola do pé E o atabaque pra firmar Se vira do jeito que der Guerreia pra se libertar Canta em gíria na dichava Os mané não conseguem acompanhar Sou eu, sou eu, sou eu! Girando no terreiro Nobre escravo africano, europeu plebeu Índio brasileiro Sou eu, sou eu, sou eu! A mistura que nos persiste Raiz da cultura é o que consiste Só perdura quem insiste
Sou eu, sou capoeira Nó na madeira que não vão derrubar Berimba bom de envergar Brava gente brasileira Raça guerreira que adora sambar Salve meu pai Oxalá (x2)
Das senzalas nordestinas Às batucadas das esquinas Rebeldia que exala e contamina Coco de embolada, Maracatu, Tambor de mina É sina natural Melanina nacional Malemolência funcional Tudo bem, nem todo mundo tem Quem não tem se dá mal Tchau Foi mal É que tô passando batido Pois a muito tô desprotegido E se a lei é feita pelo bandido Nenhuma punição teria valido Mas valeu pra quem tá ligado Pela vida cascorado Subida, descida, aprendizado O bote na batida tá preparado Porque um bom capoeira não se deixa vencer Se engole a poeira assopra de volta quando se levantar O chão é a base da manobra pra ele se reerguer No chão se fortalecer, comer daquilo que ele plantar
Sou eu, sou capoeira Nó na madeira que não vão derrubar Berimba bom de envergar Brava gente brasileira Raça guerreira que adora sambar Salve meu pai Oxalá (x2)
Ai ê Grava teu nome na história Glória de quem nunca se entregou
Mandinga vem de Angola Faísca do Maculelê Malandro não se cria na escola Aqui fora o jogo é a valer Navalhada, peixeira e pistola Madame Satã passa na Tv O ser humano é como uma mola Só que a hora que não tem onde encolher Escolher a honra e a fé Pra não morrer de joelhos e viver de pé Saber bem o que quer, Saber bem o que quer Pra não morrer de joelhos e viver de pé Escolher a honra e a fé Lá de Palmares tambor ecoou Axé, Axé, Axé, Axé, Axé (x4)
Sou capoeira, rapá Nó na madeira, rapá Barimba boa, berimba que é boa de envergar (x4)
Zumbi é nosso herói Zumbi é nosso herói Colega velho, em Palmares foi senhor Pela causa do homem negro Foi ele quem mais lutou Apesar de toda luta Camaradinha nêgo não se libertou
É hora, é hora Iêê... é hora, é hora Camará lêlêlê vamos embora Iêê... vamos embora Camará lêlêlê vamos embora Iêê... vamos embora Camará!
Composição: Marcelo Moraes, Gabriel Tauk, Guido Martini