Gonzaguinha
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O Filho da Própria

Gonzaguinha

Caminhos do Coração


Nunca serei exatamente aquilo que desejas
Pois, estarei mais além que aquém
Do momento em que vejas
Como num jogo de espelhos
Só terás a múltipla imagem
E a tua pedra será bobagem
Um arremedo da minha coragem

Subo as escadas do sucesso
Como sobe um atleta
E tu me vês super-homem
Alcançado a tua meta
Mas quando pensas que entrei
Já serei suicida
Este teu céu é limite
E eu prefiro o calor do meu inverno

Lembra do tempo em que era
Liberdade, liberdade
Nos corredores escuros
Os donos da vida e da morte
Era de heróis, era de fortes
Era de bravos guerreiros
Era a justiça de um povo
Nas mãos de bel companheiros

Hoje chevrar a memória
Limpar todo o sangue com detergente
A tal da felicidade
Nas bancas do artigo do dia
Tapa, rasteira, rasga-retrato
Dedo no olho, porrada
Desculpe-me, mas disto eu tenho verdadeira alegria

Eu sou aquele amadodiado
Que se beija pedreja
Brigue, fustigue, castigue
A couraça do moleque
Nunca confie ni mim
Pois certo me desconfio
E nunca estarei no ponto exato
E tu dirás – ah moleque eu te mato
E gritarás – ah moleque eu te pego
E eu estarei nas estradas
Nalegria da luta
Pois um , moleque é sempre
Um ótimo filho da própria
Massa, graça, força, emoção
Sangue nas veias gritando
Festa trabalho
Atrevido moleque
Coração
Festa trabalho.
Compositor: Luiz Gonzaga do Nascimento Junior (Gonzaguinha) (UBC)Editor: Editora Moleque (UBC)Publicado em 1982 (01/Abr)ECAD verificado obra #95706 e fonograma #1217 em 03/Abr/2024 com dados da UBEM

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