Eu dou motivo pra me chamar de caipira Mas continuo lhe tratando de senhor Eu não me zango, pois não disse uma mentira Pelo contrario isso ate me da valor Sua infância foi lições de faculdade Na realidade hoje é grande doutor Não tive estudos minha escola foi trabalho Desbravando meu sertão no interior
Foi importante eu ter feito essa viagem Pois conheci essa frondosa capital Estou surpreso vendo tanta aparelhagem Para o senhor tudo isso é normal Sou o paciente que o destino lhe oferece Não me conhece como um profissional Lá onde eu moro o senhor se sentiria Como eu me sinto aqui nesse hospital
Lá eu domino aquele incêndio alastrado Que sempre um raio deixa fogo no espigão Se der um golpe em um jatobá airado Eu sei o lado que a arvore cai no chão Sou especialista em mata-burros e porteiras Sei a madeira que se usa pro mourão Vamos comigo ver meu mundo ao céu aberto Onde o trabalho também é uma operação
Todas as vezes que me chamam de caipira É um carinho que eu recebo de alguém É uma prova que a pessoa me admira E nem calcula o prazer que agente tem Doutor agora nos já somos bons amigos Vamos comigo conhecer o meu além Para dizer que sou caipira na cidade Mas lá no mato eu sou um doutor também