Eu sou caipira do mato Sou um caboclo nato e não nego a raiz Tenho a pele queimada Essência entranhada da flor no nariz
Chapéu de palha e botina Luta matutina que me faz feliz Não sou homem de gravata Meu rancho de taipa eu mesmo é quem fiz
O galo canta e eu levanto Sempre me encanto com a cerração Também contemplo as rolinhas Que pousam e caminham lá no mangueirão
Os canarinhos cantando E o sanhaço bicando a polpa do mamão Jogo milho pras galinhas Eu só sugo as gotinhas de orvalho no chão
Sinto uma satisfação Quando a criação termino de tratar Volto pro rancho e a mulher Me serve um café com bolo de fubá
Faço um cigarro de palha E vou à batalha, outro dia enfrentar Passo e levo da mina Pura e cristalina água pra tomar
Bem lá no alto da serra No ventre da terra semeio a semente Rego com muito suor Com fé e amor eu espero paciente
E o centeio do pão Nasce vindo o botão pra dar fruto pra gente E a tarde eu volto à palhoça Quando o sol na roça se vai no poente
Me banho no ribeirão Depois tomo um pingão na hora do jantar Sento no banco lá fora E ali fico horas a admirar
O céu com suas centelhas Vendo as estrelas mudar de lugar Vendo da lua o seu lume Igual os vagalumes no escuro a brilhar
Este meu reino encantado É abençoado por Nosso Senhor Graças à mãe natureza Fartura na mesa tem o lavrador
Eu sou um caboclo rude Mas tenho saúde, a paz e o amor Se existe a felicidade Nasceu, na verdade, no interior Se existe a felicidade Nasceu, na verdade, no interior
(Pedro Paulo Mariano - Santa Maria da Serra-SP)
Compositores: Edilson Miranda Faria (Joao Miranda), Valdemiro Neres Ferreira (Goiano), Antonio Pereira Santana (Sam) ECAD: Obra #1037538 Fonograma #1853658