Ladrão
Eu vou roubar o patrimônio do seu pai
Dar fuga no Chevette e distribuir na favela
Não vão mais empurrar sujeira pra debaixo do tapete
E nem pra debaixo da minha goela, eu sou ladrão!
Os cara faz rap pra boy
Eu tomo dos boy no ingresso o que era do meu povo
Todo ouro e toda prata, passa pra cá
O mais responsável dos mais novo, fé
Correndo essa maratona, e conforme for
Uso a mão santa, Maradona
Sou lampião desse cangaço
Seja minha Maria Bonita, bela dona
Evitando me envolver com fãs
De onde se tira o pão não se come a carne
Falar em carne, faço a preta ser a mais cara do mercado
Vou resolver no cerne
Me diz a fórmula pro tal sucesso
Já que talento não garante view
Ao menos seja verdadeiro
O mais perto que cês chegaram do morro é no palco favela do Rock In Rio
Já que o diabo veste Prada
Eu vou trampar pra vestir Deus de Dolce Gabbana
Eu só não quero ser menor que eles
Não é pela grana que eu tô me gabando, yeah, hey!
Tiro onda, porque mudo paradigmas
Meu melhor verso só serve se mudar vidas
Pois construí um castelo vindo dos destroços
Resumindo: Eu tiro onda porque eu posso
Pronto pra roubar o patrimônio do cuzão
Que só se multiplica e ele não sabe dividir
Se me vê no rolê, vem com crítica vazia
Mano, ao invés de crescer, tenta me diminuir!
Um salve pros fiel que acreditou, uô
Eu sou ladrão, e pros perreco é poucas
Um salve pra quem não desacreditou, uô
Só guerreiro de fé, vida loka
Um salve pros fiel que acreditou, uô
Eu sou ladrão, e pros perreco é poucas
Um salve pra quem não desacreditou, uô
Só guerreiro de fé, vida loka
Roubei dos playba o destaque na cena
Num é à toa que até os cara hoje é meu fã
E as mina clara, privilegiada
Pra roubar o lugar da minha quer tirar o sutiã
Eu que só queria uma bicicleta, mano
Hoje posso comprar à vista o carro do ano
Dei voadora na cultura branca, corda no pescoço
Eles passam e eu rasgo o pano
Não sou querido entre a nata de apropriadores culturais, ó que onda!
É que pra cada discurso que eles fazem é uma vida salva pelo Djonga
Se eu me tornei herói, imagine o que foi pra mim, frustração
Máquina, máquina de fazer rap bom
Aquelas rima que você queria ter escrito
Mas, na real, sou valente pra caralho
E digo coisas que você nunca teria coragem de ter dito
Eu tô atento, é que o rap é igual crime
Sempre que um vai, outro vem
Eu tô atento, é que o rap é igual o crime
Nunca se esqueça que o vento que venta aqui
Também venta lá, também venta lá
Eles chamaram pra guerra
Mas não tinha pra trocar, fala aí
Você piscou eu já tô no terceiro
Tem gente que nem entendeu o primeiro inteiro
Arte é pra incomodar, causar indigestão
Antes de tu engolir, te trago um prato cheio
Cagando potes pra classe média culpada
Que agora quer colar com nóis
Tem que ter muito sangue frio, e eu não tenho
Pra apertar a mão do seu próprio algoz
Mano, cê guenta a pressão?
Cê guenta a perseguição?
Cê guenta o risco real de diante do conflito tomar posição?
Nadando num mar de ameaças
Quem diz que vai te defender se mostra indefeso
Fala aí se eu não sou cara forte
Ultrapassei essas barreira ileso, porra!
Vai pensando, os fiel da sua área falando espanhol
Não só com a peita da Espanha
As irmã de cabelo sarará criolo sem ser considerada estranha
Por muito mais que comprar os carro, comprar pessoas, luxúria e maconha
Quando seu filho te olhar no olho, o que ele vai sentir, orgulho ou vergonha?
Um salve pros fiel que acreditou, uô
Eu sou ladrão, e pros perreco é poucas
Um salve pra quem não desacreditou, uô
Só guerreiro de fé, vida loka
Um salve pros fiel que acreditou, uô
Eu sou ladrão, e pros perreco é poucas
Um salve pra quem não desacreditou, uô
Só guerreiro de fé, vida loka
[Mc Hudson 22]
Só bandido de atitude, só guerreiro, Robin Hood
Não vai fazer disparos e nem fazer refém
Só querem o conteúdo, irmão, que aí dentro tem
Compositores: Paulo Alexandre Almeida Santos (Coyote Beatz), Gustavo Pereira Marques (Djonga)
ECAD: Obra #38951520 Fonograma #28467496