Ó minha mãe, minha mãe Ó minha mãe, minha amada Quem tem uma mãe, tem tudo Quem não tem mãe - não tem nada!
O ardinita, o João Levantou-se muito ledo Porque tinha que estar cedo À porta da redacção Trincou um naco de pão Que lhe soube muito bem Antes de partir, porém Beija a mãe adormecida Dizendo: Cá vou à vida Ó minha mãe, minha mãe!
A mãe, com todo o carinho Deitou-lhe a bênção, beijou-o E, depois, aconselhou-o «Sempre muito juizinho Toma conta do caminho Não fumes, não jogues nada «Pode ficar descansada! Disse ele, para a iludir E tornou-se a despedir Ó minha mãe, minha amada!
Cruzou toda a Madragoa Satisfeito a assobiar Uma marcha popular Do São João em Lisboa Nisto pensou: «É tão, boa A minha mãe! ... E contudo Como a engano, a iludo E lhe minto, coitadinha! «Gramo» tanto essa velhinha! Quem tem uma mãe, tem tudo!
Neste calão repelente Da gíria da malandragem Existe um quê de homenagem Nessa boquita inocente Marcha para o jornal, contente Sempre de alma levantada E, como o calão lhe agrada Repete: - «Como eu a «gramo»! Tanto lhe quero, tanto a amo Quem não tem mãe, não tem nada!
Composição: Linhares Barbosa e Popular (Fado Corrido)