Ispera seu moço Dêxa eu ispilicá Num bate lhe peço Iantes deu lhe falá Meu êrro confesso Mais essas pancada me dói Num bate lhe peço Tô errado eu sei Se agora fragado Faltoso cum a lei Num tempo passado Podes crê, meu Siô Já fui bem criado Lá na Vage dos Mêra Na luita do trabai Na prufissão primêra Labuta de pastô Donde passei a infância intêra Guardan'as cabra de meu pai E zelan'o gado de meu avô
Cheguemo a essas banda Mode as circunstança Paciença meu patrão Dua tal dinplemença Qui num dô difinição Mode essa fiquemo Sem nosso lugá E à mingua viêmo Sem nada pra cá Caçan' um futuro Dua vida mió Pra mode lhe juro Nois pudê istudá Eu pra sê dotô Mia irirmã sê prefessôra Mais foi perdêdera Crêa in mias voiz Esse é o fim da histora Apois a sorte essa ramêra Madrasta cruel e algois Cuma ancê de palmatora Feito u'a fera Deu purriba de nóis!
Já chega meu Siô De tanta ispancação Assim ancê me alembra Disculpa a cumparação Ua onça ligêra Malvada e piquena Qui hay no sertão Lá na Vage dos Mêra Que in certas minhã Quan' a noite serena Ataca as marrã E os burrego aspena Pru sede de saingue E de judiação Dispois da prevessa Bebê o qui pode Baldona sem pressa Lamben' os bigode E sem dá satisfação Toda u'a nação de bode Caída vencida Sem sangue sem vida Sem nada no chão! Num ve q meu corpo É franzin'e eu não aguento Tanto ispancamento Seu minin' essa dô Nos peito dói tanto E a cabeça tomem No intanto num intendo E num intende ninguém Prú quê (eu le peço Siô tem piedade) Ficô tão prevesso Os irirmão da cidade Verdade divera Chega de castigo Pois dessa manêra Já mais num consigo Mia vida priciosa Já corre pirigo É qui daqui a pôco Garanto qui ancê Num vai tê mais nada De mim pra batê
Cabeça mais dura Qui bôca de sino Assunta um instante Inda só um minino Pobre e ritirante De corpo franzino Qui sangra e qui dói Sô um nordestino Mia mãe é um hino Meu pai um herói Teu nome é violença Já intendo, já sei Qui tua veança Vem dos tempo do Rei Vestida com o manto De noiva da Lei Tu mata o Santo A mando do Rei Tu faiz a vingança Em nome da Lei Tu mata a criança A mando do Rei Da virge formosa De fulô no sei Tu ismaga as rosa Com os ferro da Lei De açoite e chibata Em nome da Lei Agora me mata Já lhe perdoei É ua regra de ôro Êsse é meu tisôro Que derna deu minino Nos peito guardei Feito um trancilin Do ôro mais fino De prata um minino Um fio nasci! Num guenta mais nada Meu corpo lascado De tanta pancada De tanto apanhá Num resta u'a esperança Nem qui fugidia No fim do meu dia Nem um sonho a imbalá U'a porta u'a promessa U'a vereda cumprida Um fanal u'a tocha A luz de u'a istrêla U'a cancela u'a saída Um refúgio u'a rocha Um fiapo de vida Já num sô mais nada Nem tô mais aqui!
Num vejo mais nada Nessa escuridão De sangue qui lava O meu coração Nessa madrugada Num tô mas aqui Meu anjo me leva Siguro na mão Meu anjo me leva Prus meus Ariri
Vêjo todas coisa Nua prucissão Nua estrada qui aperta O meu coração Qui é prosionêro De tudo qui foi Oh cancela aberta Num ranja mim dói De tudo qui alembra De tudo qui foi Ó lá o juazêro Qui tem preisionêro Drumino na sombra O carro-de-boi Lagoa sangrada dos meu Ariri Nessa madrugada num tô mais aqui Tó mais Dejanira na lua minguada Brincano nas coroa de area do ri Já num sô mais nada nem lá nem aqui Numa trupelada as coisa mim vem São coisas sagrada derradêro bem Já vejo a casinha, o chiquêro, a criação Fulô na Lapinha de vovô Damião A serra, os oi d'agua, a vazante da Junça O gado pastano, o graúdo, a miunça Oh morte mim dispensa Meu pai no terrêro, maguada lembrança E no canto daquela sala na jinela Do canto da sala Calada e donzela Mia mãe Tão moça e tão bela E eu Qui nunca mais vi ela Morrê feit'um cadelo assim Oh Deus Meu grande Elohim Receba a alma Que deste a mim