Falamansa
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Principiando/decolagem

Falamansa

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Era rico, tinha tudo que desejava
Morava na Terra
Lugar de muita beleza
Enfrentar fila por nada eu não precisava
Mas em meu coração sempre havia uma tristeza.

Havia algo que ter eu não podia
Tão distante que só um louco desejaria
E, como por ironia
Urdida pelo destino,
Me veio uma ideia repentina

Ah, minha estrela matutina
Logo estarei ao teu lado
Para cair em teu agrado
E dispor deste teu calor iluminado

Juntei minha riqueza
Minhas propriedades eu leiloei
Cientistas de todo o mundo eu contratei
Para um projeto de inigualável destreza

Para o céu vou eu
Atrás da minha estrela maravilhosa
Após anos, enfim fica pronta
Como advento maior da tecnologia ela desponta
Por trás da lona, minha obra colossal
Surge, então, uma grande Nave espacial

Tratei de por lá dentro
Tudo que era preciso
Água, livro, mantimento
E, por medo da morte
Pus o Vem-Vem
Pássaro que trás sorte

Foto de minha mãe, meu pai e meus irmãos
Colei logo no painel
Para continuar olhando-os
Mesmo indo para o céu

Na despedida quem me quer bem, chora
Não entende o “porque” da partida
Disse que era necessária a minha ida
Mas prometi voltar sem demora

Chega o tão esperado dia de voar
Vou pondo a roupa depressa para não atrasar
Cálculos feitos,
Rota traçada,
Tudo pronto para alcançar minha estrela amada

Ao lançamento dar-se início
Em uma noite estrelada
Não havendo momento mais propício
E agora minha sorte está lançada
Para o frio do vácuo vou eu
Mesmo temendo o breu
Atrás da minha estrela amada

Entro na Estratosfera
Rasgando todas as “feras”
Por fim saio da Exosfera
Para o infinito universo
Enfim consigo ver uma cinza esfera
Com um olhar disperso

Algo acontece
Há uma pane no motor
O foguete todo se estremece
Daí começa o meu terror

Ele simplesmente dá uma guinada
E a estrela de minha rota é tirada
Tenho a lua como alvo
Minha sina então é traçada
Estou na lua, sem poder ser salvo.

Sem rádio ou TV
Meu lazer é apenas ler
Por sorte trouxe livros à vontade
Para ajudar a matar a saudade
Que eu sinto em meu viver

Outra alegria minha
É olhar o duelo do céu
O manto estelar
Contra o véu
Do brilho solar

Olho para a Terra e de lá não sinto tanta falta
Apesar das coisas boas
O ser humano comete erros que ao coração maltrata
O Vem-Vem canta
Qualquer mal ele tenta espantar
Na verdade não há tristeza em meu lar
Mas também não pude meu sonho realizar
E hoje vivo a penar
Por incompleto estar

Mas, de minha cabine fico estarrecido
Vejo que, de fato não fui iludido
A minha estrela ainda brilha
Mais bela do que nunca
Juras de amor me faz
Diz para eu não desistir jamais
Diz ser seu brilho apenas meu
Por ela então meu amor cresceu

Ela me ilumina com seus raios de amparo
O que me anima a começar o reparo
Aperto daqui, colo de lá
Esperança não vai faltar

O Vem-Vem de Acauã não vai mais se fazer
Agouro não vai mais trazer.
Agora, mais perto estou
De alçar meu voo

Tenha calma minha estrela amada
Já já estou pegando a estrada
Para ao teu lado ficar
Nunca mais irei te deixar

Em minha mente permanece
Bela e eterna a tua imagem
Teu brilho nela resplandece.
Sou um astronauta principiando decolagem...
Compositores: Agripino Rodrigues Aroeira (UBC), Rosilda de Souza Santos Freitas (Rosilda Santos) (ABRAMUS)Editor: Peermusic do Brasil (UBC)Publicado em 2000 (16/Fev)ECAD verificado obra #1712 e fonograma #47718 em 14/Abr/2024 com dados da UBEM

Letra enviada por Pauliny

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