Francisco José

Foi Deus

Francisco José


Não sei, não sabe ninguém
Porque canto o fado,
Neste tom magoado
De dor e de pranto...
De dor e de pranto.

Não sei, não sabe ninguém
Porque canto o fado,
Neste tom magoado,
De dor e de pranto.

E neste tormento, todo sofrimento
Que sinto na alma,
Cá dentro se acalma,
Nos versos que canto.

Foi Deus, que deu luz aos olhos
Perfumou a rosa,
Deu oiro ao Sol
E prata ao Luar.

Foi Deus, que me pôs no peito
Um rosário de penas
Que vou desfiando
E choro a cantar.

Pôs as estrelas no céu,
Fez o espaço sem fim,
Deu o luto às andorinhas
Ahhh ...
E deu-me esta voz a mim.

Se canto, não sei o que canto
Misto de ventura, saudade,
Ternura ou talvez amor.

Só sei que cantando,
Sinto o mesmo quando,
Se tenho um desgosto
E o pranto no rosto, nos deixa melhor.

Foi Deus, que deu voz ao vento,
Luz ao firmamento,
E pôs o azul, nas ondas do mar.

Foi Deus, que me pôs no peito,
Um rosário de penas,
Que vou desfiando
E choro a cantar.

Fez poeta o rouxinol,
Pôs no campo o alecrim,
Deu as flores à primavera ...
Ahhh ...
E deu-me esta voz a mim!

Composição: Alberto Jones

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